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relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg

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Esses discursos revelam a presença de uma grande contradição da organização, em relação ao<br />

que é transmitido pela socialização organizacional, com as práticas desenvolvidas. Essa contradição<br />

percebida pelos trabalhadores e gestores deixa-os em uma situação de conflito no momento de decisões. De<br />

um lado são estimulados pelos conteúdos e idéias transmitidos na socialização organizacional, de outro são<br />

punidos por agirem conforme o ensinado.<br />

De acordo com Pagès (1993), esse é um jogo que as organizações praticam para garantir a<br />

manutenção da coerência do sistema. Às vezes, os trabalhadores são pressionados a transgredirem as regras<br />

em favor do próprio interesse da organização, porém, são punidos. Assim, tem-se a manutenção das regras<br />

em posição de centralidade. As mesmas situações que permitem aos trabalhadores exercer sua autonomia são<br />

as mesmas que transmitem a eles que não estão “cobertos”. Os trabalhadores têm o sentimento de afrontar a<br />

organização ao mesmo tempo em que a servem.<br />

Em relação à percepção dos grupos G1 e G2 de que esses <strong>valores</strong> são congruentes, manifestam<br />

suas posições declarando que tanto os <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> como <strong>organizacionais</strong> têm objetivos comuns e<br />

buscam um futuro melhor tanto para os trabalhadores como para a organização. E, caso contrário, se esses<br />

mesmos <strong>valores</strong> fossem divergentes, eles se sentiriam mal.<br />

É interessante comentar que a diferença <strong>entre</strong> aqueles trabalhadores que afirmam haver<br />

divergências <strong>entre</strong> os <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> e os <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong> e aqueles que relatam haver<br />

convergência <strong>entre</strong> esses mesmos <strong>valores</strong>, sinaliza o nível de socialização organizacional em que se<br />

encontram. Pressupõe-se que os trabalhadores aos quais os <strong>valores</strong> são contraditórios, são trabalhadores com<br />

pouco tempo de serviço na organização, demonstrando que ainda predominam seus <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong>. Já os<br />

trabalhadores que consideram que esses <strong>valores</strong> são congruentes, ou seja, as divergências são menos<br />

ressaltadas, são trabalhadores com mais tempo de serviço na organização, portanto, estão em estágio mais<br />

avançado do processo de socialização organizacional, ou se conformaram, isto é, optaram pela submissão a<br />

eles.<br />

A adesão ao sistema de <strong>valores</strong> é feita, principalmente, por meio das técnicas de socialização e<br />

integração dos trabalhadores, em que os mesmos são submetidos a rituais, cerimônias, treinamentos e<br />

acompanhamentos, com o objetivo de contribuir para a manutenção desses <strong>valores</strong>, conforme a análise de<br />

Fleury et al. (1996, p.26): “Quando o gerenciamento da cultura implica a manutenção dos padrões vigentes,<br />

as possibilidades de planejamento e controle dos elementos simbólicos reforçadores do tecido cultural são<br />

maiores: investem-se assim em desenvolver os ritos, os rituais ou as práticas <strong>organizacionais</strong> [...]<br />

mantenedoras dos <strong>valores</strong> básicos da organização.”<br />

Quanto àqueles, tanto do grupo G1 como do G2, que tiveram uma visão parcial da congruência<br />

dos <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> e <strong>organizacionais</strong>, partem do pressuposto de que, às vezes, o pensamento e as ações<br />

da organização são opostos aos dos trabalhadores, gerando um conflito. Há momentos em que a valorização<br />

do trabalhador que a organização tenta transmitir não é condizente com aquela que os trabalhadores buscam,<br />

demonstrando, com isso, uma divergência com os <strong>valores</strong> da cúpula que administra a organização. Eis<br />

trechos de <strong>entre</strong>vista que exemplifica tais situações:<br />

Nem sempre. Às vezes você fica um pouco desmotivado, porque, às vezes, você se sente<br />

desvalorizado (TS9).

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