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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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Em vários trechos <strong>de</strong> sua obra, Arthur Martins Franco discorreu sobre o trabalho<br />

<strong>de</strong>ssa população, que vivia às margens do rio Paraná e eram especialmente <strong>de</strong> origem<br />

paraguaia que, como percebemos, trabalhavam <strong>de</strong> forma quase servil a esses obrageros.<br />

No entanto, outros fatores também contribuíram para a utilização <strong>de</strong>ssas populações no<br />

trabalho <strong>de</strong> extração da erva mate. Gilmar Arruda, em sua pesquisa, <strong>de</strong>staca o<br />

conhecimento e experiência que os povos indígenas tinham sobre a erva mate, visto que<br />

já utilizavam a planta há séculos como remédio, chá, ou mesmo o tereré tomado frio<br />

juntamente com outras ervas.<br />

Segundo Gilmar Arruda, a planta erva mate já era utilizada muito antes da<br />

colonização branca nessa região e sua utilização foi introduzida pelos padres Jesuítas a<br />

partir do século XVIII. 292 A utilização da erva mate por essas populações lhes<br />

proporcionou, <strong>de</strong> certa forma, uma tradição cultural relacionada com a erva mate, sua<br />

produção, colheita e <strong>de</strong>gustação. 293<br />

Arruda reforça sobre alguns aspectos culturais <strong>de</strong>senvolvidos pelos indígenas<br />

relacionados à cultura da erva mate:<br />

[...] subir nas árvores era preciso rapi<strong>de</strong>z e perícia, o corte dos galhos<br />

não sofria solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, a avaliação da quantida<strong>de</strong> já<br />

cortada exigia um bom conhecimento e experiência, para separar a<br />

erva era necessária muita prática. Em todos estes momentos do<br />

trabalho do mineiro estava presente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um saber-fazer<br />

que somente a prática e a tradição cultural po<strong>de</strong>riam propiciar. 294<br />

A exploração da erva mate na região era propícia aos obrageros, por conta da<br />

barata e abundante mão <strong>de</strong> obra dos paraguaios na região, populações <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos<br />

índios guaranis produtores e consumidores <strong>de</strong> erva mate. Por esse aspecto não<br />

compensava a vinda <strong>de</strong> brasileiros a essas terras, pois o brasileiro não trabalharia nas<br />

mesmas condições que os paraguaios, que aceitavam a tarefa por dois motivos: a falta<br />

<strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong> trabalho e a tradição <strong>de</strong>ssas populações formada pela cultura da erva<br />

mate, há séculos.<br />

Bem mais que simples resi<strong>de</strong>ntes, os mensús da região trabalhavam e<br />

<strong>de</strong>senvolviam a vida econômica das gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terras e <strong>de</strong> seus<br />

proprietários. Pelo contexto <strong>de</strong> exploração das terras baseado na retirada da erva mate e<br />

292 ARRUDA, Gilmar. Frutos da Terra: os trabalhadores da Mate Laranjeira. <strong>Londrina</strong>: Editora UEL,<br />

1997. p 86.<br />

293 I<strong>de</strong>m. p. 88.<br />

294 I<strong>de</strong>m. p. 89.<br />

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