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Director: Gonçalo Sousa Uva | Segunda-feira, 20 de - Mundo ...

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[ fugas ]<br />

Inter Rail,<br />

a solução<br />

do jovem<br />

viajante.<br />

[ play ]<br />

Polémica<br />

nos EUA. Jogos<br />

geram violência:<br />

sim ou não?<br />

[ 7.ª arte]<br />

O Homem<br />

morcego voltou.<br />

Mais real<br />

que nunca!<br />

PUB<br />

P. 7<br />

P. 9<br />

P. 18<br />

<strong>Director</strong>: <strong>Gonçalo</strong> <strong>Sousa</strong> <strong>Uva</strong> | <strong>Segunda</strong>-<strong>feira</strong>, <strong>20</strong> <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> <strong>20</strong>05 | N.º 21 | Quinzenal | distribuição gratuita | www.mundouniversitario.pt<br />

Zé<br />

brasileiro<br />

P. 10 e 11<br />

Portugal veste-se<br />

<strong>de</strong> erotismo<br />

P. 4<br />

PRÓXIMA EDIÇÃO<br />

26 <strong>de</strong> SETEMBRO


2 | <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ notícias ]<br />

Campeões Universitários<br />

A vida <strong>de</strong> estudante não é só estudar e, em alguns casos, há quem, literalmente, “sue a camisola” pela sua Universida<strong>de</strong>.<br />

São os atletas que disputam o Campeonato Universitário <strong>de</strong> Lisboa e os vários torneios <strong>de</strong>stinados<br />

exclusivamente a equipas universitárias, que acontecem ao longo <strong>de</strong> todo o ano. O <strong>Mundo</strong> Universitário conta<br />

aqui como <strong>de</strong>correram algumas das finais, com resultados, vencedores e vencidos. | por Luís Miranda<br />

| Liga Universitária no Porto |<br />

A Final Four da Liga Universitária <strong>de</strong><br />

Futsal disputou-se no fim-<strong>de</strong>-semana <strong>de</strong><br />

4 e 5 <strong>de</strong> Junho no Pavilhão Desportivo<br />

do Instituto Politécnico do Porto. As equipas<br />

do Instituto Politécnico <strong>de</strong> Leiria<br />

(IPL), da Universida<strong>de</strong> da Beira Interior<br />

(UBI), do Instituto Politécnico do Porto<br />

(IPP) e a equipa da Universida<strong>de</strong> do Porto<br />

(UP) disputaram o troféu que no ano<br />

Painel <strong>de</strong> Ouro<br />

| Finais em Lisboa|<br />

Disputaram-se no passado dia 25 <strong>de</strong><br />

Maio as finais do Campeonato Universitário<br />

<strong>de</strong> Lisboa (CUL). Organizado pela Associação<br />

para o Desporto do Ensino Superior<br />

<strong>de</strong> Lisboa (ADESL) é, como o próprio<br />

nome indica, disputado entre todas as instituições<br />

do ensino superior da região <strong>de</strong><br />

Lisboa.<br />

Este Campeonato tem a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser o único regular ao nível Universitário e<br />

disputa-se <strong>de</strong> Outubro a Maio, nas instalações<br />

do Estádio Universitário <strong>de</strong> Lisboa.<br />

São seis modalida<strong>de</strong>s diferentes (Voleibol,<br />

An<strong>de</strong>bol, Basquetebol, Futsal, Rugby e Futebol)<br />

nas quais participam centenas <strong>de</strong><br />

estudantes, com especial <strong>de</strong>staque para<br />

os escalões femininos nas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Voleibol, Basquetebol e Futsal.<br />

A velha máxima diz que “todos são vencedores”,<br />

o que também se aplica neste caso.<br />

Não se po<strong>de</strong>, no entanto, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> referir<br />

os resultados das finais <strong>de</strong>ste ano [ver<br />

tabela] que, pela primeira vez, se realizaram<br />

todas num mesmo dia.<br />

A equipa da Universida<strong>de</strong> Nova/ FCT, vencedora<br />

da final <strong>de</strong> Futebol, afirmou ao<br />

<strong>Mundo</strong> Universitário que após esta vitória<br />

o projecto <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocarem a Roterdão,<br />

para disputar o Campeonato Mundial Universitário,<br />

ganhou força. Agora tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da obtenção <strong>de</strong> alguns apoios financeiros.<br />

Todos as outras equipas vencedoras <strong>de</strong>clararam-se<br />

prontas para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os títulos<br />

alcançados na próxima época. Apesar<br />

da saída <strong>de</strong> alguns elementos, que terminam<br />

os estudos e que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r jogar<br />

no CUL, espera-se que sejam bem<br />

substituídos por “caloiros” que cheguem<br />

no próximo ano às respectivas universida<strong>de</strong>s.<br />

anterior, pertenceu à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e<br />

este ano se ficou pelos play-off.<br />

Numa final bastante disputada, a Universida<strong>de</strong><br />

da Beira Interior levou <strong>de</strong> vencido<br />

o Instituto Politécnico <strong>de</strong> Leiria com um<br />

resultado <strong>de</strong> 5 – 3, mas apenas após<br />

prolongamento, pois no final do tempo<br />

regulamentar o resultado era <strong>de</strong> 2 - 2.<br />

No próximo ano lectivo, a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong><br />

Católica Portuguesa vai dar início a<br />

um intercâmbio <strong>de</strong> estudantes com<br />

Universida<strong>de</strong>s Americanas. Numa<br />

fase inicial, foram seleccionadas<br />

duas estudantes, <strong>de</strong> entre o leque<br />

dos que obtiverem melhores classificações.<br />

Ana Eduarda Santos e<br />

Marta Chita irão contactar durante<br />

O <strong>Mundo</strong> Universitário <strong>de</strong>ve-se também ao apoio e contributo das marcas apresentadas no Painel <strong>de</strong> Ouro.<br />

um semestre com o sistema americano,<br />

na Duke University School of<br />

Law e University of Illinois College<br />

of Law, respectivamente. Ainda a<br />

dar os primeiros passos, prevê-se<br />

que o programa <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> com<br />

os Estados Unidos ganhe maiores<br />

proporções, esten<strong>de</strong>ndo-se a outras<br />

universida<strong>de</strong>s nos próximos<br />

anos.<br />

Como verda<strong>de</strong>iro jornal universitário que é, o MU também vai <strong>de</strong> férias. Esta é a última<br />

edição do ano lectivo <strong>20</strong>04/ <strong>20</strong>05, mas <strong>de</strong>scansem os nossos leitores porque<br />

em Setembro há mais.<br />

Boas férias a todos!!!!!!!<br />

Voleibol Feminino<br />

IS Técnico 3 – ISCTE 1<br />

Voleibol Masculino<br />

FMH 3 – U. Lusófona 1<br />

An<strong>de</strong>bol Masculino<br />

IS Técnico 32 – U. Lusófona<br />

31<br />

Basquetebol Feminino<br />

U. Lusófona 70 – Aca<strong>de</strong>mia<br />

Militar 37<br />

Basquetebol Masculino<br />

IS Técnico 62 – ISEL 60<br />

Futsal Feminino<br />

FMH 5 – IS Técnico 1<br />

Futsal Masculino<br />

ISCAL 8 – ISEG 1<br />

Católica em parceria com os EUA<br />

Rugby Masculino<br />

U. Nova / FCT 29 – IS<br />

Agronomia 10<br />

Futebol Masculino<br />

U. Nova / FCT 4 – U. Lusófona<br />

2<br />

Ficha Técnica: Título registado no I.C.S. sob o nº 124469 | Proprieda<strong>de</strong>: Moving Media Publicações Lda | Empresa nº 223575 | Matrícula nº 10138 da C.R.C. <strong>de</strong> Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho <strong>de</strong> Gerência: António Stilwell Zilhão; Francisco Pinto Barbosa; <strong>Gonçalo</strong> <strong>Sousa</strong> <strong>Uva</strong> | Chefe <strong>de</strong> Redacção: Raquel Louçã Silva | Colaboradores:<br />

Ana Deslan<strong>de</strong>s; Alexandre Nobre; Diogo Torgal Ferreira; João Tomé; Geral<strong>de</strong>s Lino; Luís Miranda; Manuel Arnaut Martins; Miguel Aragão. | Projecto Gráfico: Sara <strong>de</strong>l Rio | Paginação: Joana Túlio e Cláudia Silva | Ilustradores: André Laranjinha, Bruno Franquet e Carlos Pontes | Se<strong>de</strong> Redacção: Estrada da Outurela nº 118 Parque<br />

Holanda Edifício Holanda 2790-114 Carnaxi<strong>de</strong> | Tel: 21 416 92 10 | Fax: 21 416 92 27 | Tiragem: 35 000 | Periodicida<strong>de</strong>: Quinzenal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz <strong>de</strong> Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646−1649.


4| <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ flash ]<br />

Portugal<br />

veste-se<br />

<strong>de</strong> erotismo<br />

«Como uma <strong>feira</strong> <strong>de</strong><br />

móveis.» Foi a comparação<br />

escolhida pela portavoz<br />

Bibian Norai, para<br />

caracterizar o Salão<br />

Internacional Erótico<br />

<strong>de</strong> Lisboa<br />

(SIEL), a <strong>de</strong>correr<br />

pela primeira vez no<br />

país, mais concretamente<br />

na FIL, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong><br />

Junho a 3 <strong>de</strong> Julho. As <strong>de</strong>clarações<br />

prestadas na primeira apresentação<br />

à imprensa feita em Portugal pela ex.<br />

actriz porno (agora realizadora <strong>de</strong> filmes do<br />

género) <strong>de</strong>notam um dos objectivos principais<br />

da organização: naturalizar comportamentos<br />

sexuais e levar o público a consumir<br />

as várias formas <strong>de</strong> expor o sexo, como se (e<br />

voltando a pegar na analogia), <strong>de</strong> uma exposição<br />

<strong>de</strong> apetrechos para a casa se tratasse.<br />

O evento em Lisboa é uma espécie <strong>de</strong> afilhado<br />

do Festival Internacional <strong>de</strong> Cinema Erótico<br />

<strong>de</strong> Barcelona e, diz a organização, que o<br />

eixo ibérico visa em gran<strong>de</strong> parte unir «esforços<br />

para que estas duas cida<strong>de</strong>s se tornem as<br />

pioneiras na normalização do sexo na socieda<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna».<br />

Seja qual for o objectivo, Lisboa vai vestir a<br />

camisola do erotismo durante quatro dias. A<br />

indústria do sexo (70 empresas representadas<br />

directamente e mais 400 <strong>de</strong> forma indirecta)<br />

vai marcar presença, assim como 600 profissionais<br />

do sector. Aguardam-se 25 mil visitantes<br />

.<br />

| O QUE É UM SALÃO ERÓTICO?|<br />

Uma mostra <strong>de</strong> cinema nas vertentes gay,<br />

sadomasoquista e hetero, que garante a presença<br />

dos maiores realizadores, produtores e<br />

actores - <strong>de</strong> referir ainda a atenção especial<br />

que irá ser dada à produção nacional, para a<br />

qual foi criada uma secção especial. Uma zona<br />

<strong>de</strong> Internet que, como conta Julio Simón, da<br />

organização, «<strong>de</strong> acordo com a experiência <strong>de</strong><br />

