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TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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não contribuíram para o decréscimo da concentração de renda, que aumenta<br />

progressivamente, tampouco representaram um aumento no índice de desenvolvimento dos<br />

municípios envolvidos, em que mostram aguçadas desigualdades sociais. Ainda revelaram<br />

que o projeto irrigado possui uma dinâmica econômica independente da realidade social em<br />

que está assentado e, dessa forma, a terra do negócio também invade a terra indígena.<br />

5.3 A terra do negócio na terra indígena: a invasão do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú<br />

e a resistência dos índios tremembés – Aldeia Queimadas<br />

“(...) ânsia de justiça pela democracia de uma sociedade nova, sem<br />

expropriados nem explorados, onde o poeta possa ser poeta e o amor<br />

possa ser amor.” (MARTINS, 1991, p.p. 20-21; grifo nosso).<br />

A invasão do território indígena, por parte do agronegócio representa uma das<br />

maiores problemáticas do povo tremembé, na região Norte do estado do Ceará. Nesse<br />

processo, é sensível a participação do Estado, na figura do DNOCS, representando, na opinião<br />

do índio da aldeia Queimadas,<br />

(...) um grande fazendeiro. Essa terra todinha que tá na mão dele, ele pegou e<br />

vendeu pros outros. O Estado é um grande latifundiário. E nós aqui não quer isso,<br />

nós quer pra viver, pra escapar, criar nossos filhinho. O DNOCS foi um intrigado<br />

que nós arranjamo 118 .<br />

Teceremos, então, algumas questões relevantes sobre essa relação conflituosa, não<br />

pretendendo, no entanto, esgotar o vasto assunto sobre a temática indígena.<br />

A historiografia relata que os índios tremembés são oriundos do litoral nordestino,<br />

especialmente do Maranhão, Piauí e Ceará. Segundo Pompeu Sobrinho (1951, p. 259), “os<br />

Tremembés expulsos pelas numerosas ordas tupis, seus inimigos irreconciliáveis,<br />

concentraram-se nas praias dos Lençóis, delta do Parnaíba, e estuário dos rios Timonha,<br />

Camocim e Acaraú, que lhes proporcionavam abrigo relativamente seguro”.<br />

Às margens do rio Acaraú, uma numerosa população indígena se encontra, hoje,<br />

entre os Municípios de Itarema, Varjota, Itapipoca e Acaraú. Há, ainda, um pequeno grupo em<br />

Fortaleza, capital do Ceará, como nos esclarece Maria Amélia Leite 119 :<br />

No Conjunto Palmeiras [bairro em Fortaleza] tem uma presença muito forte dos<br />

Tremembé, porque quando eles foram expulsos, desde longas eras, eles correram<br />

para Fortaleza. Aqui tem bairros que são só Tremembé, como: Serviluz, Lagoa dos<br />

Corações, Praia do Futuro, Pirambu, toda região litorânea. A gente tem o<br />

118 Entrevista realizada em dezembro de 2009, com índio tremembé da aldeia Queimadas.<br />

119 Entrevista realizada, em novembro de 2009, com Maria Amélia Leite, missionária junto aos povos indígenas<br />

no Nordeste, desde 1978. Criou a Missão Tremembé em 1989 e, atualmente, é secretária geral da diretoria da<br />

Associação Missão Tremembé, desde 1995.

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