Madan Parque de Ciência - Mundo Universitário
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10 | 3 ABRIL 2006 [ zoom ] Madan Parque de ciência com sede na Nova da Costa da Caparica Incubam empresas e lançam-nas ao mercado Quando se fala em incubação de empresas nas universidades, o Madan Parque vem quase sempre à baila. Ainda no dia 22 de Março, quando o Governo assinou um acordo com a Universidade do Texas, foi ali que o fez. O presidente do Parque de Ciência, com sede na Costa da Caparica, Sousa Lobo, abriu as portas do seu gabinete e conversou entusiasticamente de um projecto em que conceitos como tecnologia e empreendedorismo são reis. | POR RAQUEL LOUÇÃ SILVA | RSILVA@MUNDOUNIVERSITARIO.PT | «Na minha geração o paradigma era: um universitário quando termina vai à procura de um emprego e quanto melhor for o empregador mais bem sucedida será a sua carreira. Agora as coisas mudaram e, em muitos casos, as pessoas têm de inventar o seu próprio emprego para gerarem novos negócios». Quem o diz é o presidente do Parque de Ciência Madan, Sousa Lobo. O que apetece questionar a seguir às palavras do professor que, em 2003, trocou as funções de reitor da Universidade Nova para coordenar um projecto de incubação de empresas na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) é: até que ponto a Universidade ensina os alunos a serem empreendedores? É que, garante, «encontrar uma necessidade na sociedade e oferecer uma solução para o mercado é uma coisa que qualquer um pode tentar». E se é facto que «nem toda a gente se transforma em empresário»,muitas vezes, para além de se ter uma boa ideia «o importante é encontrar as pessoas certas» para a pôr em prática. «O choque tecnológico é uma expressão de marketing político» | Lições de empreendedorismo | Para quem não nasce com a queda natural para o negócio, há cursos de empreendedorismo – ali, na FCT, por exemplo, são ministrados a alunos do secundário, à semelhança do que se faz nos países anglo-saxónicos. Será essa a chave para o choque tecnológico de que tanto se fala? «O choque tecnológico é uma expressão de marketing político», reage o professor. Depois, pondera e esclarece: «não estou a minorar o esforço que está a ser feito. Acho que o Governo está a assumir uma postura muitíssimo importante e há uma série de legislação que vai favorecer a inovação tecnológica, ao diversificar fontes de energia.» Se é de ideias que nascem os grandes negócios, então o que é preciso é ter ideias inovadoras. Tendo em conta que estamos numa economia global em que tem de se concorrer com empresas de qualquer parte do mundo, no fundo «o truque é ter imaginação para concretizar projectos vingadores». E mesmo que não se consiga um projecto de sucesso à primeira, não há que ter receio de o admitir. Como costumadizer o professor António Câmara, mentor da Y-Dreams, a empresa mais bem sucedida actualmente sedeada no Madan, «aceitar as derrotas e saber esperar pelas vitórias é uma virtude». | O processo de incubação| São várias as categorias de Parque de Ciência. Há os de iniciativa municipal, os de iniciativa particular e os que são especializados. O Madan «está numa categoria que visa sobretudo a incubação de empresas». Integrado num campus universitário com 50 hectares, está instalado em três e, portanto, é um elemento que tira partido de estar dentro da Universidade. Em Portugal, exemplos na mesma linha só o do Instituto Pedro Nunes em Coimbra, que está muito próximo do pólo da Facul- Vai ser assim a entrada do novo Madan Parque daqui a sensivelmente um ano