Barcelona, é das mais procuradas». Shows<br />

eróticos, on<strong>de</strong> sexo explícito é uma certeza;<br />

uma zona gay; artigos eróticos que vão da BD<br />

a peças <strong>de</strong> roupa; e até uma hard zone. Há <strong>de</strong><br />

tudo e nem a arte quis <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> associar-se<br />

ao mega evento: DDACO, um artista plástico<br />

<strong>de</strong> Coimbra, é o responsável por A Casa das<br />

Meninas, uma escultura que promete dar que<br />

falar.<br />

Mas nem só para satisfazer fantasias sexuais<br />

serve o Salão. Julio Simón garante que fóruns<br />

<strong>de</strong> reflexão e <strong>de</strong>bates sobre temas tão actuais<br />

e pertinentes como as doenças sexualmente<br />

transmissíveis ou a pornografia infantil vão<br />

marcar presença.<br />

Erotismo e<br />

Sexualida<strong>de</strong><br />

Mestres da Sexualida<strong>de</strong><br />

As proporções <strong>de</strong> um Festival Erótico<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dimensão, como aquele que<br />

Lisboa se prepara para receber, são pretexto<br />

para notícia na imprensa, directos<br />

na TV ou conversas <strong>de</strong> café. Sexo é, normalmente,<br />

um tema <strong>de</strong> que se fala muito,<br />

mesmo que <strong>de</strong>le não se saiba assim<br />

tanto. De assunto tabu passou a apelo<br />

diário - na publicida<strong>de</strong>, nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação, no cinema - o que, <strong>de</strong> certa<br />

forma, coloca a socieda<strong>de</strong> actual num<br />

interessante ponto <strong>de</strong> viragem.<br />

Diz a História, que papel importante na<br />

influência e acompanhamento das revoluções<br />

mentais e comportamentais têm<br />

tido as Universida<strong>de</strong>s. É por isso, talvez,<br />

que se começa a assistir a um interesse<br />

<strong>de</strong>stes pólos <strong>de</strong> saber, quer pertençam<br />

às áreas das Ciências Sociais ou Médicas,<br />

em aprofundar o estudo comportamental,<br />

biológico e histórico-social da<br />

sexualida<strong>de</strong>.<br />

| MESTRADOS EM PORTUGAL |<br />

Depois <strong>de</strong> uma licenciatura há quem opte<br />

por tornar-se mestre na área da sexualida<strong>de</strong><br />

e, a pouco e pouco, vão-se multiplicando<br />

as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha.<br />

A Universida<strong>de</strong> Católica Portuguesa<br />

aposta no Mestrado em Ciência da Educação:<br />

Orientação Educativa/ Educação<br />

Sexual. O Instituto Superior da Maia dispõe<br />

<strong>de</strong> um Mestrado em Sexologia. Aactivida<strong>de</strong><br />

docente do Serviço <strong>de</strong> Psiquiatria<br />

e Saú<strong>de</strong> Mental<br />

do Hospital <strong>de</strong><br />

Santa Maria<br />

aposta num Mestrado<br />

em Sexualida<strong>de</strong><br />

Humana. E<br />

a Universida<strong>de</strong><br />

Lusófona oferece<br />

um Mestrado em<br />

Especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Sexologia.<br />

Interessante é<br />

perceber como<br />

dois <strong>de</strong>stes pólos<br />

apresentam a sua<br />

Durante quatro dias prevê-se que "erotismo"<br />

seja a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m na capital. O<br />

costumeiro Festival <strong>de</strong> Barcelona muda <strong>de</strong><br />

aposentos e escolhe Lisboa como alternativa<br />

e aí está o I Salão Internacional Erótico <strong>de</strong><br />

Lisboa. Sexo: pratica-se, fantasia-se e será que<br />

também se estuda? | por Raquel Louçã Silva<br />

aposta e se assumem como precursores<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma área do<br />

saber ainda a <strong>de</strong>spertar no país.<br />

«Em Portugal, o estudo da sexualida<strong>de</strong><br />

humana tem uma história recente (...) inicialmente<br />

o foco será no campo da investigação<br />

empírica, mas tendo como horizonte<br />

a constituição <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> extensão,<br />

numa circularida<strong>de</strong> entre teoria,<br />

investigação e prática».<br />

Instituto Superior da Maia<br />

«O ensino da Sexologia tem sido negligenciado<br />

nos curricula dos cursos das<br />

ciências sociais e da saú<strong>de</strong> (....) O ensino<br />

da Sexologia e o treino dos profissionais<br />

tem, até esta altura, sido feito à margem<br />

das instituições académicas. Temse<br />

baseado no interesse pessoal <strong>de</strong><br />

alguns investigadores e clínicos não existindo<br />

programas estruturados <strong>de</strong> formação».<br />

Universida<strong>de</strong> Lusófona


6| <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ lifestyle ]<br />

Dia Mundial do Yoga<br />

Comemoração<br />

davida<br />

Assinala-se a 21 <strong>de</strong> Junho e embora coincida com a chegada do Verão,<br />

as comemorações ficam adiadas para domingo, dia 26. O Dia Mundial<br />

do Yoga é um projecto ainda a ganhar raízes mas com um objectivo<br />

ambicioso: ser o primeiro feriado à escala mundial. O que é que se<br />

comemora neste dia, e o que celebra esta filosofia milenar nos<br />

restantes dias do ano, foi o que fomos <strong>de</strong>scobrir. | por Raquel Louçã<br />

Silva<br />

O dia escolhido foi o 21 <strong>de</strong> Junho, o do<br />

solstício <strong>de</strong> Verão, por ser o maior e mais<br />

luminoso do ano. Mas a comemoração só<br />

acontece a 26 porque, sendo um domingo,<br />

permite juntar mais praticantes. «É a noção<br />

<strong>de</strong> festa móvel que tem o objectivo bem<br />

maior <strong>de</strong> instituir-se como primeiro feriado<br />

a nível mundial», conta o mestre Jorge<br />

Veiga e Castro da Associação Lusa <strong>de</strong><br />

Yoga. Foi <strong>de</strong>sta associação que, em <strong>20</strong>01,<br />

partiu a proposta inédita que chegou à<br />

UNESCO. Des<strong>de</strong> então tem havido um<br />

número crescente <strong>de</strong> países a a<strong>de</strong>rir e,<br />

actualmente, «talvez possamos falar <strong>de</strong><br />

uma centena». O objectivo é envolver os<br />

países com as 10 línguas mais faladas do<br />

mundo e, neste momento, conquistada a<br />

maioria dos que falam inglês, francês, português<br />

ou espanhol, o objectivo é trazer os<br />

que têm alfabetos completamente diferentes.<br />

Para já, este ano, as comemorações em<br />

Portugal vão acontecer no Estádio Universitário<br />

<strong>de</strong> Lisboa, num programa que<br />

visa juntar o maior número <strong>de</strong> praticantes<br />

possível e criar um «anel <strong>de</strong> amor e fraternida<strong>de</strong>».<br />

| Em nome do Planeta |<br />

«Nós temos um manifesto com as principais<br />

razões do Dia Mundial do Yoga e todos os<br />

anos gostamos <strong>de</strong> realçar um», conta o mestre.<br />

O ano passado foi a componente matriarcal<br />

e este ano é o planeta e a raça humana.<br />

Lembrar as condições sui generis do planeta<br />

para cuja criação não contribuímos e<br />

que ajudamos a <strong>de</strong>struir, é a i<strong>de</strong>ia. E não é<br />

só uma questão ao nível ambiental mas<br />

também das relações entre os seres humanos<br />

ou entre nós e os animais. É preciso<br />

efectivar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que somos «uma al<strong>de</strong>ia<br />

global e um só povo» e <strong>de</strong> que «se agredirmos<br />

não criamos só agressão imediata,<br />

mas todo um estado e memória <strong>de</strong> agressão».<br />

A solução passa por agirmos todos<br />

como irmãos e o yoga ajuda nesse sentido,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m os seus praticantes: «<strong>de</strong>sbrava<br />

muito a mente e torna o ser humano mais<br />

inteligente, ajuda-o a ver para além da aparência<br />

mesmo sem nenhuma doutrina. A<br />

Ass. Lusa <strong>de</strong> Yoga<br />

consciência alarga, crescemos, tornamonos<br />

diferentes».<br />

Ass. Lusa <strong>de</strong> Yoga<br />

| Os porquês <strong>de</strong> praticar |<br />

Dizer que o yoga está na moda é consequência<br />

da crescente procura. Não há entraves,<br />

é realmente uma prática aberta a todos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que saudáveis, porque é preciso perceber,<br />

«Yoga não tem nada a ver com cura<br />

ou medicina mas com profilaxia, isto é, manter<br />

o estado natural do ser humano que é<br />

estar saudável e por consequência feliz».<br />

São várias as razões que motivam a procura<br />

do yoga mas o mestre consegue facilmente<br />

apontar os três gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong><br />

praticantes.<br />

«O primeiro é constituído por pessoas que<br />

querem o melhor da vida. São muito exigentes,<br />

estão informadas e querem que o<br />

yoga as faça ainda melhorar mais». Aqui<br />

incluem-se estudantes universitários,<br />

empresários, pessoas envolvidas com a alta<br />

competição ou artistas com uma gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>.<br />

E o que procuram no yoga é isso:<br />

um aguçar das suas capacida<strong>de</strong>s.<br />

Depois um segundo grupo, é os que procuram<br />

o yoga pela filosofia. «Na sua maioria<br />

são jovens que ouviram falar miticamente do<br />

yoga e querem aprofundar mais esse conhecimento<br />

e atingir o estado <strong>de</strong> consciência<br />

suprema que o yoga propõe como gran<strong>de</strong><br />

objectivo».<br />

Finalmente, o terceiro grupo «que é a gran<strong>de</strong><br />

massa, quer uma manutenção física <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> e não os satisfaz ir fazer uma<br />

ginástica física <strong>de</strong> manutenção. Percebem<br />

que o yoga faz uma manutenção não só física<br />

mas global».<br />

E será que alguma razão é mais legítima que<br />

outra? O mestre, admitindo a sua parcialida<strong>de</strong>,<br />

realça quem procura o yoga pela sua<br />

filosofia. São esses que acabam por ter mais<br />

<strong>de</strong>le. «Porque os que vêm ao yogapara emagrecer,<br />

quando emagrecem vão-se embora,<br />

mas quem vem pelo gran<strong>de</strong> banquete e não<br />

pelas migalhas tem uma vida inteira <strong>de</strong> evolução<br />

pessoal ilimitada e um dia há-<strong>de</strong> querer<br />

<strong>de</strong>ixar só <strong>de</strong> fazer aulas comuns e aprofundar:<br />

fazer cursos <strong>de</strong> formação e tentar<br />

viver plenamente como Filósofo Universal, e<br />

até vir a ser professor/ condutor <strong>de</strong> iniciantes».<br />

Então é preciso fazer a opção <strong>de</strong> ser<br />

professor para conseguir a evolução pessoal<br />

que o yoga preten<strong>de</strong>? «O yoga não impõe<br />

nada». Se bem que ao «longo dos milénios<br />

tenha sido sempre transformado, por religiões<br />

e grupos folclóricos, as chamadas seitas<br />

mais ou menos oportunistas, a proposta<br />

inicial do yoga é a <strong>de</strong> uma filosofia e o filósofo<br />

é um ser livre». Pelo menos é o que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a escola do yoga primordial, praticada<br />

pela Associação Lusa <strong>de</strong> Yoga e centros<br />

adjacentes um pouco por todo o país.<br />

Uma escola que se assume como «especialista<br />

em Seres humanos».


