TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece
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O Estado do Ceará, do mesmo modo, criou formas para acompanhar as<br />
modificações na atividade agrícola que se dava em todo o mundo. Como resposta à<br />
liberalização da economia, modificou-se a estrutura política, formada então pelo<br />
empresariado, responsável pelo surgimento das inúmeras políticas públicas, sustentando, de<br />
um lado, a base de poder aristocrática cearense e de outro alimentando a população com os<br />
discursos governistas, estruturados em uma política de crescimento econômico.<br />
3.3 Estado cearense e agricultura irrigada: análise dos planos de governo<br />
Durante as décadas de 1960 e 1970, o Governo do Estado do Ceará foi<br />
administrado por militares. Esse ciclo foi representado pelo coronel Virgílio Távora (1963-<br />
1966), Plácido Aderaldo Castelo (1966-1971), coronel César Cals (1971-1975), coronel<br />
Adauto Bezerra (1975-1978) e novamente coronel Virgílio Távora (1979-1982). Dentre esses,<br />
Plácido Castelo, embora civil, seguia as ordens dos militares.<br />
Enquanto isso, no âmbito nacional, a ditadura militar expandia-se e a política<br />
imposta à Nação, além da extrema repreensão aos movimentos populares, configurava-se<br />
como “milagre econômico” 42 , com as atenções voltadas para a industrialização e abertura ao<br />
capital estrangeiro.<br />
Dentre todos esses mandatos, o de Virgílio Távora foi considerado um dos mais<br />
representativos no Estado do Ceará. Sua gestão foi marcada pela centralização política<br />
fundamentada no clientelismo e na repreensão característica dos governos militares e<br />
coronelistas. A introdução de um modelo de planejamento no Ceará - o I Plano de Metas<br />
Governamentais (I PLAMEG) - baseado no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, tendo<br />
como pilares a regionalização e a industrialização, o fazia díspar no quadro político local. A<br />
forma estratégica com que Virgílio mediava às relações agradava aos seus correligionários e<br />
até mesmo à oposição, contribuindo para que ele obtivesse concessões de recursos financeiros<br />
no intuito de firmar seus objetivos. Nas palavras de Carvalho (2002, p. 19),<br />
Nas eleições de 1962 e na gestão governamental, consolida-se a imagem de Virgílio<br />
como grande chefe político que combina duas virtudes magistrais: a de artífice de<br />
acordos políticos selados com o reconhecimento de sua autoridade e a de<br />
modernizador, devido à introdução da idéia de planejamento nas ações<br />
42 O “milagre econômico” surgiu durante a ditadura militar, especialmente entre 1969 e 1973, no governo<br />
Médici, quando as taxas de crescimento do PIB eram definidas pela entrada de capital estrangeiro, período<br />
considerado áureo do desenvolvimento brasileiro, permeado pela grande concentração de renda e extrema<br />
pobreza no Brasil.