âdisposições para crer, disposições para agirâ: jovens de ... - Uece
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6 DIÁLOGO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO DA<br />
EDUCAÇÃO: TENSÕES ENTRE DIFERENÇAS E DESIGUALDADES<br />
NO ATENDIMENTO AOS JOVENS<br />
O reconhecimento das particularida<strong>de</strong>s existentes entre as diversas condições e<br />
posições em que se encontram os <strong>jovens</strong> <strong>de</strong>ntro do mundo, expressas pela origem social <strong>de</strong><br />
classe, pelo gênero, etnia, religião, cultura, <strong>de</strong>ntre tantas outras diferenças atualmente<br />
afirmadas, parece transformar-se em um pensamento universal nas produções acadêmicas<br />
que discutem atualmente as políticas públicas brasileiras direcionadas aos <strong>jovens</strong>. Como<br />
temos <strong>de</strong>stacado, partimos da compreensão <strong>de</strong>ssas particularida<strong>de</strong>s e do entendimento <strong>de</strong><br />
que há <strong>jovens</strong> vivendo uma mesma fase da vida sob diferentes condições <strong>de</strong> existência que<br />
po<strong>de</strong>m interferir em suas trajetórias escolares e sociais.<br />
Como i<strong>de</strong>ntificamos através das observações <strong>de</strong> campo, entrevistas e grupos<br />
focais realizados com os estudantes que foram nossos interlocutores neste estudo, há<br />
<strong>jovens</strong> entre 15 e 17 anos que se <strong>de</strong>dicam integralmente à escola; outros que precisam<br />
conciliar o tempo entre o trabalho e a escola. Alguns se encontram inseridos em situações<br />
<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ntro dos parâmetros exigidos por Lei <strong>para</strong> essa faixa-etária; outros se<br />
submetem a condições <strong>de</strong> trabalho consi<strong>de</strong>radas ilegais; <strong>jovens</strong> que fazem projeções sobre<br />
seus percursos profissionais futuros, seja através do ingresso na Universida<strong>de</strong> ou em outras<br />
carreiras e que <strong>de</strong>monstram conhecer as regras do jogo necessárias <strong>para</strong> a construção<br />
<strong>de</strong>sse futuro; e <strong>jovens</strong> que <strong>de</strong>sistem dos sonhos porque ainda não conseguiram sequer<br />
alcançar o domínio das competências básicas <strong>de</strong> leitura e escrita na língua oficial capaz <strong>de</strong><br />
lhes garantir “[...] o mínimo <strong>de</strong> comunicação que é a condição da produção econômica e<br />
mesmo da dominação simbólica”. (BOURDIEU, 1996, p.31).<br />
Nosso propósito neste Capítulo é discutir um problema que consi<strong>de</strong>ramos estar<br />
associado à negação do direito constitucional que <strong>de</strong>veria se tornar, efetivamente, universal<br />
a todos os brasileiros: “igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>para</strong> o acesso e permanência na escola” 49 .<br />
Procuramos pensar em que medida as políticas públicas governamentais direcionadas aos<br />
<strong>jovens</strong> entre 15 e 17 anos criam os meios <strong>de</strong> acesso ao universal representado pelo direito<br />
<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>para</strong> permanecerem em uma escola que lhes possibilite o<br />
domínio da cultura consi<strong>de</strong>rada legítima e que lhes permita transitar pelos caminhos que<br />
lhes conduzam à realização dos sonhos projetados.<br />
49 Constituição da República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil – Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I,<br />
Da Educação. Art. 206, Inciso I.