Auditoria à IPE - Tribunal de Contas
Auditoria à IPE - Tribunal de Contas
Auditoria à IPE - Tribunal de Contas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tribunais, nomeadamente dos Tribunais Administrativos e do<br />
<strong>Tribunal</strong> Constitucional.<br />
Ora, na perspectiva do <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, a questão do controlo da<br />
legalida<strong>de</strong> administrativa e muito menos da constitucionalida<strong>de</strong> não<br />
se coloca sequer sob a alçada da sua função jurisdicional, e, muito<br />
menos, da não jurisdicional, ao abrigo da qual emite opinião sobre a<br />
activida<strong>de</strong> das empresas que se enquadram no âmbito do seu controlo<br />
financeiro.<br />
A única consequência que <strong>de</strong>corre do aproveitamento <strong>de</strong>ste confronto<br />
doutrinário foi, pela parte da resposta da empresa no contraditório,<br />
que o diploma que aprova os estatutos da <strong>IPE</strong> continha normas <strong>de</strong><br />
natureza excepcional que se opõe ao regime jurídico das SGPS, não<br />
po<strong>de</strong>ndo, por isso, invocar-se a previsão e o estatuído no art.º 8º, n.º<br />
2, do Dec. Lei n.º 495/88, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Setembro, tal como se profere na<br />
conclusão do relato, uma vez que a excepção afasta a regra.<br />
Em termos conclusivos, afigura-se salientar que:<br />
1º Apesar <strong>de</strong> se encontrar previsto no seu objecto social a gestão <strong>de</strong><br />
participações sociais, o que “nada tem <strong>de</strong> estranho ou ilegal face ao<br />
art.º 11º do CSC”, suce<strong>de</strong> que, do ponto <strong>de</strong> vista dos auditores, os<br />
estatutos da <strong>IPE</strong> não contêm quaisquer atributos que lhe confiram um<br />
carácter <strong>de</strong> excepcionalida<strong>de</strong> face ao regime das SGPS. Aliás, basta<br />
consi<strong>de</strong>rar o contexto histórico em que os Estatutos foram aprovados<br />
em 1982, tal como se po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r do ponto 2 do relato, e, na<br />
prática, a criação <strong>de</strong> outras socieda<strong>de</strong>s SGPS no grupo, cujo controlo<br />
<strong>de</strong> gestão pertence à <strong>IPE</strong>, por um lado, e, por outro,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da natureza do acto que constituiu a <strong>IPE</strong>,<br />
administrativo ou normativo, o essencial é que por uma opção <strong>de</strong><br />
organização, fundada em interesse público, foi criada uma entida<strong>de</strong><br />
com a forma <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> comercial e, portanto, submetida ao<br />
quadro normativo regra do Código das Socieda<strong>de</strong>s Comerciais;<br />
2.º Constatou-se, com o passar dos anos, e, sobretudo, ao longo do<br />
período abrangido pela auditoria, que, <strong>de</strong> facto, a <strong>IPE</strong> foi restringindo<br />
a sua activida<strong>de</strong> a uma gestão <strong>de</strong> participações sociais;<br />
3.º No âmbito restrito das competências do <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, as<br />
conclusões do relato suscitaram uma questão jurídica atentas as<br />
circunstâncias económicas e jurídicas constatadas que colocam a <strong>IPE</strong><br />
em posição distinta <strong>de</strong> qualquer outra socieda<strong>de</strong> comercial privada<br />
cuja activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> participações sociais seja exercida <strong>de</strong><br />
acordo com a disciplina jurídica das SGPS, nos termos do Dec.-Lei<br />
148