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TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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e expressa no olhar aos séculos XVII e XVIII, revelando a violência, a desigualdade e um<br />

Estado empenhado com os interesses dos proprietários de terra, estabelecendo relações<br />

conflituosas, autoritárias, subservientes.<br />

Com o tropel da pecuária, os criadores expulsavam os habitantes autóctones e<br />

impunham a produção de um novo espaço. Consolidou-se a primeira destacada atividade<br />

econômica sertaneja, às margens de importantes rios cearenses (Jaguaribe e Acaraú),<br />

responsável por transformações sociais, políticas e territoriais, influenciando no povoamento e<br />

na colonização da grande extensão da parte semiárida. Era a primeira reestruturação<br />

socioespacial no correr do século XVIII (LIMA, 2008).<br />

A expansão da Revolução Industrial Inglesa (séculos XVIII e XIX) e a Guerra da<br />

Secessão nos Estados Unidos, no período compreendido entre 1861 e 1865, contribuíram para<br />

que o algodão, produto típico do clima semiárido, se unisse à pecuária extensiva, compondo a<br />

base para a organização econômica e espacial do sertão cearense, atendendo ao mercado<br />

externo e caracterizando o que a história denominou de binômio gado-algodão. Além dos<br />

caminhos guiados pelo gado, implantava-se a agricultura comercial, para atender o mercado<br />

externo, contribuindo para edificar uma nova cultura, um novo modo de produção, a<br />

cotonicultura. Anunciava-se, nos sertões semiáridos, a segunda reestruturação socioespacial<br />

do Ceará (LIMA, 2008).<br />

As características climáticas do sertão, fazendo com que a atividade econômica<br />

algodoeira se desenvolvesse no local, motivado por interesses externos ao lugar, diminuiu a<br />

atenção voltada à pecuária, que naquele momento já contava com as condições ambientais da<br />

seca e a competição de outros centros criatórios. Assim, aliados aos aspectos de ordem<br />

natural, os fatores políticos e os interesses exógenos foram incisivos, estruturando a economia<br />

espacial sertaneja, marcando profundamente a distribuição fundiária e o uso da terra,<br />

mediante o sistema formado pelo tripé gado/algodão/agricultura de sequeiro.<br />

Sendo assim, a estrutura fundiária no sertão cearense fora marcada por forte<br />

concentração de terras que perdura até a atualidade, nascendo com as sesmarias, sistema de<br />

distribuição de terras destinadas à produção que, desde então, privilegiou os representantes do<br />

Estado da época, ou quem a eles estivesse ligado.<br />

Com a economia do algodão, brotavam as primeiras atividades industriais, que se<br />

iniciavam tanto com o descaroçamento e com pequenos teares, conjugando uma fase nova da<br />

economia. Essa realidade traria novas relações sociais e de produção e, doravante, uma nova

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