relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
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dirigentes da organização. No núcleo de pensamento Não, os gestores relataram que não são congruentes os<br />
seus <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> com os <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong>, porque os <strong>valores</strong> da organização são confusos, nem<br />
os trabalhadores os aceitam; são conflitantes e a cúpula da organização se torna contraditória exigindo que se<br />
pratique a ética sem ela própria praticá-la. No núcleo de pensamento Sim, os gestores afirmaram que os<br />
<strong>valores</strong> da organização combinam com os seus <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong>, porque, caso contrário, ficariam mal.<br />
Nota-se que a percepção que os grupos G1 e G2 tiveram quanto à congruência <strong>entre</strong> os <strong>valores</strong><br />
<strong>individuais</strong> e os <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong> foram no sentido de afirmar que há uma identificação <strong>entre</strong> eles.<br />
Contudo, alguns afirmaram que essa identificação não é total, mas parcial. Porém, há também uma<br />
divergência <strong>entre</strong> os mesmos.<br />
Em relação aos que afirmaram existir uma divergência <strong>entre</strong> os seus <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> e os<br />
<strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong>, alegaram que o poder existe na hierarquia da organização, pois a Interprise sempre<br />
consegue sobrepor os seus <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong> aos <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> dos trabalhadores, conforme já<br />
analisado e discutido nos gráficos 1 e 2. E também, como já analisado e discutido nos gráficos 12 e 13, a cada<br />
gestão na Interprise a cúpula da organização modifica normas, prioridades e procedimentos que, de uma<br />
forma indireta, atingem os <strong>valores</strong> da organização, conforme identificados pelos trabalhadores na gestão<br />
passada. Isso vem demonstrar o poder que vem de fora da organização e é exercido em sua hierarquia. Há<br />
também divergência <strong>entre</strong> os <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> e <strong>organizacionais</strong>, quanto à interferência da política na<br />
organização, causando conflito <strong>entre</strong> tais <strong>valores</strong>. Isso porque a intervenção política, quando acontece, tenta<br />
conduzir as atividades da organização a um fim desejado, ou desviá-las de um fim não desejado, causando<br />
frustração aos trabalhadores, além de conflito, porque a cúpula da Interprise exige uma ética dentro da<br />
organização, como valor, sem praticá-la. Ou seja, os dirigentes da organização não praticam o que é prescrito<br />
e ensinado, deixando os <strong>valores</strong> confusos e fazendo com que os trabalhadores não acreditem neles. Eis<br />
trechos de <strong>entre</strong>vistas que exemplificam tais situações:<br />
[...] Embora tenha muita coisa que, às vezes, tenha uma certa determinação hierárquica, que eu vejo<br />
que poderia relevar, mas, como eu digo, é... existe uma hierarquia, sou subordinada, muitas vezes eu<br />
entro até em conflito, hierárquico mesmo (TS1).<br />
[...] A empresa gira em torno político também, ela tem seus interesses políticos, então, não dá para<br />
você focar muito dentro dessa organização para saber qual que é o seu interesse, o interesse da<br />
empresa em você e o seu interesse na empresa. [...] Agora, a empresa, ela tem essas condições todas,<br />
porque é uma empresa que... para o mercado é uma empresa que envolve ser humano, mas a política<br />
tem hora que vem aos pouquinhos e estraga essa fatia aí, vai tirando as fatias (TS3).<br />
São conflitantes. Porque, por exemplo, exigir das pessoas que estão numa organização, que de<br />
alguma forma ou de outra, tem ingerência política muito grande, exigir dessas pessoas que elas<br />
tenham comportamento ético, é no mínimo presunção, no mínimo preciosismo (GS4).<br />
A Interprise não tem esses <strong>valores</strong> estabelecidos, os <strong>valores</strong> da Interprise como a gente colocou<br />
dentro da política da qualidade “A Interprise somos nós” é... justiça, lealdade, liberdade de<br />
expressão, a gente colocou mas nem o próprio pessoal da Interprise aceita aquilo como sendo uma<br />
coisa, né? Harmonia, né? é... treinamento para o desenvolvimento, nem o pessoal da Interprise não<br />
acredita, né? “Ah! Isso não existe, aqui oh! Tá falando em justiça” quer dizer, houve injustiça, não<br />
sei o que, né? (GS2).