relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
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tendo, com isso, de se adaptarem à dinâmica da organização. Isso pode ser verificado nas análises dos<br />
gráficos 1 e 2, quando se discute a força que os <strong>valores</strong> <strong>organizacionais</strong> exercem sobre os <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong>.<br />
Argumentam também que as expectativas não se confirmaram em virtude da interferência política que causa<br />
um retrocesso na organização e gera insegurança <strong>entre</strong> os trabalhadores. Eis um trecho de <strong>entre</strong>vista que<br />
exemplifica tal situação:<br />
A estrutura é muito grande, é ótimo a estrutura. Tem condições de trabalho, tem condições de<br />
crescer, tem condições de coisas inovadoras, mas agora a política vem podando isso aí ao longo dos anos. A<br />
política, ela pode isso aí. Você pensa: “Pôxa! Agora eu consegui alguma coisa na empresa, eu vou subir de<br />
cargo, meu salário vai melhorar”. Mas aí o que acontece? Vem e muda de governo. Em outra palavra, volta<br />
à estaca zero, então você pensa que tá indo, você já tá é voltando (TS3).<br />
De acordo com Vaitsman (2001), nas organizações públicas, por um lado, permanecem as<br />
tradicionais práticas de loteamento político de cargos, clientelismo e um baixo grau de consciência na hora da<br />
prestação de contas pelos detentores de altas posições governamentais e administrativas; e de outro, também<br />
permanecem boa parte dos que não têm acesso a essas posições, gerando desconfiança e descrédito em<br />
relação aos “políticos” e “aos de cima”.<br />
A Interprise, por ser uma organização pública, desde sua fundação esteve vulnerável às<br />
orientações político-partidárias de quem ocupava o comando maior do Estado e também a administração de<br />
pessoal.<br />
Em relação ao grupo G2, os gestores declararam que não houve surpresas quanto às suas<br />
expectativas, até mesmo porque não existia uma idéia pré-concebida de como seria trabalhar na organização.<br />
Acharam melhor que a própria convivência do dia-a-dia mostrasse a realidade da Interprise. Nota-se que há<br />
menos frustração por parte dos gestores do que dos trabalhadores.<br />
As expectativas frustradas dos trabalhadores reportam-se ao fato de estarem mais distantes do<br />
poder, ou seja, na base da organização, passando, às vezes, por algumas situações onde precisam de apoio e<br />
não encontram, como por exemplo, em uma defesa relativa a infração de regulamentos. Já os gestores, são<br />
todos indivíduos qualificados, ocupantes de altos cargos e bem próximos ao poder, ou seja, são indivíduos<br />
com acesso ao controle de recursos, habilidade técnica, corpo de conhecimento crítico, prerrogativas legais e<br />
trânsito livre junto aos poderosos. Eis um trecho de <strong>entre</strong>vista que exemplifica tal situação:<br />
[...] Eu já ocupei vários postos aqui, várias posições, só falta ser diretor, então eu acho que... Nesse<br />
período todo eu quis fazer aí, fazer como profissional, fazer como gerente e graças a Deus eu sou<br />
muito respeitado aqui hoje (GS2).<br />
O que se percebe hoje na Interprise é uma relação marcada por grande distância do poder,<br />
delimitada por normas, de acordo com a hierarquia.