EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
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A segunda viagem realizada pelo engenheiro Arthur Martins Franco, em<br />
novembro <strong>de</strong> 1913, foi a serviço da secretaria da Fazenda do Estado do Paraná. Ele<br />
participou do grupo responsável por fundar na Colônia Militar o Serviço Fiscal <strong>Estadual</strong><br />
(Coletoria <strong>de</strong> Impostos), pelo motivo <strong>de</strong> conflitos relacionados entre o governo fe<strong>de</strong>ral e<br />
estadual. 286 Arthur Martins Franco não relatou os reais motivos, no entanto po<strong>de</strong>mos<br />
presumir que o Estado do Paraná não recebia do governo fe<strong>de</strong>ral o que pensava ser justo<br />
em impostos pelo comércio <strong>de</strong> erva mate e ma<strong>de</strong>ira que a região produzia.<br />
Em Posadas, na Argentina, Arthur Martins Franco, em um diálogo com Alfredo<br />
Alves, comenta sobre o roteiro <strong>de</strong> sua viagem:<br />
[...] resultou não ser nosso intuito ficar-mos logo na Foz do Iguaçu,<br />
mas seguirmos adiante, até Porto Artaza, ponto terminal da viagem do<br />
ʽEdaliraʼ, on<strong>de</strong> encontraríamos meios <strong>de</strong> transporte até o Guayra,<br />
fornecidos pela Mate Laranjeiras, pois <strong>de</strong>sejávamos conhecer <strong>de</strong> visu<br />
(sic) toda a zona subordinada ao Fisco <strong>Estadual</strong>, situação, importância<br />
dos portos e provi<strong>de</strong>nciar também o necessário para a permanência<br />
dos ʽguardasʼ nesses portos [...]. 287<br />
O grupo da Coletoria, além <strong>de</strong> conhecer a região, queria também colocar guardas<br />
para melhor controlar o fluxo <strong>de</strong> mercadorias que passassem pelo rio Paraná com<br />
<strong>de</strong>stino ao mercado platino. 288<br />
Ao subir o rio Paraná com <strong>de</strong>stino a Guaíra, Arthur Martins Franco relata como<br />
era realizado o escoamento da produção da erva mate e a ma<strong>de</strong>ira, ao visitar o Porto<br />
Artaza, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Julio Alica: “Por este porto, servido por uma ʽZorraʼ, o<br />
proprietário exporta a herva-mate fabricada no interior.” 289<br />
Não eram todos os portos que tinham uma zorra, apenas os obrageros mais<br />
abastados tinham uma, que era composta por duas linhas <strong>de</strong> trem com dois carris que<br />
sobem e <strong>de</strong>scem do ponto alto da barranca até a margem do rio, on<strong>de</strong> o vapor esperava<br />
para carregar as mercadorias. Serviam também para <strong>de</strong>scarregar produtos e pessoas do<br />
vapor para o alto do porto.<br />
286 I<strong>de</strong>m. p. 53.<br />
287 I<strong>de</strong>m. p. 55.<br />
288 A Companhia Matte Laranjeira era a empresa <strong>de</strong> procedência argentina que conseguiu junto ao<br />
governo monárquico autorização para explorar o comércio da erva mate no Alto rio Paraná (acima dos<br />
saltos <strong>de</strong> Sete Quedas).<br />
289 I<strong>de</strong>m. p 56.<br />
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