Relatório de Auditoria nº 8/2002 - Tribunal de Contas
Relatório de Auditoria nº 8/2002 - Tribunal de Contas
Relatório de Auditoria nº 8/2002 - Tribunal de Contas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
• a eliminação em 1991 da taxa <strong>de</strong> televisão e a alienação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissores, que<br />
era proprieda<strong>de</strong> da RTP, por valores que foram praticamente absorvidos, nos dois anos<br />
seguintes, com a facturação que a empresa passou a suportar;<br />
• a ina<strong>de</strong>quação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> financiamento adoptado no contrato <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> 1993,<br />
confundindo a prestação do serviço público com o financiamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />
número <strong>de</strong> obrigações específicas;<br />
• as restrições impostas no contrato <strong>de</strong> 1997, em matéria <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, geradoras <strong>de</strong><br />
perda <strong>de</strong> receita para a RTP, bem como a imposição pelo Estado <strong>de</strong> novas obrigações <strong>de</strong><br />
serviço público;<br />
• a sistemática atribuição pelo Estado <strong>de</strong> IC em montantes não suficientes para compensar<br />
os encargos suportados com a prestação do serviço público, bem como a existência <strong>de</strong><br />
frequentes atrasos para a disponibilização daquelas, obrigando à contracção <strong>de</strong><br />
empréstimos intercalares <strong>de</strong> curto prazo;<br />
• a não realização, pelo accionista, Estado do saneamento financeiro da empresa.<br />
Outras razões, como as relativas à rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> custos em matéria <strong>de</strong> recursos humanos,<br />
<strong>de</strong>corrente do Acordo <strong>de</strong> Empresa da RTP; à tendência para o crescimento dos preços dos<br />
conteúdos nos mercados nacionais e internacionais; à existência <strong>de</strong> um mercado<br />
extremamente concorrencial, on<strong>de</strong> as audiências parecem apenas resultar da oferta <strong>de</strong> uma<br />
programação <strong>de</strong> natureza exclusivamente comercial; às dificulda<strong>de</strong>s para se conseguir um<br />
equilíbrio entre as obrigações <strong>de</strong> serviço público e a obtenção <strong>de</strong> audiências que garantam os<br />
proveitos necessários à sobrevivência económica e financeira da empresa e justifiquem, até, a<br />
existência do próprio serviço público <strong>de</strong> televisão, têm sido também apontadas.<br />
Não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se revelar que os motivos apontados constituíram efectivos<br />
constrangimentos à gestão na RTP e contribuíram, <strong>de</strong> facto, também para a situação em que<br />
actualmente a empresa se encontra.<br />
Porém, não po<strong>de</strong> igualmente <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se sublinhar que a principal razão conducente a tal<br />
situação resi<strong>de</strong> no facto <strong>de</strong> a RTP ter mantido, e até aumentado, uma pesada e pouco flexível<br />
estrutura <strong>de</strong> custos, herdada do período em que operava em regime <strong>de</strong> monopólio, tendo tal<br />
imobilismo sido acompanhado por uma drástica redução das receitas próprias da empresa,<br />
resultante <strong>de</strong> uma contínua perda <strong>de</strong> audiências em favor dos operadores privados e,<br />
simultaneamente, por um aumento significativo dos custos com a sua programação.<br />
Finalmente, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se recordar que as tutelas e administrações que se suce<strong>de</strong>ram<br />
na RTP, a partir <strong>de</strong> 1994, não viabilizaram nem concretizaram, efectivamente, qualquer dos<br />
diversos planos <strong>de</strong> mudança ou <strong>de</strong> reestruturação estratégica que foram sendo elaborados, na<br />
sequência <strong>de</strong> diversos trabalhos <strong>de</strong> consultoria que a RTP contratou para diagnóstico da sua<br />
situação e para indicação das medidas a adoptar, para a racionalização <strong>de</strong> custos, o<br />
aproveitamento <strong>de</strong> recursos, a alteração <strong>de</strong> processos e a reestruturação organizacional, as<br />
quais, todas elas, implicariam alterações profundas no funcionamento da empresa.<br />
54