EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
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Após realizarem a visita aos saltos <strong>de</strong> Santa Maria (Cataratas do Iguaçu), o<br />
grupo partira para o recém aberto Porto 12 <strong>de</strong> outubro para os trabalhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação<br />
das terras que o governo do Paraná conce<strong>de</strong>u para as empresas argentinas <strong>de</strong> Domingos<br />
Barthe e Nuñes y Gybaja, às margens do rio Paraná. Desse Porto, o grupo se dividiu em<br />
dois para dar início às medições, que terminaram quando os grupos encontraram-se em<br />
meados <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1905. O trabalho <strong>de</strong> medição durou cerca <strong>de</strong> três meses no interior<br />
da mata. Enquanto os dois grupos partiram para as medições, um grupo ficou no<br />
acampamento central no Porto 12 <strong>de</strong> outubro, realizando trabalho <strong>de</strong> retirada da erva<br />
mate e da ma<strong>de</strong>ira a serviço da empresa Nuñes y Gybaja. 282<br />
Gran<strong>de</strong> parte do relato <strong>de</strong> Arthur Martins Franco se concentra em discorrer sobre<br />
a viagem, sobre os lugares que foram visitados e as aventuras nas matas durante o<br />
trabalho <strong>de</strong> medição das terras <strong>de</strong> Nuñes y Gybaja. Alguns fatos <strong>de</strong> seu relato nos<br />
chamam a atenção, pois ao terminarem os trabalhos o grupo ganhou alguns dias <strong>de</strong> folga<br />
que foram tirados na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Posadas, na Argentina.<br />
Ao chegarem nessa cida<strong>de</strong>, o dono do hotel on<strong>de</strong> estavam hospedados informou<br />
a Arthur Martins Franco que havia se hospedado um brasileiro que tinha como <strong>de</strong>stino a<br />
Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguaçu. Ao verificarem, viram que se tratava do Coronel<br />
Navarro Drumond. As finalida<strong>de</strong>s da viagem <strong>de</strong>sse oficial à Colônia Militar não foi<br />
narrada por Arthur Martins Franco, porém o grupo informou ao Coronel sobre o<br />
amedrontador “cajon”.<br />
O tenente Pimenta <strong>de</strong> Araujo, para melhor castigar aqueles que caiam<br />
no seu <strong>de</strong>sagrado, mandara colocar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um dos quartos da casa<br />
que servia <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia, uma gran<strong>de</strong> caixão, on<strong>de</strong> cabia uma pessoa <strong>de</strong><br />
cócoras ou mal sentada e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le mandava pren<strong>de</strong>r a quem<br />
<strong>de</strong>sejava castigar não somente as praças que estavam sob o seu<br />
comando, mas também os civis que incorriam em suas iras [...]. 283<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente os militares se utilizavam do abuso <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> para impor sua<br />
vonta<strong>de</strong> às pessoas. Entretanto os motivos para que tais castigos fossem realizados nos<br />
trabalhadores que circulavam acerca da Colônia Militar é uma incógnita. Parece-nos que<br />
para impor a autorida<strong>de</strong> e o respeito <strong>de</strong>sejado pelos militares às populações po<strong>de</strong> nos<br />
fornecer os motivos para os atos dos mesmos. Outros abusos também po<strong>de</strong>m ter<br />
ocorrido durante a administração. A informação <strong>de</strong> tal castigo era conhecida por todos<br />
282 I<strong>de</strong>m. p. 12 – 43.<br />
283 I<strong>de</strong>m. p. 44.<br />
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