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TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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68<br />

(...) a solução hidráulica constituiu formidável atrativo para o Governo – ao tempo<br />

do Império e na República – e para a classe dos grandes proprietários de terra. [...].<br />

Sua importância derivava-se do fato de que, satisfazendo aos objetivos de<br />

valorização e expansão dos latifúndios, satisfazia também algumas necessidades da<br />

população, expressas pela criação de condições mínimas para o seu atendimento,<br />

durante os anos de calamidade.<br />

Foi no governo de Epitácio Pessoa (1919-1922) que a inspetoria ganhou nova<br />

denominação: Inspetoria Federal de Obras Contras as Secas – IFOCS, dando continuidade<br />

aos trabalhos iniciados pelo IOCS:<br />

(...) é reforçado as obras de açudagem e de construção de estradas; organizam-se os<br />

serviços de piscicultura e de reflorestamento e os postos agrícolas, dando-se por<br />

iniciada uma etapa de trabalhos mais específicos no domínio da agronomia, com<br />

ênfase mais acentuada na agricultura de sequeiro do que na agricultura irrigada.<br />

(CARVALHO, 1988, p. 201)<br />

O IFOCS altera-se para Departamento Nacional de Obras Contra as Secas –<br />

DNOCS em 1945, sob o governo de Getúlio Vargas. Inserindo novas questões na<br />

problemática social nordestina, os vários estudos técnicos concluíram que não bastava apenas<br />

acumular água nos reservatórios, mais bem aproveitados com a produção de alimentos,<br />

utilizando-se das técnicas da irrigação. Essa evidência apenas foi aceita, de fato, com o auxílio<br />

de outras ações políticas, posteriores à criação do DNOCS.<br />

No contexto dessas intervenções estatais, sempre estavam presente as<br />

desigualdades entre as classes sociais, bastando analisar as frentes de trabalho e,<br />

posteriormente, as frentes de emergência. Nas frentes de trabalho, selecionavam-se<br />

trabalhadores nos períodos de longa estiagem, para a construção das obras públicas. Com as<br />

frentes de emergência, os proprietários de terras exploravam a força de trabalho dos<br />

agricultores, contratando-os para trabalhar nas suas propriedades, responsabilizando-se por<br />

seus pagamentos e, via de regra, recebendo os beneficiamentos do Governo. Assim, o Estado<br />

era representado pelos interesses da burguesia e dos proprietários de terras, proletarizando os<br />

agricultores, ante o quadro de dificuldades enfrentadas no sertão.<br />

Oliveira (1981, p. 51) considera que “seria apressado demais e cientificamente<br />

leviano afirmar que o IFOCS, e posteriormente o DNOCS, represente algo parecido com<br />

planejamento, ainda que no âmbito restrito do gasto governamental”. Bursztyn (1984)<br />

corrobora, ao considerar essa aparição meio “tímida”. Esse pensamento deriva primeiro do<br />

contexto político de sua origem, em que não havia uma centralização e que as ações eram

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