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102 A concepção do perímetro irrigado carrega consigo os seguintes objetivos: modernizar a agricultura, atrair empresários e incluir a população local no ramo do agronegócio, sob o discurso da “geração de emprego e renda 59 ”, conforme apresentam os documentos do DNOCS: Com a implantação de áreas irrigadas pretende-se, além da geração de benefícios econômicos diretos decorrentes da produção, o direcionamento de fluxos econômicos para as regiões estagnadas, dinamizando tanto o setor primário baseado na produção de sequeiro, bem como os outros dois setores da economia, criando necessidades de insumos e serviços. (PRONI; DNOCS, 1987, p. 4). A inserção da agricultura cearense nas transações internacionais, entretanto, para atender as demandas do mercado externo, constitui-se como principal finalidade do modelo de irrigação idealizado pela iniciativa privada e incentivado pelas ações estatais, como foi a criação do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú. Assim, em todo o Nordeste, apenas os Perímetros Irrigados Jaguaribe-Apodi, Tabuleiro de Russas e o Baixo Acaraú, no Ceará, e o Perímetro Irrigado Brumado, na Bahia, possuem como perspectiva o mercado europeu, como ilustrado no quadro 11. QUADRO 11: Perspectiva de venda dos produtos agrícolas dos perímetros irrigados do Ceará PERSPECTIVA DE MERCADO DOS PERÍMETROS IRRIGADOS DO CEARÁ PERÍMETROS IRRIGADOS MERCADOS CONSUMIDORES Araras Norte Sobral, Fortaleza e São Luiz Ayres de Souza Sobral e Fortaleza Baixo Acaraú São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, São Luiz, Teresina, Fortaleza, Acaraú e Europa Curu – Paraipaba Paraipaba, Fortaleza, Teresina e São Paulo Curu - Pentecoste Pentecoste e Fortaleza Ema Iracema Forquilha Forquilha, Sobral e Fortaleza Icó - Lima Campos Icó, Juazeiro, Crato e Fortaleza Jaguaribe - Apodi Limoeiro do Norte, Fortaleza e Europa Jaguaruana Jaguaruana e Fortaleza Morada Nova Morada Nova, Iguatu e Fortaleza Quixabinha Crato, Fortaleza e Recife Tabuleiro de Russas São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Fortaleza e Europa Várzea do Boi Tauá e Fortaleza Fonte: Coordenação de tecnologia e operações agrícola (Ministério da Integração). 59 No site do Perímetro Irrigado Baixo Acaraú, encontra-se a divulgação do referido projeto de irrigação da seguinte forma: A parceria do Estado (Ministério da Integração) com o BIRD, resultou “na implantação de uma das mais modernas e funcionais obras de irrigação existente na América Latina e até mesmo do mundo, proporcionando assim reais condições aos produtores nele instalados para desenvolverem a prática do sistema produtivo irrigado da melhor e mais produtiva forma possível, o que dará a toda a região abrangida pelo Perímetro um crescimento concreto, com geração de emprego e renda”. (www.baixoacarau.com.br; grifo nosso)
103 A fruticultura compõe a maior parte da produção, destacando-se as lavouras de banana, mamão e melancia. Agricultura de sequeiro, contudo, também é amplamente cultivada, especialmente pelos agricultores familiares camponeses, presentes no perímetro. Os dados referentes à produção de frutas dos projetos de irrigação cearense apontam que durante o ano de 2008, de 1.874,11 hectares cultivados no Perímetro Irrigado Baixo Acaraú, os frutos colhidos em 1.033,22 hectares geraram R$ 7.833.173,4, encorpando as estatísticas do Estado do Ceará (quadro 12). QUADRO 12: Produção agrícola (frutas) dos perímetros de irrigação do Ceará - 2008 PRODUÇÃO AGRÍCOLA (FRUTAS) DOS PERÍMETROS IRRIGADOS DO CEARÁ 2008 Perímetros Irrigados Área Área colhida (ha) Valor da produção (R$) cultivada (ha) Tabuleiro de Russas 2.128,95 1.298,51 30.422.371,30 Jaguaribe – Apodi 1.150,25 938,00 9.008.352,1 Baixo Acaraú 1.874,11 1.033,22 7.833.173,4 Curu – Paraipaba 2.439,84 2.290,05 7.870.086,8 Araras Norte 636,88 451,8 2.972.011,0 Icó - Lima Campos 142,46 93,5 1.566.088,0 Curu - Pentecoste 201,60 167,40 441.229,89 Quixabinha 67,00 65,50 302.076,0 Jaguaruana 108,00 66,5 198.880,00 Morada Nova 20,60 9,10 65.632,45 Forquilha 7,40 6,90 19.007,1 Várzea do Boi 2,75 1,60 5.605,00 Ema * - - - Ayres de Souza * - - - Fonte: DNOCS, 2008. * Dados não informados pelo DNOCS. Essas informações indicam que quanto mais intenso for o uso dos elementos da técnica, ciência e informação, maior rentabilidade econômica a terra proporcionará; ou seja, menor área cultivada produzirá mais frutos, quanto maior for a utilização de insumos artificiais, máquinas, tecnologia, organização da produção etc., em menor tempo de trabalho.
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