EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
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Na visão <strong>de</strong> Torres Homem, a Colônia Militar tinha gran<strong>de</strong>s problemas referentes às<br />
pessoas responsáveis pelo comando da mesma, à natureza que não colaborava com o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma cultura agrícola e às pessoas que ali viviam e não pensavam em seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, mas acima <strong>de</strong> tudo, a Colônia Militar enfrentava o isolamento e o Coronel<br />
nada podia fazer para minimizar esse problema.<br />
Além <strong>de</strong>sses problemas a falta <strong>de</strong> uma produção tanto agrícola como industrial para<br />
dinamizar o comércio da Colônia Militar resultava em um ócio que era mal visto pelo Coronel<br />
fazendo com que em seus relatos referentes as relações sociais no interior da Colônia fosse visto<br />
com bastante pessimismo.<br />
Percebemos que os militares foram nacionalizando o território por meio do controle e da<br />
cobrança <strong>de</strong> impostos dos produtos retirados da natureza da região da Colônia Militar. A erva<br />
mate e a ma<strong>de</strong>ira permitiram a sobrevivência e a permanência da Colônia em seus primeiros<br />
anos <strong>de</strong> existência, pois sem essa cobrança os militares, principalmente os <strong>de</strong> baixo escalão,<br />
<strong>de</strong>sertavam e <strong>de</strong>ixavam a Colônia sem trabalhadores e vigilantes do rio e das matas. Entretanto<br />
as ações dos militares sofreram com os conflitos gerados pelas populações que viviam na<br />
região, tanto pelos trabalhadores, como pelos indígenas, que resistiram a sua maneira aos atos<br />
<strong>de</strong> dominação social praticado pelos militares.<br />
Outro visitante que realizou comentários sobre a Colonia Militar <strong>de</strong> Foz do<br />
Iguaçu foi Cândido Ferreira <strong>de</strong> Abreu. Este nasceu em Curitiba, cursou engenharia no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro e foi trabalhar na construção da ferrovia Ma<strong>de</strong>ira – Maimoré,<br />
posteriormente trabalhou no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, on<strong>de</strong> adquiriu experiência na<br />
construção <strong>de</strong> estradas para o governo. Ao retornar para o Paraná trabalhou como<br />
inspetor <strong>de</strong> terras em várias construções <strong>de</strong> estradas para o governo do Estado do<br />
Paraná. Foi Deputado <strong>Estadual</strong> (1901 – 1903), Deputado Fe<strong>de</strong>ral (1903 – 1906) e entre<br />
1901 e 1905 foi o responsável por <strong>de</strong>marcar as terras <strong>de</strong>volutas que foram <strong>de</strong>stinadas a<br />
Domingos Barthe, um dos gran<strong>de</strong>s obrageros no período da Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do<br />
Iguaçu, e foi prefeito <strong>de</strong> Curitiba <strong>de</strong> 1913 a 1916.<br />
É importante <strong>de</strong>stacar que o autor do relato não foi um militar, mas engenheiro e<br />
político, por essa razão sua visão sobre a Colônia Militar e da região difere dos <strong>de</strong>mais<br />
relatos. Martins Franco foi convidado para colaborar na medição das terras dos<br />
argentinos Domingos Barthe e Nuñes e Gibaja. Os viajantes aproveitaram a viagem para<br />
visitar os Saltos <strong>de</strong> Santa Maria, atualmente, Cataratas <strong>de</strong> Foz do Iguaçu. Partiram em 7<br />
<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1904 do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> navio indo até Buenos Aires, on<strong>de</strong>, pelo rio<br />
Paraná chegaram até a Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguaçu.<br />
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