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TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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É a propriedade privada da terra um dos traços mais importantes na abordagem<br />

da agricultura familiar camponesa. Martins (1991, p. 14) explica: “As grandes inquietações no<br />

campo, os conflitos cada vez mais numerosos, são determinados pelo processo de<br />

expropriação da terra. A exploração do trabalho é um problema que aparece num segundo<br />

plano, muitas vezes embutida na propriedade e por ela escamoteada”.<br />

A propriedade familiar diferencia-se da capitalista. Assim, o fato de agricultores<br />

possuírem o título da terra, com os seus lotes agrícolas, seja via reassentamento ou até mesmo<br />

pela compra, não o definem como proprietários capitalistas, pois o que exprime esse tipo de<br />

propriedade é a extração da renda da terra, por meio da expropriação da força de trabalho<br />

alheio, com fins de acumular e reproduzir capital ou na possibilidade de gerá-los, assim com<br />

fazem os especuladores.<br />

Sobre esse ponto, Marx (1978, p.p. 252-253), traçando um paralelo entre os tipos<br />

de propriedade, no intuito de esclarecer a propriedade capitalista, nos diz:<br />

A forma da propriedade da terra que consideramos é uma forma especificamente<br />

histórica da mesma, a forma transmutada, por influência do capital e do modo de<br />

produção capitalista, tanto da propriedade feudal da terra, como da agricultura<br />

pequena campesina praticada como ramo da alimentação, na qual a posse da terra<br />

aparece como uma das condições de produção para o produtor direto, e sua<br />

propriedade da terra como a condição mais vantajosa, como condição para o<br />

florescimento de seu modo de produção. Assim como o modo de produção<br />

capitalista pressupõe, em geral, que se exproprie dos trabalhadores as condições de<br />

trabalho, assim pressupõe na agricultura que dos trabalhadores rurais expropriemlhes<br />

a terra e se subordinem a um capitalista que explora a agricultura com vistas à<br />

ganância.<br />

Nas figuras seguintes (30, 31 e 32), identificamos os lotes agrícolas que<br />

expressam propriedades de terra de agricultores familiares camponeses e propriedades de<br />

capitalistas da terra. Na primeira ilustração, percebemos como o agricultor Sr. José Raul<br />

Faustino, de forma simples, demarca seu território. Nas demais fotografias, realçadas pelas<br />

cercas e grades evidentes, verificamos a realidade expressa pelo que dizem Moraes e Costa<br />

(1984, p. 89): “os recursos naturais e o espaço são progressivamente açambarcados pela<br />

mercantilização e privatização. A propriedade privada do solo é a expressão maior do<br />

processo histórico de separação entre os homens e “seu” espaço”.

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