«O aumento de eficiência dos vários sistemas, inclusive o de Justiça, de que se tem falado muito, pode tirar grandes benefícios com a entrada de novas tecnologias para agilizar processos» Projecto do pátio do Parque em construção. Prevê-se que ali, em encontros informais, nasçam parcerias produtivas dade de Ciência e Tecnologia de Coimbra, e outro que vai nascer no Porto, junto da faculdade de engenharia do Porto». Três a quatro anos é o período em que as empresas ficam na incubadora. Pagam uma renda de 11 euros por metro quadrado e usufruem dos serviços de comunicações ou correios e, numa fase inicial, de apoio no plano de negócio e procura do capital de risco. Para estar no Madan, se a empresa não estiver já criada, tem pelo menos de estar em projecto. Depois, cada vez que há interesse em registar uma nova patente, acciona-se a metodologia Quick Look Technology Acessment. Inspirada na Universidade de Texas, em Austin, baseia-se na técnica de entrevistas e tem como objectivo perceber o potencial comercial da ideia em questão.«Nós damos a nossa credibilidade à ideia», remata Sousa Lobo. É por isso que funcionam como uma espécie de intermediários com empresas de capital de risco e bancos. | Ganhar asas | Como se aguentam os filhos depois da mãe se demitir das suas tarefas de amparo? Sousa Lobo responde: «uma empresa pode ter três destinos ao fim de quatro anos: fechar porque afinal não resultou; crescer tanto que já não cabe aqui e tem de ir para outro sítio (as chamadas fast going); e o terceiro são as empresas designadas por lifestyle, que, não crescendo muito, encontram o seu nicho de negócios onde imprimem uma certa identidade». Actualmente, o Madan Parque alberga 17 empresas e por ali já passaram casos de sucesso como a Kirons, a Stab ou a Y- -Dreams. A última, ainda em processo de incubação, trabalha com software para telemóveis. Sousa Lobo traça-lhe a radiografia do sucesso: «é uma empresa de referência, sobretudo por causa da questão da globalização. Nós não estamos a transferir produtos que tenham de ser embarcados, mas serviços, como software ou coisas de dimensão pequena que se 3 ABRIL 2006 | 11 [ zoom ] transportam com facilidade. Virada para o mercado chinês, europeu e americano, a Y-Dreams está ao ritmo de uma empresa que aprendeu a ir à concorrência em termos planetários.» | Quem sai beneficiado | Os serviços ali desenvolvidos têm como finalidade ajudar em áreas diversas. Mas a ideia é sempre a mesma, pôr as novas tecnologias ao serviço das pessoas, no sentido de lhes facilitar o quotidiano. «O aumento de eficiência dos vários sistemas, inclusive o de Justiça, de que se tem falado muito, pode tirar grandes benefícios com a entrada de novas tecnologias para agilizar processos», acredita o professor. A maioria dos que ali trabalham são académicos, «muitos são ex-alunos de doutoramento ou de mestrado». Os outros são os que «percebem que saem beneficiados no que toca ao acesso à informação e à mão-de-obra qualificada». Com obras para as novas instalações do Parque em marcha, prevê-se que daqui a um ano já estejam terminadas. O projecto prima por concentrar todas as empresas que neste momento se localizam em sítios diferentes do campus. Facto que trará vantagens num aspecto aparentemente inconsequente, o do convívio informal, onde muitas vezes surgem as melhores cooperações. E é dessa troca que, quase sempre, nascem as melhores ideias. PUB
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<strong>Madan</strong> <strong>Parque</strong> <strong>de</strong> ciência com se<strong>de</strong> na Nova da Costa da Caparica<br />
Incubam<br />
empresas<br />
e lançam-nas ao mercado<br />
Quando se fala em incubação<br />
<strong>de</strong> empresas nas<br />
universida<strong>de</strong>s, o <strong>Madan</strong><br />
<strong>Parque</strong> vem quase sempre<br />
à baila. Ainda no dia<br />
22 <strong>de</strong> Março, quando o<br />
Governo assinou um<br />
acordo com a Universida<strong>de</strong><br />
do Texas, foi ali que o<br />
fez. O presi<strong>de</strong>nte do <strong>Parque</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, com se<strong>de</strong><br />
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Sousa Lobo, abriu as portas<br />
do seu gabinete e<br />
conversou entusiasticamente<br />
<strong>de</strong> um projecto em<br />
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e empreen<strong>de</strong>dorismo<br />
são reis.<br />
| POR RAQUEL LOUÇÃ SILVA |<br />
RSILVA@MUNDOUNIVERSITARIO.PT |<br />
«Na minha geração o paradigma era:<br />
um universitário quando termina vai à<br />
procura <strong>de</strong> um emprego e quanto melhor<br />
