TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece
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Isso demonstra como o modo de produção capitalista avança sobre esses povos, na<br />
busca de enfraquecer a sua união e resistência, dissolvendo sua territorialidade. As palavras de<br />
Maria Amélia Leite são esclarecedoras sobre o conceito de resistência:<br />
Tem uma frase linda do movimento indígena, em 1981, quando começou o<br />
movimento indígena se articular a nível nacional: Eu sou o que você é sem deixar<br />
de ser quem eu sou. Ela é profundamente reveladora exatamente da questão da<br />
resistência. Eles sabem quem eles são, eles sabem que a terra é deles, que eles são<br />
diferentes dos outros, não são desiguais, são diferentes. A questão da resistência<br />
leva em consideração a identidade que tem essa relação profunda com o espiritual,<br />
que é a cultura, que é um ramo, um caminho da espiritualidade. A espiritualidade<br />
indígena os padres não conseguiram acabar. (grifo nosso).<br />
O relato evidencia que, embora estejam embutidos no sistema capitalista, muitas<br />
vezes como forma de sobrevivência, quando se subordinam à modernização da agricultura<br />
(“Eu sou o que você é”), não significa, necessariamente, a descaracterização do índio (“sem<br />
deixar de ser quem eu sou”), nem muito menos nos possibilita denominá-los de não<br />
resistentes.<br />
A resistência caminha lado a lado com a identidade, o reconhecimento de ser<br />
indígena e está cristalizada na sua própria terra, conquista da luta, porque é através dela que o<br />
poeta pode ser poeta, o amor pode ser amor (MARTINS, 1991)... e o índio pode ser índio.<br />
Como vai ser eu não sei, mas que eles vão resistir, eu não tenho dúvida!<br />
(MARIA AMÉLIA LEITE).