Relatório de Auditoria nº 8/2002 - Tribunal de Contas
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<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><br />
Parece, assim, irrecusável serem o endividamento bancário e o crédito <strong>de</strong> fornecedores que<br />
têm permitido a sobrevivência financeira da RTP. Aliás, os níveis a que estes chegaram (sem,<br />
inclusive, ter sido necessária a prestação <strong>de</strong> garantias directas ou avales por parte do Estado 26 )<br />
ficou a <strong>de</strong>ver-se ao facto <strong>de</strong>, para os diversos credores, ter constituído condição suficiente<br />
representar, a RTP, uma empresa <strong>de</strong> capitais públicos, concessionária do serviço público <strong>de</strong><br />
televisão e objecto <strong>de</strong> apoio financeiro regular da parte do Estado.<br />
6.3. APRECIAÇÃO GERAL DA SITUAÇÃO ECONÓMICO-FINANCEIRA<br />
Des<strong>de</strong> 1993 que a RTP tem vindo a apresentar uma situação económico-financeira<br />
extremamente <strong>de</strong>gradada, caracterizada quer pela acumulação <strong>de</strong> prejuízos em montantes<br />
substanciais, quer pelo consequente aumento do endividamento da empresa para financiar a<br />
sua activida<strong>de</strong>.<br />
A empresa apresenta-se em situação <strong>de</strong> falência técnica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, não obstante o esforço<br />
financeiro por parte do Estado, seja pela subsidiação através <strong>de</strong> IC, seja pela realização <strong>de</strong><br />
aumentos <strong>de</strong> capital.<br />
Já no final <strong>de</strong> 1994, se podia observar que a RTP apresentava uma situação <strong>de</strong> falência<br />
técnica. E se esta situação foi invertida no ano seguinte, graças à realização pela empresa <strong>de</strong><br />
uma operação que consistiu em fazer relevar no seu balanço, por cerca <strong>de</strong> 26,6 milhões <strong>de</strong><br />
contos – 132,7 milhões <strong>de</strong> Euros, os direitos <strong>de</strong>tidos sobre programas exibidos (valorização do<br />
arquivo audiovisual da empresa), tal operação foi classificada pela IGF como <strong>de</strong> questionável<br />
valida<strong>de</strong> contabilística.<br />
De 1993 a 2000 foram sendo sucessivamente gerados prejuízos que ascendiam, no final <strong>de</strong><br />
2000, a um valor acumulado <strong>de</strong> cerca 189 milhões <strong>de</strong> contos (942,7 milhões <strong>de</strong> Euros),<br />
situando-se o capital e reservas da empresa, no final daquele mesmo ano, em cerca <strong>de</strong> 69,3<br />
milhões <strong>de</strong> contos (345,7 milhões <strong>de</strong> Euros). Neste período, registaram-se os resultados que<br />
constam do quadro seguinte:<br />
Unid: Milhares Contos<br />
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL<br />
R. Operacionais -9.202 -17.049 -20.601 -13.692 -27.069 -19.757 -18.003 -27.478 -152.852<br />
R. Financeiros -3.000 -3.005 -3.865 -4.654 -4.977 -5.169 -6.571 -7.824 -39.065<br />
R. Líquidos -7.883 -19.557 -26.581 -18.512 -32.223 -25.040 -24.838 -34.626 -189.260<br />
Fonte: RTP<br />
26<br />
A única excepção, relativamente a avales prestados pelo Estado, respeita a um empréstimo contraído em<br />
1981, a um banco alemão, para financiar um projecto <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> estúdios, o qual no final <strong>de</strong><br />
2000 atingia o valor <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 285 milhares <strong>de</strong> contos (1,4 milhões <strong>de</strong> Euros). De referir, também, que<br />
a própria operação contabilística, efectuada em 1995, <strong>de</strong> valorização dos direitos <strong>de</strong> exibição relativos<br />
ao arquivo, ao permitir o saneamento momentâneo da situação financeira da RTP, visou também criar<br />
as condições para a obtenção <strong>de</strong> crédito bancário.<br />
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