TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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A Aracati, antiga São José do Porto das Barcas, foi logrado o título de “pulmão da
economia colonial da capitania” 21 e a Sobral de “Princesa do Norte” 22 , dados os requintes
dessas vilas ante a capitania do “Siará”.
No rio Acaraú, o “rio das garças”, as charqueadas foram mais significativas no
médio e baixo curso. Inicialmente, no povoado conhecido como Barra do Acaracú,
posteriormente denominado Oficinas e, finalmente, Vila de Acaraú, a atividade logrou êxito -
como demonstra a sua toponímia - influenciando no povoamento de Granja, Camocim e
Sobral. Assim, foi se dando a ocupação do Ceará, que finca bases de fixação com as oficinas e
charqueadas.
O pastoreio ainda permanecia na capitania do Rio Grande do Norte, que
continuava a abastecer no período colonial o “gado em pé”, visando ao abate e tração para o
trabalho, principalmente as capitanias de Pernambuco e Paraíba. Logo às margens do Açu e
de Mossoró, porém, inicia-se o ciclo das charqueadas aderidas pela capitania rio-grandense,
que dispunha das condições favoráveis semelhantes ao Ceará.
Nesse período, a crise no abastecimento em Pernambuco era iminente, haja vista a
grande concentração de demandas nos núcleos urbanos, onde se intensificavam as
charqueadas. As zonas canavieiras já não mais contavam com a produção do Ceará. Assim, as
autoridades de Pernambuco, como centro de domínio político do Nordeste, proibiram a
exportação da carne seca e do couro nos portos de Açu e Mossoró, o que favoreceu os portos
cearenses.
Essa resolução política tomada para fomentar o “estômago de Pernambuco”
(BRAGA apud GIRÃO, 1995), por um lado, prejudicava a capitania do Rio Grande do Norte,
por outro, favorecia a capitania do Ceará, passando esta a suprir as necessidades do mercado
pernambucano, representando o porto de Pernambuco como passagem obrigatória para todas
as embarcações.
No Ceará, essas fábricas rudimentares para a salga da carne bovina e o preparo do
couro foram de importância significativa. Não apenas por adensarem a economia colonial,
21 Segundo Girão (1996, p. 77), “A riqueza e o contato com as gentes mais civilizadas fizeram dos aracatienses
os homens mais notáveis da Capitania, não só no trajar, nas artes, nas letras e nas ciências, mas nos negócios. Ser
natural de Aracati representava, na época, uma legítima carta de apresentação”.
22 “Os barcos que levavam os produtos pastoris voltavam trazendo as grandes novidades em pratarias,
porcelanas, cristais, móveis de jacarandá e outros objetos raros, entre eles materiais de construção; o que
contribuiu para o aformoseamento da Vila de Sobral”. (GIRÃO, 1996, p. 79).