TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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14.10.2014 Views

32 Isso somente foi possível com os extensos e prolongados dias em campo, que muito contribuíram para o movimento dialético da pesquisa - teoria e empiria – pois, conforme as palavras de Moraes e Costa (1984, p. 30), “o compromisso do cientista só pode ser com o real” e, sendo assim, a teoria nos dá o aporte para compreender o empírico, que, por sua vez, se alimenta por ele. Sposito (2004, p.196), sobre a importância do conhecimento apreendido durante as relações sociais, com apoio no real, tece os seguintes comentários: A complexidade das relações sociais e individuais na elaboração coletiva (pois não se pode mais compreender o “cientista Robinson Crusoé”, aquele pensador solitário, isolado em seu gabinete, “descobrindo” novas idéias sozinho) do conhecimento exige a compreensão das características humanas do próprio ser humano e de suas contradições inerentes exatamente por ser humano. De acordo com essa busca teórica e empírica, a dissertação está pautada em quatros momentos. O conceito de formação e reestruturação socioespacial, está no escopo do Capítulo 2, tendo como objeto o espaço cearense, restringindo-se à parte do vale do rio Acaraú. A discussão parte do constante vir-a-ser, da busca incessante pela modernização, por parte das classes aristocráticas de cada período histórico, traduzida pela necessidade de inserir o território cearense nas transações mercadológicas, alicerçadas pelas políticas estatais que se desenrolavam no concerto nacional. Nesse movimento, os declínios e apogeus do modo de produção capitalista trazem à tona a característica peculiar do capital de se reerguer, com o auxílio das políticas estatais, reestruturando o espaço geográfico. No Capítulo 3, procuramos compreender as mudanças na agricultura e suas correlações com os interesses dos diferentes agentes internos e externos, considerando a “revolução verde” e as transformações acarretadas como marco desse processo. Assim, relacionamos essas transformações às estratégias que foram sendo tecidas no território nordestino, analisando, para tanto, desde as primeiras experiências de modernização da agricultura. Posteriormente, nos debruçamos nas prioridades relacionadas à agricultura irrigada presentes nos planos governamentais do Estado do Ceará, desde a década de 1960 até o presente Governo, com o enfoque das ações estatais na política de modernização da agricultura, pautada no neoliberalismo. O objetivo do Capítulo 4 foi abordar as fases da implantação do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú, no contexto da história local, observando as modificações provocadas pela entrada do projeto de irrigação. Inicialmente, analisamos como sucederam a desapropriação e a reação dos agricultores familiares camponeses, os maiores atingidos. Com

33 o projeto já implantado, correlacionamos o perímetro irrigado com o modelo de modernização da agricultura do Ceará, pautada no neoliberalismo, buscando investigar a conformação do território conflituoso do perímetro irrigado, identificando os agentes produtores. No Capítulo 5, buscamos demonstrar como ocorre a extração da mais-valia no perímetro irrigado, transformando a terra em mercadoria. Analisamos, também, as desigualdades sociais no Baixo Acaraú, entre os municípios onde o perímetro veio a se instalar, revelando que as alterações proporcionadas pela modernização da agricultura pouco modificaram positivamente a qualidade de vida da população, ante a exploração econômica local. Ainda nesse módulo, identificamos como o agronegócio invade a terra indígena, provocando conflitos, mas também resistências, testemunhando o fato de que nem mesmo o modo de produção capitalista consegue destruir completamente a história do lugar.

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Isso somente foi possível com os extensos e prolongados dias em campo, que<br />

muito contribuíram para o movimento dialético da pesquisa - teoria e empiria – pois,<br />

conforme as palavras de Moraes e Costa (1984, p. 30), “o compromisso do cientista só pode<br />

ser com o real” e, sendo assim, a teoria nos dá o aporte para compreender o empírico, que, por<br />

sua vez, se alimenta por ele.<br />

Sposito (2004, p.196), sobre a importância do conhecimento apreendido durante as<br />

relações sociais, com apoio no real, tece os seguintes comentários:<br />

A complexidade das relações sociais e individuais na elaboração coletiva (pois não<br />

se pode mais compreender o “cientista Robinson Crusoé”, aquele pensador<br />

solitário, isolado em seu gabinete, “descobrindo” novas idéias sozinho) do<br />

conhecimento exige a compreensão das características humanas do próprio ser<br />

humano e de suas contradições inerentes exatamente por ser humano.<br />

De acordo com essa busca teórica e empírica, a dissertação está pautada em<br />

quatros momentos. O conceito de formação e reestruturação socioespacial, está no escopo do<br />

Capítulo 2, tendo como objeto o espaço cearense, restringindo-se à parte do vale do rio<br />

Acaraú. A discussão parte do constante vir-a-ser, da busca incessante pela modernização, por<br />

parte das classes aristocráticas de cada período histórico, traduzida pela necessidade de inserir<br />

o território cearense nas transações mercadológicas, alicerçadas pelas políticas estatais que se<br />

desenrolavam no concerto nacional. Nesse movimento, os declínios e apogeus do modo de<br />

produção capitalista trazem à tona a característica peculiar do capital de se reerguer, com o<br />

auxílio das políticas estatais, reestruturando o espaço geográfico.<br />

No Capítulo 3, procuramos compreender as mudanças na agricultura e suas<br />

correlações com os interesses dos diferentes agentes internos e externos, considerando a<br />

“revolução verde” e as transformações acarretadas como marco desse processo. Assim,<br />

relacionamos essas transformações às estratégias que foram sendo tecidas no território<br />

nordestino, analisando, para tanto, desde as primeiras experiências de modernização da<br />

agricultura. Posteriormente, nos debruçamos nas prioridades relacionadas à agricultura<br />

irrigada presentes nos planos governamentais do Estado do Ceará, desde a década de 1960 até<br />

o presente Governo, com o enfoque das ações estatais na política de modernização da<br />

agricultura, pautada no neoliberalismo.<br />

O objetivo do Capítulo 4 foi abordar as fases da implantação do Perímetro<br />

Irrigado Baixo Acaraú, no contexto da história local, observando as modificações provocadas<br />

pela entrada do projeto de irrigação. Inicialmente, analisamos como sucederam a<br />

desapropriação e a reação dos agricultores familiares camponeses, os maiores atingidos. Com

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