for o empregador mais bem sucedida<br />
será a sua carreira. Agora as coisas<br />
mudaram e, em muitos casos, as pessoas<br />
têm <strong>de</strong> inventar o seu próprio<br />
emprego para gerarem novos negócios».<br />
Quem o diz é o presi<strong>de</strong>nte do <strong>Parque</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> <strong>Madan</strong>, Sousa Lobo.<br />
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2003, trocou as funções <strong>de</strong> reitor<br />
da Universida<strong>de</strong> Nova para<br />
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Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s e Tecnologia<br />
(FCT) é: até que ponto<br />
a Universida<strong>de</strong> ensina os alunos a<br />
serem empreen<strong>de</strong>dores?<br />
É que, garante, «encontrar uma necessida<strong>de</strong><br />
na socieda<strong>de</strong> e oferecer uma<br />
solução para o mercado é uma coisa que<br />
qualquer um po<strong>de</strong> tentar». E se é facto<br />
que «nem toda a gente se transforma em<br />
empresário»,muitas vezes, para além <strong>de</strong><br />
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é encontrar as pessoas certas» para a<br />
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«O choque tecnológico<br />
é uma expressão <strong>de</strong><br />
marketing político»<br />
| Lições <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo |<br />
Para quem não nasce com a queda natural<br />
para o negócio, há cursos <strong>de</strong><br />
empreen<strong>de</strong>dorismo – ali, na FCT, por<br />
exemplo, são ministrados a alunos do<br />
secundário, à semelhança do que se faz<br />
nos países anglo-saxónicos.<br />
Será essa a chave para o choque tecnológico<br />
<strong>de</strong> que tanto se fala? «O choque<br />
tecnológico é uma expressão <strong>de</strong><br />
marketing político», reage o professor.<br />
Depois, pon<strong>de</strong>ra e esclarece: «não<br />
estou a minorar o esforço que está a ser<br />
feito. Acho que o Governo está a assumir<br />
uma postura muitíssimo importante<br />
e há uma série <strong>de</strong> legislação que vai<br />
favorecer a inovação tecnológica, ao<br />
diversificar fontes <strong>de</strong> energia.»<br />
Se é <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que nascem os gran<strong>de</strong>s<br />
negócios, então o<br />
que é preciso é ter i<strong>de</strong>ias inovadoras.<br />
Tendo em conta que estamos numa economia<br />
global em que tem <strong>de</strong> se concorrer<br />
com empresas <strong>de</strong> qualquer parte do<br />
mundo, no fundo «o truque é ter imaginação<br />
para concretizar projectos vingadores».<br />
E mesmo que não se consiga um projecto<br />
<strong>de</strong> sucesso à primeira, não há que<br />
ter receio <strong>de</strong> o admitir. Como costumadizer<br />
o professor António Câmara, mentor<br />
da Y-Dreams, a empresa<br />
mais bem sucedida<br />
actualmente se<strong>de</strong>ada no<br />
<strong>Madan</strong>, «aceitar as <strong>de</strong>rrotas<br />
e saber esperar pelas<br />
vitórias é uma virtu<strong>de</strong>».<br />
| O processo <strong>de</strong> incubação|<br />
São várias as categorias <strong>de</strong> <strong>Parque</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Ciência</strong>. Há os <strong>de</strong> iniciativa municipal, os<br />
<strong>de</strong> iniciativa particular e os que são especializados.<br />
O <strong>Madan</strong> «está numa categoria<br />
que visa sobretudo a incubação <strong>de</strong><br />
empresas». Integrado num campus universitário<br />
com 50 hectares, está instalado<br />
em três e, portanto, é um elemento<br />
que tira partido <strong>de</strong> estar <strong>de</strong>ntro da Universida<strong>de</strong>.<br />
Em Portugal, exemplos na<br />
mesma linha só o do Instituto Pedro<br />
Nunes em Coimbra, que está muito próximo<br />
do pólo da Facul-<br />
Vai ser assim a entrada do<br />
novo <strong>Madan</strong> <strong>Parque</strong> daqui<br />
a sensivelmente um ano