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TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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Na classificação feita pelos integrantes do Estado, há três categorias de produtores:<br />

“pequenos produtores”, técnicos agrícolas e empresários; entretanto, é necessário o<br />

entendimento de quem são esses produtores, qual a sua participação na organização territorial<br />

e a ligação com o lugar onde está implantado o perímetro irrigado, pois cada categoria está<br />

carregada de ideologia e representa estratégias utilizadas no modo de produção capitalista,<br />

especialmente com o que denominam de “pequenos produtores”, compostos também por<br />

agricultores familiares camponeses.<br />

Dessa forma, diminuem a atividade representada por esses agricultores, quando o<br />

consideram “pequenos”, ao passo que ainda pretendem embutir o sentimento de ambição e<br />

competitividade, para que eles se tornem “grandes produtores”. Isso porque o Estado<br />

capitalista considera-os como microempresários, na tentativa de homogeneizá-los aos<br />

empresários e especuladores presentes nessa categoria.<br />

Para compreender e distinguir essas diferenças, primordialmente entre agricultores<br />

familiares camponeses e empresários, apoiar-nos-emos em elementos estruturais, com base na<br />

leitura de Oliveira (2007), quando o autor dialoga sobre o agricultor familiar camponês no<br />

sistema capitalista.<br />

Os relatos dos produtores em entrevistas 66 expressaram variáveis que nos<br />

possibilitaram reconhecer, nesse território de intensa modernização, a forte presença de<br />

agricultores familiares camponeses, no seio do sistema capitalista, convivendo com inúmeras<br />

dificuldades nos lotes agrícolas. Nesse território, ainda identificamos os especuladores,<br />

pequenos capitalistas (micro-empresários), profissionais agrícolas (técnicos agropecuários) e<br />

empresários da fruticultura.<br />

As formas de produção e consumo, de comercialização, a utilização da técnica,<br />

propriedade da terra e os laços com a agricultura, se apresentam como essas variáveis que<br />

nos possibilitaram melhor ver a realidade.<br />

Na agricultura camponesa, a base da produção é familiar, visando ao consumo da<br />

família. Produzem para o próprio sustento e o excedente é comercializado. Apesar disso, o<br />

agricultor familiar camponês não se torna um capitalista por produzir mercadoria e,<br />

tampouco, por consumi-las. Apenas, inseridos no modo de produção capitalista, criam<br />

mecanismos para se susterem ante o sistema. Assim, de acordo com Oliveira (2007, p. 40), o<br />

(...) camponês difere do servo ou do escravo. Poderia-se dizer até que esse<br />

camponês, livre da servidão, produtor de mercadorias, é produto das<br />

66 Foram realizadas 56 entrevistas com os produtores do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú, entre os meses de<br />

agosto e dezembro de 2009.

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