relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
relações entre valores individuais, valores organizacionais e ... - Ucg
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
266<br />
No gráfico 6, diante do núcleo induzido: “O que você imaginava sobre a organização<br />
confirmou-se ou não?”, do discurso dos gestores emergiram quatro núcleos de pensamentos: Não, Deixou<br />
Acontecer, Positivas e Sim. No núcleo de pensamento Não, os gestores declararam que não tinham nenhuma<br />
idéia pré-concebida da organização, pois conheceram a realidade depois de nela entrarem. Os gestores<br />
expressam tal representatividade, por exemplo, no trecho seguinte:<br />
“Na realidade, eu não tinha nenhuma idéia na época. É, eu fui conhecer a partir do momento que eu<br />
<strong>entre</strong>i aqui, como era o trabalho de uma empresa. Mas não tinha nenhuma idéia, não tinha nenhum<br />
pensamento pré-concebido como seria.” (GS1)<br />
Em Deixou Acontecer, os gestores relataram que deixaram acontecer. Expressam tal<br />
representatividade, por exemplo, neste trecho:<br />
“[...] deixei o dia ir acontecendo, né? O dia acontecendo e faz 30 anos” (GS2)<br />
No núcleo Positivas, os gestores confirmaram suas expectativas positivas, mas, em relação às<br />
expectativas negativas, não confirmaram. No núcleo de pensamento Sim, eles manifestaram, em seus<br />
discursos, que suas expectativas se confirmaram em relação à organização, não tendo maiores surpresas.<br />
Apreende-se que no grupo G1 alguns trabalhadores confirmaram suas expectativas em relação<br />
ao trabalho na Interprise, no sentido de que teriam chances de crescimento, satisfação e, acima de tudo, de<br />
busca pela sobrevivência, conforme discutido na análise dos gráficos 3 e 4.<br />
Percebe-se que ocorre na sociedade essa representação social, bastante arraigada, de que a<br />
busca de um emprego em uma organização pública será sempre transformado em uma carreira com grandes<br />
chances de crescimento, satisfação e sustento para o resto da vida. De fato, é uma realidade que também<br />
acontece na Interprise, mas para que o trabalhador consiga todas essas vantagens, é necessário muito jogo<br />
político, muita manobra, amigos influentes e habilidades diplomáticas. Aqueles que não possuem esses<br />
diferenciais permanecem estagnados por longos períodos em suas funções, ou mesmo até à aposentadoria.<br />
Eis um trecho de <strong>entre</strong>vista que exemplifica tal situação:<br />
Concretizou, nossa! Uma empresa excelente aqui...A Interprise foi tudo pra mim. Tudo o que eu<br />
tenho hoje, ela participou, foi a Interprise que me deu. Às vezes eu vejo alguém falar mal da Interprise, eu<br />
falo: “Oh! Calma aí”. É uma empresa que...por mim...ficava aqui até mais tempo. (TS7).<br />
Segundo Carbone (2000), se fosse possível estabelecer um comportamento de sucesso ou de<br />
sobrevivência pessoal dentro do setor público, ele teria pouco a ver com atributos como empreendedorismo,<br />
capacidade de inovação, ousadia ou competência técnica. O que se valoriza no indivíduo que trabalha em<br />
organizações públicas é a sua capacidade de conciliar interesse, contornar conflitos e mostrar aquilo que não<br />
é.<br />
Já para outros trabalhadores do grupo G1, as expectativas não se confirmaram em relação a<br />
Interprise, porque os <strong>valores</strong> propagados por ela são divergentes dos <strong>valores</strong> <strong>individuais</strong> dos trabalhadores,