relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
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A percepção do grupo G1 e do grupo G2, quanto à sensação diante dos <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong><br />
da Interprise, refere-se ao que foi percebido no início e ao que sentem atualmente.<br />
Dessa forma, alguns indivíduos, tanto do grupo G1 como do grupo G2, declararam que no<br />
início se sentiram encantados pela beleza e organização da Interprise, reforçando o sentimento de uma<br />
carreira profissional promissora e de felicidade, até pelo fato de alguns deles terem vindo de organizações<br />
privadas onde as regras são mais claras e rígidas e as exigências são muito maiores.<br />
Por outro lado, o impacto dos <strong>valores</strong> da organização provocado em indivíduos desses mesmos<br />
grupos, gerava uma sensação de choque, uma sensação de que a política atrapalhava, causando dificuldades,<br />
sentimentos de desvalorização, humilhação, desrespeito e constrangimento. Alguns alegaram a inexistência<br />
desses <strong>valores</strong> dentro da Interprise. Talvez esse impacto tenha ocorrido pela falta de costume com tantas<br />
regras que compõem a burocracia de organizações públicas, que tiveram não só de ser assimiladas, mas até<br />
incorporadas via alteração de <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> que as poderiam embasar. Eis trechos de <strong>entre</strong>vista que<br />
exemplificam tais situações:<br />
Olha, eu senti é bem confortável, porque isso vai, de certa forma, de encontro ao que a gente<br />
procura. É uma empresa boa de trabalhar (TS5).<br />
Me senti bem. Me senti bem, porque eu vinha vindo de empresa privada. No início foi difícil. Difícil<br />
assim, não exigia tanto qual na empresa privada, né? Na empresa privada a exigência é maior. Eu vim,<br />
quando eu <strong>entre</strong>i aqui na Interprise, eu vi que não tinha toda aquela exigência de empresa privada (TS7).<br />
[...] Limpa e transparente, nisso aí, mas...a política tem hora que deixa a desejar. Tem pessoas que<br />
às vezes ocupam certos é...cargos de confiança na empresa que às vezes não tem aquela performance aquele<br />
conhecimento. A gente se sente assim humilhado, a gente se sente prejudicado. A gente sente desrespeitado<br />
(TS3).<br />
[...] Eu confesso que eu me choquei muito quando eu cheguei a ver os <strong>valores</strong> da organização.<br />
E...assim...até hoje me choco com eles. Tanto me choco, que eu não me acostumei com eles ainda (GS4).<br />
Pode-se verificar como as normas, os princípios ou crenças que orientam o funcionamento e a<br />
vida da organização, ao mesmo tempo que se constituem em restrições, que geram sentimentos negativos,<br />
após assimilados podem gerar sentimentos de adaptação e adequação. Por isso são importantes no processo<br />
de socialização, conforme já discutido nas análises dos gráficos 1, 2, 3 e 4.<br />
A respeito das normas, Lima (1997) assinala que elas são, a princípio, um conjunto de<br />
mecanismos de controle que abrangem os sistemas institucionais operacional, punitivo, de recompensas, de<br />
controle, coordenação, etc., permitindo o acompanhamento dos indivíduos e das rotinas mediante processos<br />
comparativos. Um sistema normativo racional e equilibrado dá sensação de segurança, tanto para os<br />
trabalhadores quanto para os patrões, já que representa um roteiro formalizado e validado pela chefia em