AEUROPAA<br />

TEUS PÉS<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05 | 7<br />

[ fugas ]<br />

Há mais <strong>de</strong> 30 anos assistiu-se a uma verda<strong>de</strong>ira revolução na maneira dos<br />

jovens europeus viajarem no velho continente. Com a criação do Inter Rail, as<br />

portas da Europa abriram-se à juventu<strong>de</strong> e institucionalizou-se uma nova forma<br />

<strong>de</strong> viajar: basta pôr a mochila às costas e apanhar o comboio que se segue. |<br />

por Diogo Torgal Ferreira<br />

«É uma oportunida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> conhecer a Europa<br />

com apenas <strong>20</strong> anos e acho que a única acessível para<br />

uma pessoa com essa ida<strong>de</strong>». João Correia Pereira,<br />

veterano <strong>de</strong> dois Inter Rails, não podia explicar melhor<br />

as vantagens <strong>de</strong>ste modo <strong>de</strong> viajar. Numa Europa recheada<br />

<strong>de</strong> povos e culturas diferentes, maneira mais fácil,<br />

prática e barata <strong>de</strong> conhecer os seus cantos e recantos<br />

não há. A gran<strong>de</strong> vantagem acaba por ser essa<br />

mesma: através <strong>de</strong> um passe que dá direito a viagens<br />

<strong>de</strong> comboio em 2.ª classe por zonas pré-<strong>de</strong>terminadas,<br />

é possível percorrer vários países europeus com uma<br />

mobilida<strong>de</strong> única. Das gran<strong>de</strong>s urbes às pequenas vilas,<br />

os benefícios <strong>de</strong> viajar <strong>de</strong> comboio dão a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>slocações rápidas e fáceis, sem os incómodos<br />

<strong>de</strong> outros meios <strong>de</strong> transporte (basta imaginar<br />

os check in's dos aeroportos e as <strong>de</strong>spesas e cansaço<br />

provocados pelas viagens <strong>de</strong> automóvel).<br />

| Pôr a mochila e seguir |<br />

Actualmente, com o passe Inter Rail, é possível visitar<br />

HISTORIAL<br />

1972<br />

Princípio do Inter Rail, por ocasião do 50.º aniversário da<br />

International Railway Union. Criou-se um passe <strong>de</strong> comboio<br />

para viagens em 2.ª classe, por um mês, em 21 países<br />

europeus. No início estava <strong>de</strong>stinado a jovens até aos<br />

21 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

1976<br />

Aumento do limite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para 23 anos.<br />

1979<br />

Novo aumento do limite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sta vez para 26 anos.<br />

1985<br />

Criação do passe Inter Rail+Ferry. A modalida<strong>de</strong> oferecia<br />

acesso a uma selecção <strong>de</strong> companhias <strong>de</strong> ferry's.<br />

1990/91<br />

Com a queda da cortina <strong>de</strong> ferro, a comunida<strong>de</strong> do Inter<br />

30 países (29 europeus e Marrocos).<br />

Destinado a jovens até aos 26 anos, o<br />

passe está dividido por diversas zonas<br />

que agrupam vários países, sendo possível<br />

viajar à discrição entre os países<br />

escolhidos. Abrangendo uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> <strong>20</strong>0 mil<br />

quilómetros <strong>de</strong> caminhos <strong>de</strong> ferro e vários tipos <strong>de</strong> comboios<br />

(incluindo os <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong> como o TGV, ICE<br />

ou o AVE), é possível fazer <strong>de</strong>slocações em segurança<br />

e conforto por essa Europa fora. De noite também se<br />

po<strong>de</strong> viajar, havendo acomodações disponíveis para o<br />

efeito. A partir daqui, o que mais interessa é o espírito<br />

<strong>de</strong> aventura. Esta é uma das características que melhor<br />

<strong>de</strong>fine o Inter Rail. Não há horários fixos, lugares marcados<br />

ou regras estipuladas. Os viajantes apenas se<br />

<strong>de</strong>ixam ir ao sabor da corrente. Nunca se sabe qual o<br />

rumo que a viagem vai tomar, mudanças <strong>de</strong> última hora<br />

ou manobras <strong>de</strong> improviso. A liberda<strong>de</strong> é total e é o verda<strong>de</strong>iro<br />

espírito.<br />

O convívio com outros inter railers é outra constante e<br />

Rail aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente. Agora já é possível visitar<br />

países da Europa Central e <strong>de</strong> Leste.<br />

1994<br />

Remo<strong>de</strong>lação da oferta dos países envolvidos com a criação<br />

<strong>de</strong> sete zonas diferentes:<br />

- Zona A: Grã-Bretanha, Irlanda do Norte, Irlanda.<br />

- Zona B: Suécia, Noruega, Finlândia.<br />

- Zona C: Dinamarca, Alemanha, Suiça, Áustria.<br />

- Zona D: Polónia, República Checa, Eslováquia,<br />

Hungria, Croácia, Bulgária, Roménia, países da ex-Jugoslávia.<br />

- Zona E: França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo.<br />

- Zona F: Espanha, Portugal, Marrocos.<br />

- Zona G: Itália, Eslovénia, Grécia, Turquia e transportes<br />

marítimos entre Itália e Grécia.<br />

Dois períodos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>: 15 dias para o passe <strong>de</strong> uma<br />

zona; um mês para o passe <strong>de</strong> duas zonas, três zonas ou<br />

passe global.<br />

histórias para contar no fim da viagem não vão faltar.<br />

«De início tinha alguns receios em relação às viagens<br />

<strong>de</strong> comboio e dormidas, mas no fim da primeira semana<br />

qualquer chão <strong>de</strong> estação era um autêntico molaflex»<br />

diz João, que fez duas viagens com outros<br />

três amigos. Viajaram por países como França, Itália,<br />

Grécia, Hungria, República Checa, Áustria ou Dinamarca<br />

e ele recomenda a experiência a toda a gente,<br />

incluindo «quem pense que não se irá adaptar. Num<br />

inter rail po<strong>de</strong> não se ficar a conhecer pormenorizadamente<br />

as cida<strong>de</strong>s mas tira-se uma fotografia geral,<br />

que permitirá mais tar<strong>de</strong> escolher as que se quer conhecer<br />

melhor».<br />

Até à data, cerca <strong>de</strong> 6,8 milhões <strong>de</strong> jovens já embarcaram<br />

nesta aventura. Do que é que estás à espera?<br />

1998<br />

Estabelecem-se três preços: para jovens com menos <strong>de</strong><br />

26 anos; mais <strong>de</strong> 26 anos; e crianças com menos <strong>de</strong> 12<br />

anos.<br />

Países do Leste da Europa são agrupados em duas zonas:<br />

- Zona D: Polónia, República Checa, Hungria, Croácia,<br />

Eslováquia.<br />

- Zona H: Bulgária, Roménia, países da ex-Jugoslávia.<br />

<strong>20</strong>01<br />

A comunida<strong>de</strong> do Inter Rail cria o seu próprio site <strong>de</strong> modo<br />

a prestar as informações necessárias <strong>de</strong> um modo rápido<br />

e actualizado.<br />

<strong>20</strong>05<br />

É acrescentado à Zona D um novo país: a Bósnia-Herzegovina.<br />

A partir <strong>de</strong> agora o programa abrange 30 países<br />

europeus.<br />

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8| <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ radical ]<br />

Surfistas<br />

que voam<br />

E <strong>de</strong> repente resolveram aliar o manuseamento <strong>de</strong> um papagaio com o surf.<br />

Resultado? O kitesurf. Constituindo uma das últimas gran<strong>de</strong>s novida<strong>de</strong>s dos<br />

chamados <strong>de</strong>sportos radicais, este novo <strong>de</strong>sporto aquático tem seduzido tudo<br />

e todos, inclusive os portugueses. No final, o que mais conta é a sensação <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong>.| por Diogo Torgal Ferreira<br />

Des<strong>de</strong> as primeiras concepções do kite (vocábulo<br />

inglês para papagaio <strong>de</strong> vento) concebidas há<br />

centenas e centenas <strong>de</strong> anos na China, até aos dias<br />

<strong>de</strong> hoje, muita coisa mudou. Asua utilização para activida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sportivas aquáticas começou a ser explorada<br />

nos anos 70, para tracção <strong>de</strong> skis. Em 1977, Gilbertus<br />

Panhuise inventou a "bomba" que ficou conhecida<br />

para a posterida<strong>de</strong> como<br />

windsurf. Na década <strong>de</strong> 80, no<br />

seguimento <strong>de</strong> várias experiências<br />

realizadas por diversos<br />

aventureiros, os irmãos<br />

Dominique e Bruno Legaignoux<br />

começam a testar pranchas<br />

e skis puxados por kites<br />

relançáveis na água. A partir<br />

da década <strong>de</strong> 90, o kitesurf é uma realida<strong>de</strong> e começa<br />

o seu <strong>de</strong>senvolvimento imparável até aos dias <strong>de</strong><br />

hoje. Estava criado um novo <strong>de</strong>sporto.<br />

| Deslizar na água ao sabor do vento |<br />

O princípio do kitesurf, um <strong>de</strong>sporto relativamente novo<br />

no nosso país, é bastante simples. Estamos basicamente<br />

a falar da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> surfar sobre a água,<br />

puxados pela força do vento. Acaba por ser um <strong>de</strong>sporto<br />

aquático <strong>de</strong> tracção: um papagaio <strong>de</strong> vento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

dimensões empurra indivíduo e prancha sobre a água.<br />

As manobras que se po<strong>de</strong>m realizar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m apenas<br />

da imaginação e coragem <strong>de</strong> cada um. A partir <strong>de</strong>ste<br />

pressuposto, todo um leque <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s se abre<br />

ao praticante.<br />

Pernas, braços e abdominais são as partes do corpo<br />

obrigadas a respon<strong>de</strong>r com mais esforço. No que toca<br />

ao material, mesmo falando <strong>de</strong> uma variante que representa<br />

uma mistura <strong>de</strong> surf, windsurf, snowboard e wakeboard,<br />

o kitesurf reclama um<br />

equipamento muito específico<br />

para a sua prática.<br />

Por razões <strong>de</strong> segurança, o<br />

kitesurf <strong>de</strong>ve ser praticado em<br />

locais livres <strong>de</strong> obstáculos perigosos,<br />

como cabos eléctricos,<br />

casas, árvores ou estradas e<br />

salvaguardando sempre uma<br />

distância mínima <strong>de</strong> segurança em relação às outras<br />

pessoas. É um <strong>de</strong>sporto que se po<strong>de</strong> praticar em mar<br />

com ondas (melhor para free-style e manobras) ou em<br />

lagoas com águas calmas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do gosto <strong>de</strong> cada<br />

um. O vento <strong>de</strong>verá ser on-shore ou si<strong>de</strong>-shore (ventos<br />

do mar para terra), pois em caso <strong>de</strong> queda um praticante<br />

não é arrastado para alto mar. O vento também<br />

<strong>de</strong>verá ser constante pois a prática <strong>de</strong> kitesurf não se<br />

coaduna com ventos instáveis (gran<strong>de</strong>s variações <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>, rajadas ou oscilações). De referir que o<br />

vento no interior é muito irregular e por isso não é aconselhável<br />

praticar em barragens.<br />

«Quando se está a praticar só se<br />

pensa naquilo...liberda<strong>de</strong> e<br />

adrenalina ao máximo.<br />

É viciante!»<br />

Nuno Matos, 27 anos, praticante<br />

Fala quem sabe<br />

O MU contactou e falou com PEDRO VIDAL, instrutor <strong>de</strong> kitesurf da<br />

