relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg

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No gráfico 26, diante dos núcleos induzidos: “Você acha que há vantagens em estar nesta
organização? Quais?” e “Você acha que há desvantagens em estar nesta organização? Quais?”, do
discurso dos trabalhadores emergiram dois núcleos de pensamentos: Vantagens e Desvantagens. No núcleo
Vantagens, os trabalhadores declararam que sim, há vantagens em termos de salário, estabilidade, horário,
valorização profissional, ambiente, plano de carreira e benefícios. Os trabalhadores consideram esses
indicadores como vantagens em relação à organização, porque, como disseram em seus discursos, só
conhecem essa realidade. No núcleo de pensamento Desvantagens, eles relataram que sim, há desvantagens
no que tange à intervenção política, limitação da experiência profissional e à rotina. Segundo declararam, tais
desvantagens são em virtude de conhecerem somente essa realidade.
No discurso dos gestores, estes afirmaram que as vantagens de estar na organização é por ela
ser sólida, pagar os seus trabalhadores em dia, oferecer-lhes benefícios, oferecer estabilidade, liberdade,
salário compensador e por existir uma compreensão por parte das pessoas. Já em relação às desvantagens, os
gestores relataram que elas fazem com que o trabalhador se acomode, fique muito limitado e perca o
referencial do mercado externo.
Nota-se que, tanto para o grupo G1 quanto para o grupo G2, estar trabalhando na Interprise
tem vantagens e desvantagens. Contudo, as vantagens superam as desvantagens. Na percepção desses
indivíduos, as vantagens concentram-se principalmente no salário, estabilidade e benefícios, dentre outras,
justamente benefícios que, praticamente, só as organizações públicas oferecem. Essas vantagens, peculiares
às organizações públicas, são um grande diferencial na busca de uma colocação em seu quadro de
trabalhadores.
Na ótica de trabalhadores de organizações públicas, há uma representação social de que as
vantagens oferecidas por essas organizações são sempre maiores que as desvantagens. Conforme Carbone
(2000) salienta, porém, esses trabalhadores sempre necessitaram possuir habilidades diplomáticas nas suas
relações de trabalho, para não produzirem divergências com a administração pouco competente dos gestores.
Nas organizações públicas, são as relações de estima e os jogos de influência os verdadeiros indicadores de
poder. Na Interprise, às vezes, para o trabalhador conseguir um benefício, numa emergência, se ele não
possuir esse jogo de influência e as relações de estima, dificilmente consegue. Há até um tratamento
diferenciado entre os que possuem essas condições e os que não as possuem. O prazo para obtenção de tal
benefício, para uns, é imediato, para outros, é necessário uma espera de até dois, três, quatro dias, quando não
uma semana.
Apesar de já existir uma grande gama de vantagens oferecidas pelas organizações públicas,
segundo Pimenta (1998), a Constituição promulgada em 1988, paradoxalmente, criou uma série de direitos e
garantias aos trabalhadores de organizações públicas, que sobrecarregaram as despesas do Estado: é o caso da
estabilidade desses trabalhadores, da obrigatoriedade de implantação do regime jurídico na área de pessoal,
que aumentou seus direitos e garantias e da igualdade de vencimentos para cargos assemelhados, entre
outros.
Já as desvantagens, apontadas tanto pelo grupo G1 como pelo grupo G2, são inerentes a
organizações públicas, como a interferência política, a rotina, a acomodação, dentre outras. O que se percebe
é que essa visão se torna limitada por conhecerem somente a realidade à qual estão inseridos, por perderem o
senso crítico e alienarem-se, conforme trechos de entrevistas: