relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
293<br />
Por outro lado, há uma percepção, tanto pelo grupo G1 como pelo G2, de que a Interprise tem<br />
como princípios que a orientam a busca pela valorização do trabalhador, seu crescimento profissional e a<br />
vantagem, oferecida somente por organizações públicas, da estabilidade no emprego. Manifestam que se trata<br />
de uma organização que atua com transparência nas suas ações e com os trabalhadores. Percebe-se, porém,<br />
que essa percepção não é da totalidade de seus trabalhadores, gerando um paradoxo existente dentro da<br />
organização, até porque as organizações públicas nunca foram bem vistas pela população em geral, nas suas<br />
ações. Essa é uma visão bastante arraigada na sociedade. Eis um trecho de <strong>entre</strong>vista que exemplifica tal<br />
situação:<br />
[...] ainda existe muito isso na Interprise. Coação, nós já fomos coagidos, aí num processo aí, que<br />
nós tinha de hora extra, o pessoal foi todo coagido a desistir do processo. Na época, eu.... eu falei,<br />
inclusive, na televisão, que não deveria porque é... é... crime, coação era crime. E aí eu... aí eu<br />
envolvi toda a diretoria como culpada dessa coação (TS10).<br />
Schall (1997) afirma existir um conflito nas organizações públicas <strong>entre</strong> os trabalhadores e os<br />
indivíduos integrantes da cúpula, uma vez que estes últimos não pertencem ao quadro efetivo da organização<br />
e, portanto, possuem funções temporárias. Esse conflito pode gerar pouco empenho em relação aos<br />
procedimentos que vão contra interesses corporativos, ou seja, existe a consciência por parte dos<br />
trabalhadores de que a cúpula logo será substituída.<br />
Fica evidente também uma percepção, por parte do grupo G2, de que a Interprise, apesar de ser<br />
uma organização pública que atua no mercado goiano há mais de trinta anos, possui <strong>valores</strong>, mas não tão<br />
estabelecidos, enraizados, porque a cada gestão, uma nova equipe de administradores é escolhida para<br />
compor sua cúpula e responsabilizar-se por sua gestão, conforme já analisado e discutido nos gráficos 12, 13,<br />
18 e 19.<br />
O que se apreende disso é que elementos como cultura, interferências políticas,<br />
descontinuidade de processos, estabilidade funcional, procedimentos altamente burocratizados e sujeitos à<br />
legislação, podem adquirir vários significados, dependendo da situação ou do contexto no qual se insere, para<br />
cada gestão que se ocupa de administrar a Interprise, no sentido de estar impondo seus <strong>valores</strong> na<br />
organização.<br />
Gráfico 22: Discurso dos trabalhadores da organização Interprise, ao serem perguntados: “Você<br />
conhece o PQVT da Interprise? Como ficou sabendo dele?” e “Já participou de alguma atividade do<br />
PQVT? Qual? Como foi?”