Triologia, empresa do ramo, para saber do panorama da modalida<strong>de</strong><br />

em Portugal. Aqui ficam as suas impressões.<br />

MU |Quando surge o<br />

kitesurf em Portugal?<br />

PV | Foi mais ou menos<br />

em 1999. Havia três ou<br />

quatro pessoas no país a<br />

praticar e nem os kites,<br />

nem as pranchas eram<br />

<strong>de</strong>senvolvidos. Depois,<br />

com a evolução do <strong>de</strong>sporto<br />

a nível internacional<br />

nos últimos anos e<br />

com o aparecimento das<br />

escolas, <strong>de</strong>u-se um verda<strong>de</strong>iro<br />

boom. Só para<br />

dar uma i<strong>de</strong>ia, se no<br />

começo eram as tais três<br />

ou quatro pessoas, com<br />

a expansão a que assistimos<br />

a partir <strong>de</strong> <strong>20</strong>02, já<br />

temos cerca <strong>de</strong> 1500<br />

praticantes.<br />

MU | E como foi a evolução<br />

das escolas?<br />

PV | Antigamente o que<br />

havia era um importador<br />

ou outro que sabia umas<br />

coisas <strong>de</strong> kitesurf e dava<br />

umas dicas a quem estivesse<br />

interessado... as<br />

regras básicas e não<br />

mais. A partir daí tinha-se<br />

<strong>de</strong> ser autodidacta. Hoje,<br />

com as escolas e instrutores,<br />

a evolução é mais<br />

rápida e mais segura.<br />

MU | Quais os melhores<br />

spots em Portugal para<br />

praticar?<br />

PV | Há muitos mas<br />

pouco <strong>de</strong>senvolvidos. A<br />

sul temos o Alvor, Portimão,<br />

Faro ou Sagres.<br />

Mais para cima, S. Torpes<br />

ou a lagoa <strong>de</strong> Albu<strong>feira</strong>,<br />

on<strong>de</strong> há a maior afluência<br />

<strong>de</strong> escolas e praticantes.<br />

Na Caparica, entre S.<br />

João e a Cova do Vapor<br />

as condições são boas<br />

para treinar. Lá para cima<br />

recomenda-se as áreas<br />

<strong>de</strong> Viana do Castelo ou<br />

Aveiro.


Alv s fáceis<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05 | 9<br />

[ play ]<br />

«A vida é um jogo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o. Todos temos <strong>de</strong> morrer um dia», disse à polícia <strong>de</strong> Fayette, em<br />

Alabama, nos Estados Unidos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>tido. Sem quaisquer antece<strong>de</strong>ntes<br />

criminais até ao dia em que entrou numa esquadra e matou três policias a sangue frio, Devin<br />

Moore, 18 anos, aguarda agora julgamento. | por Miguel Aragão<br />

«Alegamos que Devin foi, <strong>de</strong> facto,<br />

treinado para fazer o que fez, através <strong>de</strong> um<br />

simulador <strong>de</strong> homicídios», explica o seu advogado,<br />

Jack Thompson, à CBS. «Ele comprou-o<br />

ainda menor. E jogou centenas <strong>de</strong><br />

horas o que, numa primeira instância, é um<br />

jogo <strong>de</strong> matar polícias. É essa a teoria que<br />

pensamos conseguir provar a um júri em<br />

Alabama.»<br />

Agora na mira da justiça norte-americana,<br />

Grand Theft Auto já ven<strong>de</strong>u 35 milhões <strong>de</strong><br />

cópias em todo o mundo, distribuídas por<br />

cinco títulos. É das mais violentas e bem sucedidas<br />

histórias dos jogos. Na pele <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>linquente, o protagonista é chamado a<br />

completar um imenso número <strong>de</strong> missões.<br />

Para roubar automóveis basta pressionar o<br />

triângulo junto a uma das viaturas. Já matar<br />

policias exige o esforço suplementar <strong>de</strong><br />

combinar dois botões. Um para activar a mira,<br />

outro para premir o gatinho. Punhos, facas,<br />

pistolas, metralhadoras, lança-chamas,<br />

lança-mísseis, granadas… Tudo serve para<br />

eliminar os obstáculos e vencer no mundo<br />

do crime mais ou menos organizado.<br />

| Cocktail trágico |<br />

A Take-Two Interactive, responsável por<br />

GTA, e a Sony, por criar o aparelho - PlayStation2<br />

- que permite a leitura do jogo, também<br />

estão a ser processadas. «Não acho<br />

que os vi<strong>de</strong>ojogos instiguem as pessoas a<br />

cometer crimes. Se alguém tem uma mente<br />

criminosa não é por causa dos jogos. Há algo<br />

muito mais profundo <strong>de</strong> errado com<br />

elas», diz o presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong> norteamericana<br />

que representa os jogos, a Entertainment<br />

Software Association (ESA), Douglas<br />

Lowenstein.<br />

David Walsh, por seu turno, psicólogo infantil<br />

e co-autor <strong>de</strong> um estudo que relaciona a<br />

violência dos jogos com a agressivida<strong>de</strong>, explica<br />

o sucedido com o facto do cérebro na<br />

adolescência permanecer em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

«A parte que pesa as consequências<br />

e controla os impulsos, chamada cortex préfrontal,<br />

continua em crescimento até aos vinte<br />

e poucos anos.» Walsh adianta ainda que<br />

a diminuição do controlo dos impulsos se<br />

acentua quando outros factores <strong>de</strong> risco se<br />

acumulam. E Moore teve uma infância bastante<br />

complicada, entre famílias adoptivas e<br />

um lar <strong>de</strong>sfeito. «Quando um jovem com o<br />

cérebro em <strong>de</strong>senvolvimento, já com problemas<br />

sérios, passa horas a fio a ensaiar violência,<br />

cresce a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seguir os<br />

patrões familiares a que assistiu, porventura,<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> vezes.» É a combinação <strong>de</strong><br />

uma série <strong>de</strong> factores que po<strong>de</strong> culminar em<br />

tragédia, explica o psicólogo.<br />

| Censura e terapia |<br />

Na mesma peça, a CBS dá conta <strong>de</strong> outros<br />

inci<strong>de</strong>ntes relacionados com Grand Theft<br />

Auto. Em Oakland, na Califórnia, a policia<br />

atribui ao jogo o roubo e morte <strong>de</strong> seis pessoas,<br />

por intermédio <strong>de</strong> um gang. Em Newport,<br />

Tennesse, dois adolescentes alegam<br />

que Grand Theft Auto os levou a disparar<br />

contra carros em andamento, com uma espingarda,<br />

matando uma pessoa. Até hoje,<br />

nenhum tribunal <strong>de</strong>u como provada a relação<br />

entre violência virtual e real. A acontecer,<br />

dizem alguns, abrir-se-á um prece<strong>de</strong>nte<br />

incontrolável. Uma nova forma <strong>de</strong> censura.<br />

Também dos Estados Unidos, on<strong>de</strong> a força<br />

da dos jogos é mais expressiva, chegam notícias<br />

<strong>de</strong> uma empresa que cria ambientes<br />

virtuais para combater distúrbios psicológicos.<br />

Um dos produtos é agora utilizados pelo<br />

Pentágono para tratar veteranos <strong>de</strong> guerra,<br />

conta a BBC. O software da Virtually<br />

Better reproduz as ruas <strong>de</strong> Fallujah, Iraque,<br />

palco <strong>de</strong> alguns dos mais recentes confrontos<br />

entre tropas norte-americanas e rebel<strong>de</strong>s<br />

iraquianos. O director executivo da empresa,<br />

Ken Grapp, adianta que a Virtually<br />

Better está apenas a «oferecer uma experiência<br />

que permite a terapeutas trabalhar<br />

com o paciente, enten<strong>de</strong>r melhor o que eles<br />

viveram, e ajudá-los a processar melhor essas<br />

informações».<br />

| Os primeiros passos |<br />

Tal como suce<strong>de</strong>u com o cinema, a rádio e<br />

a televisão, o mundo vai, nem sempre da<br />

melhor maneira, apreen<strong>de</strong>ndo a lidar com o<br />

aterrador crescimento da indústria dos jogos<br />

<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e <strong>de</strong> computador. «O que quer que<br />

estes jogos signifiquem para as pessoas,<br />

não restam dúvidas que não é pouco. Há<br />

quinze anos, a indústria era tão insignificante<br />

que ninguém dava por ela. Deveríamos<br />

dar-nos por muito contentes, por estarmos a<br />

assistir aos primeiros passos <strong>de</strong>ste novo<br />

meio <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massas», escreveu<br />

em Novembro <strong>de</strong> <strong>20</strong>04 o romancista e<br />

critico literário da Time, Lev Grossman. No<br />

ano passado, nos Estados Unidos, a indústria<br />

dos jogos <strong>de</strong> computador e ví<strong>de</strong>o ren<strong>de</strong>u<br />

7 mil milhões <strong>de</strong> dólares (o equivalente a<br />

cerca <strong>de</strong> 6 mil milhões <strong>de</strong> euros a quantia<br />

que Portugal se arrisca agora a per<strong>de</strong>r em<br />

fundos comunitários <strong>de</strong> <strong>20</strong>07 a <strong>20</strong>13) quase<br />

tanto como a do cinema que gerou 9 mil milhões.<br />

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10 |<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ ídolos ]<br />

Ícone da diáspora portuguesa para terras brasileiras, símbolo da música popular<br />

portuguesa e expressão máxima da cultura luso-brasileira, ROBERTO LEAL<br />

recebeu o MU em sua casa. Crónicas <strong>de</strong> um português que se lançou ao mundo.<br />

| entrevista Diogo Torgal Ferreira | fotos Alexandre Nobre<br />

«Cá sou brasileiro e<br />

lá sou português»<br />

| ROBERTO, O CANTOR POPULAR |<br />

<strong>Mundo</strong> Universitário | Des<strong>de</strong> sempre<br />

sonhou em ser cantor?<br />

Roberto Leal | Ser cantor, ser um artista,<br />

não é exactamente uma profissão. É<br />

uma vocação. Você po<strong>de</strong> melhorar, afinal<br />

nós temos que evoluir, mas é um tipo<br />

<strong>de</strong> carreira que não se apren<strong>de</strong> numa<br />

faculda<strong>de</strong>. É um kit que vem pronto<br />

(risos). Po<strong>de</strong>-se melhorar, cantar melhor<br />

tecnicamente, etc, mas ou se canta ou<br />

não se canta.<br />

MU| Como foi o início da sua carreira?<br />

RL | Foi muito difícil porque a meio do<br />

caminho não havia só a barreira do <strong>de</strong>sconhecido.<br />

Havia também a barreira do<br />

preconceito. Esses obstáculos sociais<br />

muitas pessoas não conseguem vencer,<br />

porque acabam por achar que não vale<br />

a pena esse tipo <strong>de</strong> exposição e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m<br />

recuar. É preciso mesmo alma <strong>de</strong><br />

artista porque isso é mais forte do que<br />

qualquer coisa. Quando comecei a<br />

minha carreira no Brasil, levava na<br />

bagagem a infância, as coisas que<br />

ouvia na minha al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Val da Porca<br />

em Trás-os-Montes. Levei comigo uma<br />

música muito engraçada do grupo António<br />

Mafra chamada "Arrebita" e o brasileiro<br />

achou aquilo fantástico. Mas até eu<br />

colocar a música cá fora, as coisas<br />

foram muito difíceis. Foi uma luta gravar<br />

e tocar. Foi preciso um homem <strong>de</strong> muita<br />

coragem chamado Chacrinha, para eu<br />

ter a minha gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>. A partir<br />

