relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg

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Segundo ainda o mesmo autor, seria falácia equacionar os valores da organização com as
finalidades e metas dos seus membros. A organização possui uma estrutura de valores que não combina
necessariamente com os valores de seus trabalhadores e que, inclusive, pode ser conflitivo, no todo ou em
parte, com os deles. Eis um trecho que exemplifica tal situação:
É que nós devemos lutar mais pelo...pela empresa, que faz parte da nossa vida. Isso aí que a gente
tem que...a gente já...colocar politicamente, né? aí, né? é difícil, mas...a gente...o que eu penso dos
valores dela é que ela é muito importante pra gente, pra nossos valores (TS11).
Quanto à percepção que o grupo G2 teve em relação aos valores da Interprise, houve gestores
que se recusaram a relatar quais seriam esses valores. O que se apreendeu por meio da entrevista com eles foi
um sentimento de injustiça e ações não tão éticas, que fazem parte do dia-a-dia da organização.
Dejours (1992, p.150) afirma que “haveria no silêncio de um comentário uma postura tão
ativa e específica quanto na sua presença.” Em outras palavras, parece que falar dos valores da Interprise é
ter de ocultar uma contradição existente dentro da organização em relação a esses valores e sua execução por
ela.
Outros, porém, manifestaram que a Interprise prioriza o respeito pelo cliente, a honestidade, o
desenvolvimento, a comunicação, a amizade, a presteza e a saúde.
O que se percebe é que a maioria desses valores são característicos de conservação.
Tamayo (1996) afirma que os valores de conservação enfatizam a manutenção do status quo na
organização, da interdição de comportamentos que possam perturbar as normas e as tradições da organização.
São organizações onde a iniciativa e a criatividade dos trabalhadores não são promovidas, porque a ênfase é
dada às tradições e à conservação do status quo, aos caminhos e às soluções já conhecidas e testadas pela
organização no passado.
A Interprise, por se tratar de uma organização pública com suas normas e procedimentos
engessados pela burocracia, revela, com seus valores organizacionais, embora se traduza apenas uma visão
parcial da cultura organizacional, valores de conservação, uma vez que por trabalhar com a saúde da
população, transmitir honestidade, limpeza, segurança e prestígio é essencial para o desenvolvimento de seu
trabalho.
Por outro lado, houve opiniões do grupo G2 de que a Interprise, por ser uma organização
bastante hierarquizada, os seus valores estão também setorizados e, por isso, esses valores não são
organizados, ou seja, não são valores estabelecidos, enraizados. Isso porque a Interprise possui uma
rotatividade em sua diretoria, de quatro em quatro anos, e que acompanha a mudança de governo no Estado
de Goiás, por ser uma organização pública. Cada diretoria que toma posse na organização modifica seus
objetivos e metas, atingindo de forma indireta os valores organizacionais. O resultado disso é uma cultura
difusa, onde se convive com características e não com valores diferentes em cada gestão. Alguns valores,
porém, ela consegue manter em sua cultura, como a liberdade de expressão e a democracia. Eis um trecho de
entrevista que exemplifica tal situação:
Eu não consigo definir a Interprise por seus valores. Porque eu acho que é...é setorizado. Se você
pegar por unidades, tem características daquela unidade que não tem nas outras. Essa empresa ainda
tá com uma cultura muito difusa, não tem ainda valores arraigados. [...] A Interprise ela tem