14.10.2014 Views

TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

104<br />

Desse modo, alcançará os mercados consumidores velozmente, gerando, com isso, rápidos<br />

lucros aos proprietários de terra.<br />

Nessa condição, o caso do perímetro irrigado Curu - Paraipaba é explicativo. Para<br />

chegar a um valor de produção superior ao do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú, as áreas<br />

cultivadas e colhidas foram bem maiores, provavelmente em um tempo também superior,<br />

significando que o uso de inovações biológicas, químicas, maquinaria etc. não corresponderia<br />

à mesma quantidade daquelas presentes no Baixo Acaraú.<br />

Sob esse aspecto, Elias (2003, p. 60) tece o seguinte comentário:<br />

A terra, o trabalho e o capital foram, durante séculos, os principais fatores da<br />

produção agrícola, mas a incorporação de ciência, tecnologia e informação ao seu<br />

processo produtivo tem conduzido a horizontes jamais imaginados antes do Período<br />

Técnico – Científico – Informacional. Uma transformação essencial é justamente a<br />

reorganização da relação entre esses três fatores da produção, já que o aumento da<br />

extensão da área cultivada deixou de ser o fator exclusivo de crescimento da<br />

produção agrícola, pois o uso intensivo de capital e tecnologia elevou a<br />

produtividade do trabalho no setor, cujo avanço ocorria muito lentamente.<br />

Essa cientifização da agricultura introduzida no campo, com intensos<br />

investimentos em tecnologia, enquadra-se nos preceitos da “revolução verde” e do<br />

neoliberalismo, na busca desenfreada pela produtividade, ocorrente por meio da aplicação de<br />

capital e desenfreada exploração da força de trabalho.<br />

Estamos diante da expressão do que Santos (2001, p. 88) denominou de “meio<br />

técnico-científico-informacional” na produção agrícola, nos espaços desejados pela<br />

modernização:<br />

Os últimos séculos marcam, para a atividade agrícola, com a humanização e a<br />

mecanização do espaço geográfico, uma considerável mudança de qualidade,<br />

chegando-se, recentemente, à constituição de um meio geográfico a que podemos<br />

chamar de meio técnico- científico- informacional, característico não apenas da<br />

vida urbana, mas também do mundo rural, tanto nos países avançados como nas<br />

regiões mais desenvolvidas dos países pobres. É desse modo que se instala uma<br />

agricultura propriamente científica, responsável por mudanças profundas quanto à<br />

produção agrícola e quanto à vida de relações.<br />

Nesse caso, a ciência e a informação se aliam à técnica, dando-lhe os aparatos para<br />

garantir a sua eficácia e funcionalidade (SANTOS, 2008 a/d). Assim, a ciência é utilizada<br />

mediante intenções econômicas e políticas 60 , fazendo-nos considerar os fixos como objetos<br />

intencionalmente produzidos, reestruturando o espaço geográfico, como um “instrumento<br />

60 De acordo com o prof. Dr. Manoel Fernandes, em palestra proferida na Universidade Federal do Ceará – UFC<br />

(agosto de 2008), a ciência é um ato social: política, humana, datada e conflituosa. Revela tramas sociais,<br />

disputas por mercados e instituições, pois não há ciência apolítica.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!