daí nunca mais parei.<br />

MU | Quais são as suas gran<strong>de</strong>s referências<br />

musicais?<br />

RL | A Amália! A Amália era e é importante.<br />

Muitas pessoas usaram o xaile, mas<br />

eu acho que nenhum ombro ficou tão<br />

bonito como o <strong>de</strong>la (risos). Ela era a imagem<br />

<strong>de</strong> Portugal. Ainda antes <strong>de</strong> eu sair<br />

do país, com a ditadura, estávamos num<br />

Portugal muito fechado e das poucas<br />

coisas que chegavam à minha al<strong>de</strong>ia era<br />

a Amália.<br />

MU | O que é que procura com a sua<br />

música?<br />

RL | Quando saí do país, com apenas 13<br />

anos, levei uma gran<strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> e uma<br />

vonta<strong>de</strong> imensa <strong>de</strong> mostrar Portugal ao<br />

Brasil. Esta foi a minha gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />

e a minha carreira foi projectada<br />

nessa direcção. Quando o navio que me<br />

levou para lá se separou do cais <strong>de</strong> Lis-


«Quando o navio que me levou para lá se separou do cais<br />

<strong>de</strong> Lisboa, chorei três dias seguidos»<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

| 11<br />

[ ídolos ]<br />

boa, chorei três dias seguidos (risos). Aí<br />

senti que estava a ir embora... a sair da<br />

minha terra.<br />

MU | Quais são os seus projectos<br />

actuais?<br />

RL | Neste momento, nos últimos dois<br />

anos, tenho-me <strong>de</strong>dicado totalmente ao<br />

projecto "De Jorge Amado a Pessoa". É<br />

um projecto que me <strong>de</strong>u a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trazer ao Casino do Estoril gente<br />

como o Martinho da Vila, Joana, Carlinhos<br />

Brown, Vitorino, etc. A SIC gravou,<br />

foi um gran<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> audiência cá e<br />

no Brasil, e foi a forma que encontrei <strong>de</strong><br />

unificar cada vez mais as culturas portuguesa<br />

e brasileira.<br />

MU | Como surgiu esta i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fazer<br />

uma música para a Selecção portuguesa<br />

<strong>de</strong> futebol?<br />

RL | Uma vez fui cantar a Ludlow nos<br />

EUA e cheguei mais cedo do que o<br />

costume. De repente começam a chegar<br />

os autocarros <strong>de</strong> toda a América.<br />

Às 21.30h da noite, quando me preparo<br />

para entrar, estavam lá entre 60 a<br />

70 mil pessoas. Quando saí para o palco<br />

senti o cheiro das bifanas, da sardinha<br />

assada e do McDonald's (risos) e<br />

percebi logo aí que estavam lá os portugueses<br />

e os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, já<br />

nascidos e criados na América. A emoção<br />

começou a subir, as pessoas<br />

começaram a bater com o pé no chão<br />

e a gritar «Portugal, Portugal!». Aquilo<br />

começou a mexer comigo e eu perguntei<br />

ao meu filho Rodrigo que também<br />

estava no palco: ‘Filho, vamos cantar o<br />

hino português?’ Ele disse que sim na<br />

hora e aquilo tomou uma proporção<br />

que não consigo explicar. A partir <strong>de</strong>sse<br />

momento, <strong>de</strong>cidi fazer a música<br />

Saber Vencer em homenagem à nossa<br />

Selecção. Acho que o futebol tem<br />

aquela força unificadora, aquele patriotismo...<br />

não basta uma canção. Tem <strong>de</strong> haver<br />

projectos, políticas, etc. Precisamos<br />

urgentemente <strong>de</strong> estreitar mais as ligações<br />

com os países que falam português.<br />

| ROBERTO, O LUSO-BRASILEIRO |<br />

MU | Sente-se um símbolo dos emigrantes<br />

portugueses no Brasil?<br />

RL | O <strong>de</strong>stino acabou por escrever<br />

isso. As pessoas não conseguem pôr<br />

no papel o que lhes vai acontecer. Por<br />

exemplo, no que toca a quase todas as<br />

iniciativas relacionadas com Portugal<br />

feitas no Brasil, normalmente eu participo.<br />

Para você ver, aquando das celebrações<br />

dos 500 anos do <strong>de</strong>scobrimento<br />

do Brasil fizeram-se algumas<br />

reportagens sobre o assunto. No Folha<br />

<strong>de</strong> São Paulo perguntavam qual a primeira<br />

referência portuguesa que vinha<br />

à memória das pessoas por lá e o meu<br />

nome ficou em primeiro lugar.<br />

MU | Para si existe uma verda<strong>de</strong>ira<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> luso-brasileira?<br />

RL | Essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> até existe. Quando<br />

se sai da nossa terra cria-se um novo<br />

estigma e só quem emigra sabe o que é<br />

isso. Cria-se um novo estatuto, uma<br />

nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Cá sou brasileiro e lá<br />

sou português (risos). Apesar disso,<br />

posso dizer hoje, que me sinto mais português<br />

do que quando saí. Esta viagem<br />

que tem sido a minha vida foi sempre<br />

<strong>de</strong>dicada a cantar Portugal, divulgar Portugal.<br />

MU | Como vê a influência da cultura<br />

portuguesa na socieda<strong>de</strong> brasileira...<br />

ainda é marcante?<br />

RL | Podia ser mais. Até hoje ainda não<br />

tivemos uma política vocacionada para<br />

estimular a cultura das comunida<strong>de</strong>s<br />

emigrantes. Não digo que não houve<br />

esforços, mas os que se verificaram<br />

não foram suficientes. Por exemplo, os<br />

portugueses do Brasil sempre estiveram<br />

muito envolvidos no campo da saú<strong>de</strong>,<br />

gastronomia, mundo empresarial.<br />

Isso fez com que os portugueses tivessem<br />

uma imagem respeitada pelos brasileiros.<br />

No entanto, ainda há uma coisa<br />

que me preocupa muito: o ensino. O<br />

jovem brasileiro cresce com a visão que<br />

Portugal explorou o Brasil, Portugal<br />

como colonizador e, como se sabe, as<br />

coisas não são tão simples assim. Isto<br />

aconteceu com o meu próprio filho<br />

(risos).<br />

MU | As segunda e terceira gerações<br />

<strong>de</strong> luso-brasileiros conhecem o legado<br />

cultural das suas origens?<br />

RL | Essas gerações têm uma se<strong>de</strong> fantástica<br />

para conhecer, beber Portugal. O<br />

problema é que não tiveram muitas oportunida<strong>de</strong>s.<br />

Por Portugal ser um país muito<br />

tradicional, estas gerações foram per<strong>de</strong>ndo<br />

muitas afinida<strong>de</strong>s com as nossas<br />

tradições. Acho que há muito a fazer no<br />

campo das artes, gastronomia, literatura.<br />

São estas as formas <strong>de</strong> conseguir uma<br />

presença portuguesa mais forte na<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

MU | On<strong>de</strong> vive, cá ou lá?<br />

RL | Nos últimos anos comecei a perguntar-me<br />

o porquê <strong>de</strong> tantas viagens,<br />

do andar <strong>de</strong> lá para cá, o cansaço e tudo<br />

mais. Numa <strong>de</strong>ssas vezes, em pleno<br />

voo, <strong>de</strong>scobri que a viagem mais bonita<br />

é a do regresso. Ainda mais para mim<br />

que fui para o Brasil muito novo. Foi<br />

sempre a muito custo que, por exemplo,<br />

resisti a mudar a minha nacionalida<strong>de</strong>.<br />

Eu sou português! É por isso que confesso<br />

que me sabe muito bem abrir a<br />

janela <strong>de</strong> manhã e ver alguém lá fora a<br />

assobiar qualquer música nossa... um<br />

vira, um fandango, um fado. Isso é muito<br />

bom!<br />

MU | On<strong>de</strong> é que encontra motivação<br />

para continuar?<br />

RL | Eu sou um homem <strong>de</strong> muita fé, muita<br />

esperança. Acho que existe... acho<br />

não, tenho a certeza que existe uma força<br />

maior que comanda todos nós e que<br />

é justa. A partir do momento que você dá<br />

o seu melhor, espera o seu melhor. A<br />

minha motivação é esta fé.<br />

MU | Há ainda alguma coisa que gostasse<br />

muito <strong>de</strong> fazer em termos profissionais<br />

?<br />

RL | Sim. Quero estreitar ainda mais o<br />

mundo lusófono. Acho que Portugal<br />

<strong>de</strong>ve conviver mais com a sua gran<strong>de</strong><br />

família e é neste seguimento que se têm<br />

inserido os meus últimos trabalhos como<br />

o De Jorge Amado a Pessoa ou o Raça<br />

Humana não tem Cor. Mas para isso<br />

Quem é António Joaquim Fernan<strong>de</strong>s?<br />

António Joaquim Fernan<strong>de</strong>s, mais<br />

conhecido por Roberto Leal, nasce<br />

em 1949 na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Val da Porca,<br />

concelho <strong>de</strong> Macedo <strong>de</strong> Cavaleiros<br />

em plena região <strong>de</strong> Trás-os-Montes.<br />

Em 1962, com apenas 13 anos, emigra<br />

para o Brasil juntamente com os<br />

pais e os seus 10 irmãos (a mudança<br />

da família foi efectuada em quatro<br />

etapas). Depois <strong>de</strong> estudar música e<br />

canto, tem a sua gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

para iniciar a carreira em 1971,<br />

com o lançamento da canção "Arrebita".<br />

No mesmo ano, faz a sua primeira<br />

aparição na televisão brasileira no<br />

programa do célebre Chacrinha, na<br />

TV Globo. A partir daí, a história é<br />

conhecida: milhões <strong>de</strong> álbuns vendidos,<br />

discos <strong>de</strong> ouro e platina, espectáculos<br />

em todo o mundo (França,<br />

Bélgica, Argentina, Holanda, África do<br />

Sul, E.U.A., Austrália, Luxemburgo,<br />

Venezuela, etc).<br />

Também com bem sucedidas experiências<br />

no cinema ("O Milagre") e na<br />

televisão, Roberto Leal leva já uma<br />

carreira <strong>de</strong> cerca 32 anos e parece<br />

não dar mostras <strong>de</strong> abrandamento.<br />

Homem <strong>de</strong> fé, fã <strong>de</strong> Amália e um<br />

apaixonado por Portugal e a sua cultura,<br />

é um exemplo único da cultura<br />

luso-brasileira.


12 | <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ noites e copos ]<br />

Baile Finalista Rainha<br />

KAPITAL<br />

COM O APOIO DE:<br />

www.centralfaces.pt<br />

Mãe!!!! Oh p´ra nós, os Srs. finalistas!<br />

DOCKS<br />

Manda a tradição: muitas meninas e grupos <strong>de</strong> rapazes a “dançar” para elas!<br />

Festa MTV<br />

KAPITAL<br />

Fala-se em MTV e Kapital e sai logo tudo <strong>de</strong> casa a correr!<br />

INVESTE EM TI MESMO!<br />

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Para mais informações: 213247280 | ask@centralfaces.pt


Blógamos<br />

Têm sido muitas as sugestões <strong>de</strong> "blogues marados" que têm<br />

chegado à redacção. Como a periodicida<strong>de</strong> do MU não tem<br />

permitido publicar todas as sugestões, antes <strong>de</strong> irmos <strong>de</strong> férias<br />

queremos "arrumar a loja" e aqui fica uma lista bem divertida e<br />

interessante para se entreterem.<br />

http://alfinete<strong>de</strong>peito.blogspot.com<br />

http://alterneactivo.blogs.sapo.pt<br />

http://machadix.blogspot.com/<br />

http://cachimbo.blogspot.com<br />

http://edumad.blogspot.com<br />

http://www.oconvencido.blogspot.com<br />

www.fotolog.net<br />

http://acercadospombos.blogspot.com<br />

http://ocoisinhoparatodos.blogspot.com<br />

http://www.afonsina.blogspot.com/<br />

http://advlx.blogspot.com/<br />

www.rebeubeubeupardaisaoninho.blogspot.com<br />

www.olivreiro.blogspot.com<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05 | 13<br />

[ webmail ]<br />

M@nda<br />

mais uma!<br />

» Conheces blogs “marados”?<br />

» Tens imagens loucas?<br />

Manda duas ou três<br />

MAS MANDA<br />

po<strong>de</strong>rapalavra@mundouniversitario.pt<br />

ANÚNCIOS<br />

RESTAURANTES<br />

Loucura, é uma autêntica loucura.<br />

E ainda há quem passe a vida<br />

a fazer zapping!<br />

Quem é que está a pensar ir passar<br />

férias lá para o Oriente? Um conselho<br />

amigo: cuidado com o que comem!


