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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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aparecia era mais como um hóspe<strong>de</strong>, prevalecendo, no comércio local,<br />

para todos os efeitos, o peso papel argentino. 302<br />

A falta <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong> comércio com dinheiro brasileiro faziam do peso<br />

argentino a única moeda na região. Isso leva a crer que a moeda vigente dos militares<br />

era a erva mate e a ma<strong>de</strong>ira, as quais eram trocadas pelo dinheiro argentino, e em posse<br />

<strong>de</strong>le eram comprados os gêneros alimentícios da Argentina. Dessa forma, tornava-se<br />

mais vantajoso adquirir do que produzir em território brasileiro. Mais adiante em seus<br />

relatos Silveira Netto afirma:<br />

Essa morosida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento obrigou a manter-se ali, por<br />

mais tempo que <strong>de</strong>veria ser, o regime <strong>de</strong> praça <strong>de</strong> guerra que, por um<br />

lado garantia completamente a segurança da povoação contra<br />

violência, roubos, ou ataques <strong>de</strong> aventureiros, prováveis em fronteiras<br />

longínquas e pouco habitadas como aquela, por outro, a sua própria<br />

natureza <strong>de</strong> rigorosa disciplina e coerção, que po<strong>de</strong>ria ser amenizada<br />

ou agravada conforme o temperamento e compreensão dos diretores<br />

militares, não favorecia o surto espontâneo do comércio e da industria<br />

e, portanto, o ampliamento do meio social. 303<br />

Nesse relato e em todos até agora analisados torna-se claro que a Colônia<br />

Militar, sob administração dos militares, tinha dois caminhos a seguir: o primeiro, o da<br />

or<strong>de</strong>m e do sentimento <strong>de</strong> presença da autorida<strong>de</strong> brasileira, porém essa or<strong>de</strong>m impedia<br />

as ativida<strong>de</strong>s comerciais e industriais da região em relação aos países vizinhos.<br />

Contudo, percebemos que a autorida<strong>de</strong> dos militares tornou-se uma vantagem para os<br />

mesmos, pois se utilizavam do marasmo social por parte da administração brasileira<br />

para <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s conjuntamente com os comerciantes estrangeiros,<br />

especialmente relacionadas à erva mate e à ma<strong>de</strong>ira. Nessas condições já não<br />

interessava aos militares que a região prosperasse no seu comércio e indústria do lado<br />

brasileiro, mas que a situação permanecesse a mesma.<br />

Tentou-se, segundo Silveira Netto, por meio <strong>de</strong> um regime fiscal e aduaneiro<br />

mais presente, <strong>de</strong>terminar que as operações comerciais na região da Colônia Militar<br />

fossem realizadas com moeda nacional 304 , mas o problema estava relacionado à<br />

utilização <strong>de</strong>sse dinheiro, visto que na região não havia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar essa<br />

moeda por produtos que eram mais baratos.<br />

302 I<strong>de</strong>m. p. 45.<br />

303 SILVEIRA NETTO, Manoel <strong>de</strong> Azevedo da. DO GUAIRÁ AOS SALTOS DO IGUAÇU... Op. Cit. p.<br />

45 – 46.<br />

304 I<strong>de</strong>m. p. 46.<br />

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