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Produtores 144 A figura 41 demonstra a quantidade de lotes que cada produtor desse grupo acumula, chegando um capitalista possuir 14 lotes agrícolas, configurando o uso da terra como renda capitalizada. FIGURA 41: Concentração de lotes agrícolas ativos no Perímetro Irrigado Baixo Acaraú por produtor (novembro/2009) Concentração de lotes agrícolas ativos por produtor 30 25 20 15 10 5 0 22 8 3 1 2 2 3 4 5 6 1 11 1 14 Produtores Lotes ativos Lotes agrícolas Fonte: Adaptado por Vasconcelos (2009), com base nos dados do DIBAU. Os lotes abandonados no projeto de irrigação estão, na sua maior parte, entre o grupo de especuladores, presentes na categoria de “pequenos produtores”. De posse de pessoas sem vínculos com a agricultura, motivadas pela possibilidade do rápido lucro, os lotes agrícolas acabam sendo abandonados pouco tempo depois da compra. Conforme a figura 42, 77% do total de lotes abandonados (69 lotes) estão representados pelos “pequenos produtores”, consoante pesquisa, pelos especuladores. FIGURA 42: Lotes agrícolas abandonados no Perímetro Irrigado Baixo Acaraú (novembro/2009) Lotes abandonados do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú 9 7 Pequenos produtores Técnicos Empresários 53 Fonte: Adaptado por Vasconcelos (2009), com base nos dados do DIBAU.
145 Os dados revelam que a concentração de lotes agrícolas e a especulação provêm do mercado de terras que se implantou no projeto de irrigação estudado. A terra converte-se em mercadoria, com maior destaque, pela produtividade agrícola que a terra poderá ocasionar. Silva (1989, p. 93) esclarece o conceito de mercado de terras, ao nos dizer que “por estruturação do mercado de terras entende-se a sua conversão de um simples meio de produção (cujo preço é determinado em função da acumulação patrimonial e da produção de subsistência local) em uma mercadoria negociada em função de expectativas produtivas e especulativas de agentes que levam em conta, também, os retornos do mercado financeiro”. Assim, o elevado número de lotes em nome de “terceiros”, as intensas trocas, muitas vezes ocorridas de forma direta, sem mediação estatal, a concentração de lotes agrícolas em um número reduzido de proprietários e, ainda, os lotes abandonados, são expressões da terra feita mercadoria. Enquanto ocorre essa forte e destacada concentração de terras, a população local convive com intensos problemas sociais, amargada pela modernização da agricultura, o que apenas acentuou ainda mais as desigualdades, como veremos a seguir. 5.2 Modernização da agricultura e desigualdade no Baixo Acaraú É inegável que a entrada do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú alterou a qualidade de vida das comunidades em que viera se instalar. Ao contrário do que se imagina, nem todas essas alterações foram benéficas ou, ainda, não compatíveis com a riqueza material instalada e proporcionada, por meio do consumo ao lugar realizado pelo Estado e pelos empresários. Essas mudanças decorrem da entrada de novos agentes sociais no espaço geográfico, atingindo a todos, inclusive os que não se beneficiam dessas inovações impostas e provindas de outros recantos do mundo, com a anuência estatal e ação propulsora das empresas. Os resultados são bem conhecidos pela Teoria Geográfica, como nos apresenta Santos (2008 b, p.p. 105-108): O interno é aquilo que, num momento dado, aparece como local. (...) O externo é tudo isso cuja sede é fora do lugar e tem uma escala de ação maior do que o lugar, muito embora incida sobre ele. A chegada do novo causa um choque. Quando uma variável se introduz num lugar, ela muda as relações preexistentes e estabelece outras. Todo o lugar muda. Ambos são mediadores entre o externo e o interno, entre o novo e o velho. Falamos do Estado e do mercado. As primeiras mudanças ocorrem com as desapropriações. Do grupo de reassentados formado por 43 pessoas, aqueles que não suportaram os obstáculos e desajustes
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