14 | <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ moda ]<br />

Napele <strong>de</strong> uma<br />

manequim<br />

Na passerelle a sua passada confiante comprova que<br />

não é <strong>de</strong> estufa. Flôr, <strong>de</strong> apenas 21 anos e manequim<br />

a tempo inteiro, é uma das profissionais mais<br />

solicitadas da sua área. Quer seja em Portugal ou nas<br />

gran<strong>de</strong>s capitais da Moda, não pára <strong>de</strong> acumular<br />

sucessos e dar cartas do seu profissionalismo. Nesta<br />

edição, o MU <strong>de</strong>svenda alguns truques e segredos da<br />

vida <strong>de</strong> manequim. | por Manuel Arnaut Martins<br />

FOTOGRAFIA: JSHNDOIHASU<br />

Foi por mero acaso que Flôr entrou no<br />

mundo da Moda. Mesmo sem «fazer a mínima<br />

i<strong>de</strong>ia do que era ser manequim», inscreveu-se<br />

num concurso promovido pela revista<br />

Fórum Estudante. Enviou as suas fotografias,<br />

foi pré-selecionada e acabou por<br />

ganhar. Seis anos <strong>de</strong>pois é representada<br />

pela Just Mo<strong>de</strong>ls e consi<strong>de</strong>rada uma das<br />

melhores manequins do nosso país. Em Portugal<br />

é presença assídua nos gran<strong>de</strong>s certames,<br />

como a Moda Lisboa e o Portugal<br />

Fashion, em publicida<strong>de</strong> e editoriais.<br />

O gran<strong>de</strong> salto profissional <strong>de</strong>u-se quando,<br />

com <strong>de</strong>zoito anos, iniciou a carreira internacional.<br />

Fez alguns <strong>de</strong>sfiles em Barcelona,<br />

mas, diz-nos: «foi em Milão que as coisas<br />

me correram realmente bem. Fiz os <strong>de</strong>sfiles<br />

<strong>de</strong> Emporio Armani, Giorgio Armani, La<br />

Perla, Blumarine, Intimissimi e Calzedonia.<br />

Fiz alguns trabalhos importantes, outros<br />

menos, mas que também<br />

me <strong>de</strong>ram algum prestígio».<br />

Mesmo já tendo partido<br />

alguns saltos, escorregado<br />

e tropeçado, é na<br />

passerelle que se sente<br />

verda<strong>de</strong>iramente feliz.<br />

Faltas <strong>de</strong> "a<strong>de</strong>rência" à<br />

parte, quando <strong>de</strong>sfila<br />

interpreta um personagem<br />

e tem <strong>de</strong> dar o seu<br />

melhor: «sinto que sou<br />

uma actriz. A passerelle é<br />

aquele momento, on<strong>de</strong><br />

não há margem para<br />

erros. São cinco minutos<br />

em que tens <strong>de</strong> provar o<br />

teu profissionalismo. Não<br />

se trata só <strong>de</strong> ser o centro<br />

das atenções ou ter um<br />

batalhão <strong>de</strong> fotógrafos à<br />

nossa frente».<br />

FOTOGRAFIA: JSHNDOIHASU<br />

| Altos e baixos |<br />

É com a Moda que se<br />

i<strong>de</strong>ntifica e com tudo o que<br />

esta lhe traz. Convicta <strong>de</strong><br />

que «não são as festas<br />

e as maquilhagens<br />

que tornam a<br />

profissão tão glamourosa»,<br />

consi<strong>de</strong>ra<br />

que é um mundo com<br />

muitos pontos positivos,<br />

como o facto <strong>de</strong><br />

não haver rotina e as<br />

infinitas possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> viajar e conhecer outras pessoas e<br />

culturas. Mas nem tudo é cor-<strong>de</strong>-rosa e todas<br />

as profissões têm um lado bom e um lado<br />

mau. No caso da Moda, o lado mau são os<br />

momentos <strong>de</strong> solidão, a rivalida<strong>de</strong> e aquele<br />

que para a manequim é o maior "senão" do<br />

seu trabalho: a instabilida<strong>de</strong>. Para fugir a isto<br />

o truque é «tentar ser uma rapariga normal<br />

e não estar sempre com a cabeça enterrada<br />

neste mundo», logo «mesmo tendo <strong>de</strong><br />

ser muito responsável», a manequim tenta<br />

«fazer todas aquelas coisas que os jovens<br />

fazem, como ir ao cinema, estar com os amigos<br />

e namorar».<br />

Flôr trabalha a tempo inteiro em Moda, tendo<br />

<strong>de</strong>cidido <strong>de</strong>ixar os estudos por não se i<strong>de</strong>ntificar<br />

com nenhuma profissão que não a <strong>de</strong><br />

manequim. Ainda tendo «alguns objectivos<br />

a concretizar ao nível da imagem e da carreira»,<br />

não gosta <strong>de</strong> fazer planos a curto e<br />

longo prazo, pois a sua vida está sempre a<br />

mudar. Esta é uma Flôr que vive intensamente<br />

um presente que parece anunciar<br />

mais uma bela Primavera.<br />

| Beleza a quanto (não) obrigas |<br />

Flôr acredita que um dos principais "trunfos"<br />

FOTOGRAFIA: JSHNDOIHASU<br />

<strong>de</strong> uma manequim é a sua personalida<strong>de</strong>,<br />

havendo <strong>de</strong>pois outros requisitos essenciais<br />

a quem quer <strong>de</strong>sempenhar este papel. Respeitar<br />

um estereótipo <strong>de</strong> beleza que tem<br />

como condições fundamentais a altura e a<br />

elegância é fundamental. Apesar <strong>de</strong> ser dona<br />

<strong>de</strong> uma beleza natural inegável, <strong>de</strong> ter 1,74m<br />

e pesar 54kgs, também ela tem <strong>de</strong> ter alguns<br />

cuidados: «quando vou fazer trabalhos tenho<br />

<strong>de</strong> ter algum cuidado com a pele e com o que<br />

como. Apele <strong>de</strong> uma manequim é muito <strong>de</strong>sgastada<br />

pela maquilhagem, pelas viagens,<br />

com o comer mal em estações <strong>de</strong> serviço e<br />

aviões, com o cansaço. Então muitas vezes<br />

tenho <strong>de</strong> recorrer àqueles pequenos truques,<br />

como a maquilhagem e cremes milagrosos».<br />

De qualquer forma acredita ser uma privilegiada<br />

pois «tendo vinte e um anos, não tenho<br />

tendência para engordar, posso comer tudo<br />

aquilo que quero e não tenho nenhum problema<br />

com uma área específica do meu<br />

corpo». O ginásio <strong>de</strong>ixa assim <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />

uma sala <strong>de</strong> tortura para ser apenas<br />

um local on<strong>de</strong> a manequim procura «sentirse<br />

bem». Quando está a trabalhar no estrangeiro<br />

o ginásio é substituído por longas caminhadas<br />

e por um elevado consumo <strong>de</strong> água.


Bazar<br />

KITSCH<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05 | 15<br />

[ 5ª dimensão ]<br />

Chega o Verão e saltam do fundo do armário as peças mais coloridas e os acessórios mais fora do comum. Não temos<br />

conhecimento <strong>de</strong> que tenham sido feitos estudos à procura <strong>de</strong> uma justificação para o fenómeno, mas basta estar<br />

atento para perceber que o calor é responsável por uma franca a<strong>de</strong>são ao "movimento kitsch". Originais, divertidos e<br />

pirosos q.b.... são assim as propostas que fomos buscar a www.kitsch.co.uk e <strong>de</strong>ixamos aqui no bazar para quem<br />

quiser juntar-se ao clube. | por Raquel Louçã silva.<br />

Sexye<br />

divertido<br />

Senhoras e senhores, eis o kit mais sexy e "piroso"<br />

do mundo! Uma rosa (cueca ou soutean à mistura<br />

para usar como <strong>de</strong>r mais jeito); algemas revestidas<br />

em jeito <strong>de</strong> peluche e dois dados para uma proposta<br />

<strong>de</strong> jogo tentadora. Mais comentários para quê?<br />

P. V. P. aproximadamente 15 euros<br />

Elvis style<br />

Há quem diga que o Rei nunca morreu...<br />

por isso, mais do que revivalismo,<br />

as imitações dos óculos <strong>de</strong> sol<br />

em ouro e prata ao estilo<br />

Elvis Presley nunca passam <strong>de</strong> moda.<br />

E mesmo que tivessem passado,<br />

quem se importa?<br />

P. V. P. aproximadamente 18 euros<br />

Super mala<br />

Na versão mais feminina (P. V. P. 19, 25 euros)<br />

ou mais prática (P. V. P. 22 euros) superhomem<br />

é super-homem e transforma<br />

qualquer acessório em super-acessório.<br />

E já que não há indumentária<br />

sem mala que se preze, por que<br />

não seguir a nossa sugestão?<br />

Oregresso<br />

dosmarretas<br />

Ele há séries <strong>de</strong> televisão que se tornam em mitos e não há moda<br />

que as <strong>de</strong>strone do imaginário comum. Os Marretas, pois claro, encabeçam<br />

a lista. Por isso as t-shirts <strong>de</strong> Cocas, Miss Piggy e companhia<br />

são para vestir sempre.<br />

P. V. P. Aproximadamente 25 euros cada<br />

PUB


16 | <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ cultura ]<br />

Eugénio <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong><br />

PASSATEMPO<br />

POR UMA NOITE<br />

O <strong>Mundo</strong> Universitário e as<br />

Magnificas Produções têm para<br />

te oferecer 4 convites duplos<br />

para os dias 22, 23, 29 e 30 <strong>de</strong><br />

Junho, para assistires à peça<br />

Por uma Noite.<br />

Só tens <strong>de</strong> nos dizer como se<br />

chama a actriz da peça e enviar<br />

a resposta com o teu nome e telefone<br />

para mundo@mundouniversitario.pt.<br />

Os vencedores serão<br />

notificados por telefone.<br />

PORTO<br />

Até 30 <strong>de</strong> Junho, o Museu Nacional da Imprensa, no Porto, presta<br />

homenagem ao poeta português Eugénio <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (1923 - <strong>20</strong>05),<br />

recentemente <strong>de</strong>saparecido. O <strong>Mundo</strong> Universitário <strong>de</strong>ixa aqui<br />

algumas das suas palavras eternas.<br />

Urgentemente<br />

É urgente o Amor,<br />

É urgente um barco no mar.<br />

É urgente <strong>de</strong>struir certas palavras<br />

ódio, solidão e cruelda<strong>de</strong>,<br />

alguns lamentos,<br />

muitas espadas.<br />

É urgente inventar alegria,<br />

multiplicar os beijos, as searas,<br />

é urgente <strong>de</strong>scobrir rosas e rios<br />

e manhãs claras.<br />

Cai o silêncio nos ombros,<br />

e a luz impura até doer.<br />

É urgente o amor,<br />

É urgente permanecer.<br />

Sugestões MU<br />

"Terminal Design" – Exposição<br />

Mostra <strong>de</strong> trabalhos dos alunos finalistas do<br />

curso <strong>de</strong> Design gráfico e <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> (Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Estudos Industriais e <strong>de</strong> Gestão,<br />

