TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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14.10.2014 Views

66 1856 e coordenada pelo Freire Alemão, para os primeiros estudos geológicos, mineralógicos, agronômicos, geográficos e antropológicos, dando base para a solução hidráulica. Essa Comissão Científica e de Exploração foi intermediada no Ceará pelo Instituto Geográfico e Histórico, composta por intelectuais e técnicos brasileiros, além de estrangeiros que constituíam o grupo de responsáveis por desvendarem o território nordestino. (CARVALHO, 1988). Conforme nos apresenta o esboço dos diários de Freire Alemão no Ceará (figura 8), inicialmente, as principais áreas exploradas foram o litoral, vale do Jaguaribe e chapada do Araripe. Posteriormente, a Comissão estendeu seus estudos ao vale do Acaraú, Curu, aos maciços residuais e em áreas sertanejas. Essa expedição concentrava-se em espaços recobertos por solos e vales fluviais propícios para a construção de açudes, bem como em áreas semiáridas, verificando a viabilidade dessas barragens. Figura 8: Percursos das explorações da CCE, no Estado do Ceará, coordenadas por Freire Alemão. Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=661797 Os documentos da CCE contribuíram para a solução hidráulica, que dá seus passos iniciais ainda no início do século XIX (1832), embora de maneira mais difundida, com o surgimento do DNOCS, no século XX. Inicialmente, tratava-se de açudes particulares,

67 construídos sob a política dos “açudes em cooperação”, cabendo ao Estado o investimento de 50% nos custos dos açudes. Enquanto esses açudes privados proliferavam no sertão nordestino, desde a década de 1830, os açudes públicos só recebem ênfase após os efeitos das secas de 1877-1879. A construção do açude Cedro, em Quixadá - Ceará, por exemplo, data desse período (1882- 1906), entretanto, o número dos açudes privados supera as barragens públicas, chegando ao Ceará à marca de 443 “açudes em cooperação”, em detrimento de 62 açudes públicos, num recorte temporal de 1909 a 1981, como sintetizado na tabela 1. TABELA 1: Açudes públicos e privados com apoio governamental (1909 – 1981) NÚMEROS DE AÇUDES (UNIDADES) PÚBLICOS EM COOPERAÇÃO ESTADOS 1909 1951 1964 TOTAL 1909 1951 1964 TOTAL - 1950 - 1963 - 1981 - 1950 - 1963 - 1981 Piauí 9 1 2 12 - - - - Ceará 44 9 9 62 256 167 20 443 R Grande do Norte 31 9 10 50 27 35 - 62 Paraíba 21 12 5 38 26 31 2 59 Pernambuco 10 14 8 32 - 11 - 11 Alagoas 2 13 9 24 - - - - Sergipe 2 6 3 11 1 - - 1 Bahia 14 8 10 32 7 13 - 20 Fonte: Elaborado com os dados de Carvalho (1988) e Araújo (1990). Para se efetivar a fase hidráulica, surge a Inspetoria de Obras Contra as Secas - IOCS nos anos de 1909, sob o governo brasileiro de Nilo Peçanha (1909 – 1910). Suas prioridades restringiam-se à construção de açudes (particulares e públicos) e às primeiras infraestruturas, como as estradas. Os açudes atenderiam primeiro aos latifúndios e, por extensão, às populações sedentas na época da seca, evidenciando uma política estatal mediadora, numa clara expressão dos conflitos entre as classes sociais, pois, através do discurso assistencialista, se repassava à população o mínimo para sua sobrevivência, enquanto os maiores privilegiados eram os detentores de capital, como nos esclarece Carvalho (1988, p.p. 209-210):

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construídos sob a política dos “açudes em cooperação”, cabendo ao Estado o investimento de<br />

50% nos custos dos açudes.<br />

Enquanto esses açudes privados proliferavam no sertão nordestino, desde a década<br />

de 1830, os açudes públicos só recebem ênfase após os efeitos das secas de 1877-1879. A<br />

construção do açude Cedro, em Quixadá - Ceará, por exemplo, data desse período (1882-<br />

1906), entretanto, o número dos açudes privados supera as barragens públicas, chegando ao<br />

Ceará à marca de 443 “açudes em cooperação”, em detrimento de 62 açudes públicos, num<br />

recorte temporal de 1909 a 1981, como sintetizado na tabela 1.<br />

TABELA 1: Açudes públicos e privados com apoio governamental (1909 – 1981)<br />

NÚMEROS DE AÇUDES (UNIDADES)<br />

PÚBLICOS<br />

EM COOPERAÇÃO<br />

ESTADOS 1909 1951 1964 TOTAL 1909 1951 1964 TOTAL<br />

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Piauí 9 1 2 12 - - - -<br />

Ceará 44 9 9 62 256 167 20 443<br />

R Grande do Norte 31 9 10 50 27 35 - 62<br />

Paraíba 21 12 5 38 26 31 2 59<br />

Pernambuco 10 14 8 32 - 11 - 11<br />

Alagoas 2 13 9 24 - - - -<br />

Sergipe 2 6 3 11 1 - - 1<br />

Bahia 14 8 10 32 7 13 - 20<br />

Fonte: Elaborado com os dados de Carvalho (1988) e Araújo (1990).<br />

Para se efetivar a fase hidráulica, surge a Inspetoria de Obras Contra as Secas -<br />

IOCS nos anos de 1909, sob o governo brasileiro de Nilo Peçanha (1909 – 1910). Suas<br />

prioridades restringiam-se à construção de açudes (particulares e públicos) e às primeiras<br />

infraestruturas, como as estradas.<br />

Os açudes atenderiam primeiro aos latifúndios e, por extensão, às populações<br />

sedentas na época da seca, evidenciando uma política estatal mediadora, numa clara expressão<br />

dos conflitos entre as classes sociais, pois, através do discurso assistencialista, se repassava à<br />

população o mínimo para sua sobrevivência, enquanto os maiores privilegiados eram os<br />

detentores de capital, como nos esclarece Carvalho (1988, p.p. 209-210):

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