TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece
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(...) predominava ainda uma visão linear do fenômeno desenvolvimentosubdesenvolvimento.<br />
Acreditava-se que os países atrasados, para atingirem o<br />
desenvolvimento, deviam percorrer as mesmas etapas por que haviam passado os<br />
países já desenvolvidos. O subdesenvolvimento não era concebido como fruto de<br />
uma estrutura econômica mundial de exploração, nem como uma característica<br />
peculiar especifica de determinadas sociedades nacionais. Era considerado<br />
simplesmente um atraso resultante de um ritmo mais lento de crescimento<br />
econômico linear. Identificava-se desenvolvimento com mero crescimento<br />
econômico. E pensava-se que, acelerando-se o ritmo de crescimento econômico, se<br />
chegava ao desenvolvimento.<br />
Mesmo com todas essas repercussões, são notáveis as mudanças ocorridas em<br />
razão desse programa, perceptíveis pelo desencadeamento de outras atividades econômicas,<br />
ligadas não só à produção, mas também à circulação, distribuição e consumo dos produtos: a<br />
aglomeração nos pequenos núcleos interioranos, a intensificação das movimentações<br />
financeiras, na busca de uma “certa” fixação do homem à terra, além do surgimento de outros<br />
agentes externos ao lugar que também reorganizam o espaço, o transformando em espaço<br />
racionalizado 41 .<br />
Como auxiliar ao polonordeste e constituinte também do II PND, foi criado, em<br />
1976, o Programa Especial de Apoio ao Desenvolvimento da Região SemiÁrida do Nordeste:<br />
Projeto Sertanejo, priorizando essa porção regional e tendo como beneficiários:<br />
- trabalhadores sem terra e assalariados;<br />
- pequenos proprietários;<br />
- médios proprietários (com estabelecimentos até 500 ha de área);<br />
- grandes proprietários (senhores com área superior a 500 ha, cujos projetos,<br />
aprovados pela SUDENE e pelo INCRA, proporcionassem o acesso<br />
à terra aos produtores dos estratos I e II). (CARVALHO, 1988, p. 247- 248).<br />
No Ceará, sob o comando do então governador do Estado, Virgílio Távora, as<br />
áreas potencialmente prioritárias, para a instalação desses polos, deveriam ser aquelas situadas<br />
nos vales e serras úmidas, áreas de agricultura seca e tabuleiros costeiros. Uma das críticas<br />
feitas a esse programa, no entanto, trata-se da sua “preferência” pelas áreas úmidas, como os<br />
vales, serras e tabuleiros costeiros, em contraposição às áreas semiáridas, mais necessitadas,<br />
em decorrência das vicissitudes climáticas.<br />
Outras críticas foram direcionadas a esses dois programas, com referência à sua<br />
concepção autoritária, à ausência de um planejamento adequado e de uma maior fiscalização,<br />
não tendo como fim o atendimento aos pequenos produtores rurais, manifesto nos seus<br />
41 Os espaços das racionalidades são aqueles próprios ao capital, às empresas. Santos (2008 a, p. 303)<br />
complementa, ao dizer que “na verdade, com o advento do espaço racional, este se torna uma verdadeira<br />
máquina, cuja energia é a informação e onde são as próprias coisas que constituem o esquema de nossa ação<br />
possível”.