Vila do Con<strong>de</strong>).<br />

Aeroporto Franciscio Sá Carneiro<br />

Até 24 Junho<br />

"Zé Povinho, 130 anos" – Exposição<br />

Exposição que se integra nas comemorações<br />

evocativas do centenário da morte <strong>de</strong> Rafael Bordallo<br />

Pinheiro (1846-1905). Ao todo, os <strong>de</strong>senhos<br />

expostos vão para além da meia centena e, como<br />

o próprio nome indica, o Zé Povinho é tema central.<br />

Esta figura aparece pela primeira vez nas páginas<br />

do Lanterna Mágica, um dos primeiros jornais<br />

<strong>de</strong> Bordallo Pinheiro, a 12 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1875<br />

e, durante praticamente 30 anos, continuou a servir<br />

a veia apaixonada do <strong>de</strong>senhador que marcou<br />

a imprensa nacional pela <strong>de</strong>fesa constante das<br />

causas dos mais necessitados, ou se quisermos,<br />

do Zé Povinho.<br />

Para além do Museu, a mostra também abrange<br />

criações <strong>de</strong> discípulos do mestre Bordallo espelhados<br />

por outros locais públicos do Porto e Gaia,<br />

como restaurantes e cafés.<br />

Galeria da Caricatura<br />

do Museu Nacional da Imprensa<br />

Até 30 <strong>de</strong> Setembro<br />

LISBOA<br />

"A Vida<br />

Continua" –<br />

Teatro<br />

Primeiro apren<strong>de</strong>-se<br />

três danças<br />

especialmente<br />

concebidas para o<br />

evento. Depois, um<br />

DJ toma conta da pista e, <strong>de</strong> quando em vez,<br />

surpreen<strong>de</strong> com os ritmos aprendidos que é<br />

preciso acompanhar.<br />

Teatro Aveirense. Telf- 234 400 9<strong>20</strong> | 7 e 8 <strong>de</strong><br />

Fevereiro (dias 11 e 12 no Teatro Viriato | VI-<br />

SEU).<br />

Teatro da Garagem<br />

Até 3 <strong>de</strong> Julho<br />

"Nós Kasa" | Susan Meiselas – Exposição,<br />

fotografia (extensão da exposição "Espelho<br />

Meu – Portugal visto por Fotógrafos da Magnum")<br />

A inauguração no passado dia 18 <strong>de</strong> Junho contou<br />

com a presença do Presi<strong>de</strong>nte da República.<br />

É a prova clara da importância que projectos do<br />

género po<strong>de</strong>m ter na quebra do isolamento <strong>de</strong><br />

bairros consi<strong>de</strong>rados autênticos barris <strong>de</strong> pólvora,<br />

como este às portas <strong>de</strong> Lisboa. Durante 3 semanas,<br />

a fotógrafa Susan Meiselas recolheu imagens<br />

das ruas da Cova da Moura e daí nasce<br />

uma exposição <strong>de</strong> rua que aposta em fotografias<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> formato. Em cordas <strong>de</strong> roupa ou nas<br />

próprias pare<strong>de</strong>s do bairro, qualquer coisa serve<br />

para afixar as polaroids agora impressas em tela<br />

plástica.<br />

Cova da Moura, Lisboa<br />

Até 17 <strong>de</strong> Julho<br />

| Vinheta V<br />

|<br />

Príncipe Valente<br />

Clássico da BD em edição<br />

portuguesa excepcional<br />

O entusiasmo por uma obra magistral<br />

da Banda Desenhada –<br />

"Príncipe Valente", ou Prince Valiant<br />

in the Days of King Arthur no<br />

original – fizeram um editor amador<br />

<strong>de</strong> Póvoa <strong>de</strong> Varzim, Manuel<br />

Caldas, abalançar-se a trabalho<br />

editorial <strong>de</strong> superlativa qualida<strong>de</strong>,<br />

como nunca antes se fizera entre<br />

nós.<br />

Surpreen<strong>de</strong>ndo os bedéfilos apreciadores<br />

<strong>de</strong>sta obra-prima da Figuração<br />

Narrativa, <strong>de</strong>vida ao enorme<br />

talento do autor/artista Hal<br />

Foster (Harold Rudolph Foster,<br />

1892-1982), a presente edição,<br />

sob chancela da Livros <strong>de</strong> Papel,<br />

vai compor-se <strong>de</strong> vinte e dois tomos<br />

– <strong>de</strong>zasseis dos quais em<br />

gran<strong>de</strong> formato, 27x35cm –, impressos<br />

a preto e branco, já exibindo<br />

o inicial um nível gráfico que<br />

nenhum dos anteriores, editados<br />

entre nós, nem <strong>de</strong> longe havia<br />

conseguido. A superior qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> impressão compensa o facto<br />

<strong>de</strong> as imagens não serem em policromia,<br />

diferentemente da edição<br />

original nos jornais americanos.<br />

A interminável saga do Príncipe<br />

Valente, sempre em publicação<br />

semanal (agora feita por sucessor<br />

<strong>de</strong> Foster), iniciou-se a 13 <strong>de</strong> Fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1937. De então para cá,<br />

em vários países têm sido feitas<br />

recolhas da série, por álbuns, alguns<br />

<strong>de</strong>les com evi<strong>de</strong>ntes limitações,<br />

tanto ao nível do formato como<br />

da cor. Em Portugal houve<br />

igualmente diversas tentativas,<br />

umas vezes a preto e branco, outras<br />

a cores, sendo que a mais recente<br />

tinha sido a da editora portuense<br />

ASA, mas o formato<br />

tradicional, <strong>de</strong>masiado pequeno, e<br />

a cor, empastelada, <strong>de</strong>siludiram.<br />

Chega agora Manuel Caldas. Por<br />

razões económicas, mas não só, o<br />

faneditor poveiro opta pela impressão<br />

a preto e branco, impecável<br />

em absoluto, após trabalho <strong>de</strong><br />

competência inexcedível no restauro<br />

do material impresso que<br />

usou, e graças à utilização das<br />

provas originais que conseguiu obter<br />

da agência americana King<br />

Features. O que faz a paixão.<br />

Geral<strong>de</strong>s Lino<br />

"LisboaPhoto <strong>20</strong>05" - Exposição<br />

15 exposições espalhadas por vários espaços da<br />

cida<strong>de</strong>, até Setembro.<br />

www.lisboaphoto.pt


ARQUITECTURA<br />

ELECTRÓNICA<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05 | 17<br />

[ jukebox ]<br />

São uma das últimas boas surpresas da música electrónica portuguesa.<br />

Com o álbum <strong>de</strong> estreia Soma e um conceito que quer ir mais além<br />

da música, os The Ultimate Architects tentam <strong>de</strong>sbravar caminhos<br />

que abrangem imagem, cinema ou mesmo teatro. D. Architect, Luís<br />

Fonseca e [F.] têm a palavra. | por Diogo Torgal Ferreira<br />

<strong>Mundo</strong> Universitário | Como é que<br />

nasce este projecto?<br />

D. Architect | Os The Ultimate Architects<br />

(UA) nasceram no ano <strong>20</strong>00, comigo no<br />

quarto com um computador e um teclado.<br />

Resolvi fazer um CD promocional<br />

que teve uma boa recepção, e isso <strong>de</strong>ume<br />

alento para continuar e tentar transpor<br />

a parte musical do que eu estava a<br />

fazer para um formato ao vivo. Entretanto<br />

falei com o F., meu amigo e cúmplice, e<br />

mais tar<strong>de</strong> com o Luís. Assim se formou<br />

o line-up dos UA. Partilhamos os três as<br />

teclas e <strong>de</strong>pois temos a voz, guitarra e<br />

baixo. Lançámos o EP Elevata em <strong>20</strong>04,<br />

o que nos permitiu tocar mais ao vivo,<br />

conhecer mais gente e ter mais experiências<br />

em estúdio. Agora, finalmente lançámos<br />

o nosso primeiro LP, o Soma, através<br />

do qual tivemos o privilégio <strong>de</strong><br />

trabalhar com gente como o Armando<br />

Teixeira, Luís João Seixas ou o Adolfo<br />

Luxúria Canibal.<br />

MU | Entre a primeira maquete e este<br />

LP há um intervalo <strong>de</strong> cinco anos.<br />

Precisaram <strong>de</strong>sse tempo todo para<br />

construir a vossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>?<br />

Luís Fonseca | Estes anos constituíram<br />

um processo <strong>de</strong> aprendizagem. Apesar<br />

<strong>de</strong> já termos experiências musicais anteriores<br />

nunca atingimos o nível que conseguimos<br />

agora. Nesse aspecto, o EP<br />

Elevata foi essencial, quer a nível <strong>de</strong> experiência<br />

<strong>de</strong> estúdio, quer <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong><br />

gravação. Ganhámos rodagem ao vivo e<br />

tudo isso contribui para chegarmos a este<br />

ponto.<br />

MU | Até que ponto a imagem é importante<br />

na vossa música?<br />

LF | O projecto não se restringe à música.<br />

Tem uma componente visual muito<br />

forte, materializada através <strong>de</strong> dois dos<br />

membros do projecto: Rui Veiga, que faz<br />

as nossas projecções, artes gráficas, etc<br />

e o João Paulo Simões que contribui<br />

com imagens e textos. Eles têm o knowhow<br />

necessário para pôr certas i<strong>de</strong>ias<br />

em prática. A imagem é muito importante:<br />

fotografia, cinema, artes gráficas...<br />

[F.] | Numa primeira fase estivemos muito<br />

envolvidos com sonoplastia e bandas<br />

sonoras para cinema e teatro. Talvez por<br />

isso, no princípio, a banda fosse mais um<br />

grupo instrumental e paisagístico do que<br />

uma banda <strong>de</strong> canções.<br />

MU | Como é que funciona o vosso<br />

processo <strong>de</strong> composição?<br />

DA | As coisas surgem quase sempre<br />

<strong>de</strong> pequenas peças que vamos construindo.<br />

Leva-se para os ensaios o que<br />

foi feito e, se a reacção for positiva,<br />

começamos a trabalhar em cima do<br />

que existe. Começamos a aprimorar, a<br />

alargar e a expandir.<br />

MU | Expliquem-nos o conceito <strong>de</strong>ste<br />

Soma.<br />

DA | Soma é uma palavra que tenta resumir<br />

uma história num futuro imaginário.<br />

A evolução tecnológica está-nos a levar<br />

para um <strong>de</strong>terminado ponto que não sabemos<br />

qual é. O álbum faz uma dissertação<br />

sobre on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>remos ir parar. A humanida<strong>de</strong><br />

há-<strong>de</strong> convergir num certo<br />

ponto e é esse conceito que tentamos<br />

explorar.<br />

MU | Como é que surge a colaboração<br />

com o Adolfo Luxúria Canibal?<br />

DA | A faixa Nanorealida<strong>de</strong>s começou<br />

como um instrumental e ao <strong>de</strong>senvolvermos<br />

o tema achámos que precisava<br />

<strong>de</strong> alguma coisa do género spoken<br />

word. Ao pensarmos em quem seria<br />

indicado para fazer a coisa, o nome do<br />

Adolfo foi o primeiro a surgir e o consenso<br />

foi total.<br />

Verão é sinónimo <strong>de</strong> sol, praia e...festivais <strong>de</strong> música. Eles aí estão!<br />

