relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
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trabalhadores emergiram dois núcleos de pensamento: Sentimento e Ação. No núcleo de pensamento<br />
Sentimento, os trabalhadores declararam sentirem-se, diante de uma situação dessas, agoniados, frustrados,<br />
mal, arrasados, com medo e inseguros. No núcleo de pensamento Ação, eles relataram que quando se<br />
deparam com uma situação assim, submetem-se e cumprem ordens. Outros afirmaram que suas reações<br />
frente a uma situação dessas é de recusa, resistência, discussão, preenchimento de relatórios e assinatura de<br />
documentos contra a sua vontade.<br />
No gráfico 19, diante do núcleo induzido: “Quando no desempenho de suas funções, você<br />
precisa fazer algo que não coincide com os seus <strong>valores</strong>, o que acontece com você?”, do discurso dos<br />
gestores emergiram quatro núcleos de pensamentos: Se Puder Não Faz, Contesta, Mal e Todos os Dias. Em<br />
Se Puder Não Faz, os gestores afirmaram que se puder eles não fazem a atividade designada a eles. Em<br />
Contesta, os gestores relataram que contestam tal tarefa a ser desempenhada por eles, mas aceitam fazer<br />
desde que prevaleça a honestidade e o respeito. No núcleo de pensamento Mal, eles declararam que se<br />
sentem mal, em conflito, que até acatam a ordem para o desempenho da atividade, mas deixam claro que é<br />
contrário à ação. No núcleo Todos os Dias, eles manifestaram, em seus discursos, que todos os dias<br />
acontecem essas divergências <strong>entre</strong> as funções desempenhadas e os seus <strong>valores</strong>. Com isso sentem-se<br />
ultrajados e sempre levam para seu superior hierárquico a decisão de acatar ou não a ordem de desempenhar<br />
a atividade.<br />
Apreende-se que tanto o grupo G1 quanto o grupo G2, frente às divergências <strong>entre</strong> seus <strong>valores</strong><br />
<strong>individuais</strong> e as atividades realizadas na Interprise, relataram comportamentos variados. Afirmaram que se<br />
sentem mal, inseguros, com medo e em conflito quando passam por esses momentos. Outros, que se<br />
submetem à ação e cumprem as ordens determinadas. Às vezes, resistem, discutem, recusam-se a fazer, até<br />
mesmo a assinar documentos que os comprometam, mas o sentimento de submissão se sobrepõe e eles<br />
cumprem o que a organização ordena. O interessante que se nota no discurso dos gestores é que são fatos que<br />
acontecem diariamente nessa organização. Há casos em que é solicitado que se crie uma unidade dentro de<br />
um setor somente com o intuito de pagar gratificação ao indivíduo contemplado pelo jogo político da<br />
organização. Por ser uma organização pública, a Interprise serve-se dessa estratégia para atender a<br />
determinados indivíduos. Eis alguns trechos de <strong>entre</strong>vista que contempla tais situações:<br />
Olha, eu me sinto mal (TS5).<br />
Faço porque sou obrigada, né? Mas...fico realmente arrasada, né? (TS6).<br />
[...] se eles querem assim, tudo bem, mas, eu não concordo com isso, mas, já que é pra ser feito<br />
desta maneira, aí eu fico chateada também, fico mesmo. Mas já que é pra fazer. E quando tem, é<br />
como eu, quando tem jeito deu não assinar aquilo, eu não assino não, sabe? Porque... eu não penso<br />
daquele jeito, não é aquilo que eu acho. Agora, quando não tem, com quanto não me prejudique lá<br />
na frente, aí eu assino, mas eu deixo muito claro que não penso assim e não é isso que eu quero<br />
(TS1).<br />
Ih! Todos os dias. Como eu sou gerente de [...] muitas solicitações são feitas em nome das pessoas e<br />
não dos processos, ou seja, “não, [...] é... você teria que criar uma unidade [...], vai ter uma<br />
gratificação, porque nós precisamos atender determinadas pessoas” (GS4).<br />
Segundo Tamayo e Gondim (1996), os <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong> podem ser analisados em dois<br />
níveis distintos da percepção ou da concepção da organização: real e ideal. O nível real refere-se aos <strong>valores</strong>