'BORA AÍ, VAMOS VIAJAR?

Sumário
editorial
‘Não me leve a mal, mas dispenso a sua flor!’
No próximo sábado, dia 8 de Março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Quando o calendário
marca a data, há homens que insistem em dar flores ou mandar e-mails simpáticos para
a sua lista de conhecimentos femininos.
Nós não queremos flores, nem e-mails a darem-nos os parabéns por sermos mulheres, porque
nós gostamos de ser mulheres. O que queremos realmente é que nos tratem com igual respeito
e espírito de camaradagem com que se dirigem aos amigos homens, durante todos os dias do
ano. E que nos dêem as mesmas oportunidades sem que sejamos obrigadas a ter que provar
mais do que um homem teria que fazer. Só isso.
Se isto é um discurso feminista? Se eu sou feminista? Sim. Porque no meu dicionário pessoal
ser feminista não é um palavrão, mas uma maneira de estar na vida que se pauta por tentar
empurrar a sociedade na direcção de uma real igualdade de oportunidades para homens e
mulheres. Não corresponde à verdade que as mulheres queiram fazer frente aos homens. Nisto
das desigualdades saem todos a perder.
Os meninos, coitados, se em pequenos têm o azar de gostar de brincar com bonecas, então é
porque vão ser ‘maricas’ de certeza. As meninas que trepam às árvores chegam a ser açoitadas
pelas próprias mães que vêem ali um comportamento pouco feminino. Estas senhoras estão já
de si com o cérebro lavado por tanto anúncio absurdo que só vende a imagem de mulheres esculturais
e de perna trocada em pose sexy. Ridículo!
E os maridos destas senhoras, coitados, que
quando @s filh@s nasceram queriam ter ficado
tanto tempo em casa como elas... Ou que há que
tempos andam com vontade de ficarem em casa a
cuidar da família enquanto as mulheres saem para
o trabalho – mas que já foram advertidos por uns
quantos amigos na partida de futebol semanal:
«Nem pensar! Toda a gente te vai gozar!»
RAQUEL LOUÇÃ SILVA • DIRECTORA
rsilva@mundouniversitario.pt
Efemerides
4 Mar
3 Mar 1493 – O explorador
1989 – A selecção portuguesa
de Futebol sagra-se campeã
mundial de juniores, sob a direcção
de Carlos Queirós.
1980 – A escritora
belga Marguerite
Yourcenar torna-se a
primeira mulher eleita
para a Academia
Francesa.
1994 – Nelson Mandela,
líder do Congresso
Nacional
Africano, rejeita a
proposta de dividir a
África do Sul conforme
sugestão de alguns
cidadãos brancos
de
extrema-direita.
Deixo aqui uma palavra de apreço a Madalena Barbosa,
uma das pioneiras do feminismo português,
que morreu no passado dia 21 de Fevereiro, aos 66
anos.
Cristóvão Colombo
chega à América a bordo
de seu navio Niña.
5 Mar
6 Mar 7 Mar 8 Mar
1836 – Samuel Colt produz
o primeiro modelo
de revólver (calibre
34).
Dia Internacional
da Mulher.
9 Mar
1911 – Fundação da Universidade
de Lisboa.
ParaiSo
PurGatoRio
Inferno
» ANO EUROPEU PARA O
DIÁLOGO INTERCULTURAL
Na cerimónia de abertura do Ano Europeu para
o Diálogo Intercultural em Portugal, sob o lema
‘Juntos na Diversidade’, no passado dia 27, o
ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira,
afirmou: «Portugal também se tornou um país
de acolhimento, onde pessoas de 170 nacionalidades
constituem 5 por cento do total da população
e 10 por cento da população activa.» Isso
obriga a um esforço de integração. Na estratégia
do Governo estão envolvidas 42 bibliotecas
e 97 projectos com escolas, cinco festivais de
cinema, 33 espectáculos de dança, 41 exposições,
75 feiras temáticas, 22 espectáculos
de música, 46 peças de teatro e 63 colóquios.
» INSATISFAÇÃO NO SUPERIOR
O presidente do Conselho de Reitores, Seabra
Santos, veio a público criticar as listas de empregabilidade
divulgadas pelo Governo. «O
método utilizado merece pouca fiabilidade»,
garante, por considerar que a avaliação da
qualidade de um curso não pode ser medida
pelos resultados que obtém nos rankings de
empregabilidade. Há de facto muitos outros
factores em causa e o importante é ouvirem-se
as partes para que, no próximo ano, a lista
pareça mais fidedigna a todos.
» MUTILAÇÃO GENITAL
FEMININA É UMA REALIDADE
A ONU estima que entre 100 e 140 milhões de
mulheres e raparigas em todo o mundo tenham
sido genitalmente mutiladas e que três milhões
corram anualmente esse risco. Estas mulheres
correm maior risco de parto por cesariana, hemorragias
pós-parto, sem contar com as elevadas
taxas de mortalidade durante e imediatamente
a seguir ao parto. Tendo em conta os
números, dez agências da ONU comprometeram-se,
no dia 27, a erradicar esta prática até
2015, ano previsto para o cumprimento dos Objectivos
de Desenvolvimento do Milénio.
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Barcarena; ISSN 1646−1649.