Hype@Tejo<br />

O local sofreu uma mudança, mas a<br />

linha mantém-se. O gran<strong>de</strong> festival<br />

<strong>de</strong> música electrónica sai do Meco<br />

para se instalar na Doca Pesca junto<br />

ao Tejo (próximo da Torre <strong>de</strong> Belém).<br />

A 9 <strong>de</strong> Julho, durante 11 hs, vão <strong>de</strong>sfilar<br />

em palco algumas das últimas<br />

novida<strong>de</strong>s na área electrónica, <strong>de</strong>stacando-se<br />

nomes como The Chemical<br />

Brothers, Spektrum ou Kru<strong>de</strong>r &<br />

Dorfmeister (DJ set). Bilhetes a 30<br />

euros, www.musicanocoracao.pt/festivais/fest_hype.html.<br />

Vilar <strong>de</strong> Mouros<br />

O <strong>de</strong>cano dos festivais <strong>de</strong> música<br />

realizados em Portugal (já leva 35<br />

anos) apresenta mais uma vez um<br />

cartaz cheio <strong>de</strong> boa música, on<strong>de</strong> se<br />

incluem nomes como Peter Murphy,<br />

Faithless, The Charlatans, Joss Stone<br />

ou Robert Plant. Na al<strong>de</strong>ia minhota,<br />

<strong>de</strong> 28 a 31 <strong>de</strong> Julho, além <strong>de</strong> música<br />

também haverá iniciativas no<br />

campo do cinema. O velhinho Vilar<br />

<strong>de</strong> Mouros não dá sinais <strong>de</strong> abrandamento:<br />

www.vilar<strong>de</strong>mouros.com.<br />

Sudoeste<br />

O maior dos festivais <strong>de</strong> Verão em<br />

Portugal, apresenta mais uma vez um<br />

cartaz <strong>de</strong> respeito. Oasis, LCD<br />

Soundsystem, The Kills, Devendra<br />

Barnhart, Kasabian ou Josh Rouse<br />

são algumas dos nomes que se po<strong>de</strong>m<br />

ouvir em pleno litoral alentejano.<br />

De 4 a 7 <strong>de</strong> Agosto na Herda<strong>de</strong> da<br />

Casa Branca, na Zambujeira do Mar,<br />

boa música é a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

num festival que nos habituou a ter<br />

quase 50 mil pessoas diariamente.<br />

www.musicanocoracao.pt/festivais/fe<br />

st_sudoeste.html.<br />

Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Coura<br />

Entre 15 e 18 <strong>de</strong> Agosto realiza-se<br />

aquela que talvez seja a mais ambiciosa<br />

edição <strong>de</strong> sempre do festival<br />

<strong>de</strong> Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Coura. No cenário paradisíaco<br />

da praia fluvial do Tabuão<br />

(em pleno Minho), <strong>de</strong>sfilam pesos pesados<br />

como Pixies, Queens of the<br />

Stone Age, Nick Cave & the Bad<br />

Seeds ou The Roots e novida<strong>de</strong>s como<br />

os Kaiser Chiefs, The Arca<strong>de</strong> Fire<br />

ou Juliette Lewis & the Licks. Bilhetes<br />

para os quatro dias <strong>de</strong> festival a<br />

80 euros. www.pare<strong>de</strong>s<strong>de</strong>coura.com.


18 | <strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05<br />

[ 7.ª Arte ]<br />

COLISÃO<br />

Quem gosta <strong>de</strong> filmes imprevisíveis tem<br />

em Colisão um filme <strong>de</strong> culto. Com um<br />

elenco constituído por Matt Dillon, Sandra<br />

Bullock, Jennifer Esposito, Don Cheadle<br />

e Brendan Fraser lança um olhar provocador<br />

e inflexível às complexida<strong>de</strong>s da<br />

tolerância racial, numa América contemporânea.<br />

Uma dona <strong>de</strong> casa e o seu<br />

marido advogado estatal. Um persa dono<br />

<strong>de</strong> uma loja. Dois polícias <strong>de</strong>tectives que<br />

também são amantes. Um director <strong>de</strong><br />

televisão afro-americano e a sua mulher.<br />

Um mexicano serralheiro. Dois ladrões <strong>de</strong><br />

automóveis. Um polícia recruta. Um casal<br />

coreano <strong>de</strong> meia-ida<strong>de</strong>. Todos são Los<br />

Angeles. Todos vivem nessa cida<strong>de</strong> da<br />

Califórnia e durante 36 horas irão entrar<br />

em colisão. Drama urbano, ousado e<br />

polémico, gira em torno das encruzilhadas<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> personagens multi-éticas,<br />

que luta para dominar os seus<br />

medos. O filme <strong>de</strong> Paul Haggis oferece<br />

uma importante lição sobre o que é a<br />

tolerância e o que <strong>de</strong>ve ser a solidarieda<strong>de</strong><br />

humana, com pormenores divertidos e<br />

respostas difíceis.<br />

Estreia a 23 <strong>de</strong> Junho.<br />

O NASCER<br />

DA LENDA<br />

Após vários filmes sobre o morcego justiceiro, chega um que oferece explicações pormenorizadas <strong>de</strong> como<br />

começou a lenda. Batman – O Início é um começo audaz <strong>de</strong> uma nova série <strong>de</strong> filmes on<strong>de</strong> Bruce Wayne vive<br />

mais <strong>de</strong> perto com os seus <strong>de</strong>mónios. Um elenco repleto <strong>de</strong> talento, algumas psicoses e bastante acção são<br />

os ingredientes para um homem morcego renovado. | por João Tomé<br />

| DVD |<br />

MacGyver –<br />

A Primeira Série Completa<br />

Quem é Batman? No começo do filme<br />

somos surpreendidos com uma história diferente<br />

daquelas que estávamos habituados<br />

nas outras sete películas <strong>de</strong> Batman.<br />

O realizador do brilhante Memento, retrata<br />

com exactidão a antiga banda <strong>de</strong>senhada<br />

Batman: Ano Um. Repleto <strong>de</strong> acção e com<br />

uma história mais credível e a<strong>de</strong>quada aos<br />

nossos dias, <strong>de</strong>staca-se a intensida<strong>de</strong> dramática<br />

da personagem <strong>de</strong> Bruce Wayne<br />

(Bale) e o restante elenco fantástico que<br />

nem sempre consegue mostrar todos os<br />

seus atributos.<br />

| A HISTÓRIA |<br />

Enquanto criança, Bruce Wayne assiste à<br />

morte dos seus pais por um ladrão. À medida<br />

que vai crescendo o jovem nunca recupera<br />

verda<strong>de</strong>iramente do choque. Sente-se<br />

<strong>de</strong> alguma forma culpado e, quando preparava<br />

a vingança, no dia em que o assassino<br />

iria sair em liberda<strong>de</strong>, alguém lhe rouba esse<br />

momento. Confuso, <strong>de</strong>siludido e amargurado,<br />

a personagem tão bem interpretada<br />

por Christian Bale abandona a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Gotham, cada vez mais corrupta e perigosa,<br />

e começa a percorrer o mundo em busca<br />

<strong>de</strong> uma resposta para o futuro. Na sua<br />

senda, procura <strong>de</strong>cifrar a mente criminosa<br />

e libertar-se <strong>de</strong> alguns dos <strong>de</strong>mónios que o<br />

atormentam. Esse percurso leva-o a integrar<br />

os ensinamentos <strong>de</strong> um culto ninja,<br />

que tem como objectivo último eliminar a<br />

corrupção e a miséria das cida<strong>de</strong>s pela via<br />

mais radical. Com um treino audaz na arte<br />

ninja, iniciado por um mestre oci<strong>de</strong>ntal<br />

(Liam Neeson), Bruce transforma-se num<br />

homem perito em artes marciais e <strong>de</strong>terminado,<br />

que acaba por se revoltar contra o radicalismo<br />

do grupo. Com i<strong>de</strong>ias mais claras,<br />

regressa a uma Gotham ainda mais<br />

assolada pelo crime organizado e pela corrupção,<br />

on<strong>de</strong> a sua amiga <strong>de</strong> infância, Rachel<br />

(Katie Holmes) é uma advogada que<br />

luta, com dificulda<strong>de</strong>, pela justiça na cida<strong>de</strong>.<br />

| O MITO DO MORCEGO |<br />

Bruce procura criar um símbolo respeitado<br />

por todos e que se possa tornar imortal e é<br />

assim que nasce Batman - com inspiração<br />

num dos principais medos <strong>de</strong> Bruce, os<br />

morcegos, que acabam por se tornar aliados.<br />

Depois, com ajuda do fiel mordomo da<br />

família, Alfred (Michael Caine), vai <strong>de</strong>scobrir<br />

a famosa gruta <strong>de</strong> morcegos por baixo da<br />

mansão dos pais e iniciar a interessante e<br />

inédita recolha <strong>de</strong> meios para criar o mito<br />

Batman, tarefa para a qual também contribui<br />

um amigo do seu pai, Lucius Fox (Morgan<br />

Freeman). Sempre pon<strong>de</strong>rado, acaba<br />

por ser o único aliado <strong>de</strong> Bruce nas empresas<br />

do pai.<br />

A luta pela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gotham vai ter primeiro,<br />

como principal adversário, um jovem advogado<br />

perito em psicoses que utiliza um<br />

gás alucinogénico perigoso para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r,<br />

mas o pior vem <strong>de</strong>pois. Com a ajuda<br />

do sargento da polícia, Jim Gordon – uma<br />

interpretação convincente <strong>de</strong> Gary Oldman<br />

– Batman vai enfrentar o seu passado mais<br />

recente. O filme <strong>de</strong> Chistopher Nolan não<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um chamado blockbuster procurando<br />

entreter, mas tem bastantes motivos<br />

<strong>de</strong> interesse e psicoses novas, pouco<br />

habituais nos outros filmes <strong>de</strong> Batman.<br />

Destaque ainda para a participação do exvocalista<br />

dos James, Tim Booth, que faz <strong>de</strong><br />

um assassino curioso e que po<strong>de</strong>rá ter um<br />

papel mais relevante na sequela óbvia.<br />

O herói <strong>de</strong> acção que apaixonou gerações<br />

durante os anos 80 e 90 está<br />

agora disponível em seis DVDs, numa<br />

edição com mais <strong>de</strong> mil minutos.<br />

McGyver é sinónimo <strong>de</strong> inteligência,<br />

perícia, improvisação e <strong>de</strong>scontracção.<br />

Angus MacGyver (Richard Dean<br />

An<strong>de</strong>rson) é assim um agente secreto<br />

cuja inteligência é a sua arma mais<br />

mortífera. Armado apenas com uma<br />

mochila recheada <strong>de</strong> objectos do diaa-dia,<br />

que vai apanhando aqui e ali,<br />

MacGyver vai improvisando a forma<br />

como ultrapassa os perigos que se<br />

lhe <strong>de</strong>param pelo caminho. São 22<br />

episódios para reviver emoções antigas.<br />

P. V. P. 62.50 euros


Espaço coor<strong>de</strong>nado por Geral<strong>de</strong>s Lino<br />

<strong>20</strong> JUNHO <strong>20</strong>05 | 19<br />

[ bd ]

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