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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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funcionasse. Dentre toda a discussão que o irmão <strong>de</strong> Edmundo <strong>de</strong> Barros realizou, fez<br />

várias acusações a Alcebía<strong>de</strong>s inclusive, a mais grave, dizendo que:<br />

[...] criminoso é quem a sangue frio e sem se perturbar mandou<br />

fuzilar, em 1894, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pobres estrangeiros in<strong>de</strong>fesos e quem<br />

tem sobre si as justas odiosida<strong>de</strong>s e maldicoes pelo lutuoso, triste e<br />

vergonhoso sucesso do kilometro 65, conforme expontaneamente me<br />

confiou. 254<br />

O fato é bastante revelador e nos mostra que os militares em alguns momentos<br />

utilizaram-se da força que lhes era dada contra pessoas ou famílias que viviam na região<br />

da Colônia Militar.<br />

Na edição <strong>de</strong> O Guayra, <strong>de</strong> 1897, o senhor Egas M. Borba criticou um artigo<br />

publicado no jornal O Paiz dizendo sobre “a nomeação do conspícuo Coronel Torres<br />

Homem para diretor affectivo” 255 da Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguaçu. Em sua<br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> apoio ao então Coronel, Borba reclama que Torres Homem é um homem<br />

<strong>de</strong> princípios republicanos e que pela politicagem foi prejudicado pelo governo ao ser<br />

mandado à Colônia Militar, e completou,<br />

[...] assim como também nunca duvidamos da pouca, ou nenhuma<br />

vonta<strong>de</strong> do governo da União em socorre os martyres cumpridores da<br />

or<strong>de</strong>m e da Lei que alli se acham há cerca <strong>de</strong> 2 annos sem recurso <strong>de</strong><br />

espécie alguma, <strong>de</strong>sacreditados quase nas praças argentina e paraguay,<br />

das quaes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, porque o governo <strong>de</strong> seu paíz, preso a uma<br />

estreita esphera <strong>de</strong> politicagem pessoal, não se dignou alongar suas<br />

vistas até aquellas remotas paragens, senão agora para <strong>de</strong>gradar a um<br />

militar distincto, cheio <strong>de</strong> relevantes serviços prestados á sua pátria. 256<br />

A citação é bastante elucidativa, pois <strong>de</strong>monstra que o governo perseguia<br />

militares que <strong>de</strong> alguma maneira tinham contrariado as “regras republicanas” do início<br />

<strong>de</strong>sse regime, na década <strong>de</strong> 1890. A Colônia Militar era utilizada pelo governo da União<br />

para mandar oficiais insubordinados ou que mereciam um “afastamento” dos centros<br />

politicamente mais fortes. Ao que parece isso ocorreu com o Coronel Torres Homem.<br />

Borba reclamava que não existia na colônia a presença do governo, por meio <strong>de</strong><br />

um orçamento capaz <strong>de</strong> fazer com que a colônia <strong>de</strong>slanchasse para o progresso,<br />

ressaltando a importância da:<br />

254 BARROS, Mario. “Colonia Iguassú”. O Guayra. Guarapuava, 26/03/1898. [Acervo do Centro <strong>de</strong><br />

Documentação e Memória <strong>de</strong> Guarapuava e Unicentro].<br />

255 BORBA, Egas Morocines. “Colonia do Iguassú”. O Guayra. Guarapuava, 02/10/1897. [Acervo do<br />

Centro <strong>de</strong> Documentação e Memória <strong>de</strong> Guarapuava e Unicentro]. P. 03.<br />

256 I<strong>de</strong>m. p. 04.<br />

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