Relatório de Auditoria nº 8/2002 - Tribunal de Contas
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Em Abril <strong>de</strong> 2000, o CA da RTP, no sentido <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r alterar a situação <strong>de</strong>sta área, tomou<br />
uma Deliberação, na qual, como consi<strong>de</strong>randos, são referidos, entre outros, os seguintes:<br />
• “a existência <strong>de</strong> produção própria é um elemento caracterizador do conceito <strong>de</strong> serviço<br />
público <strong>de</strong> televisão, po<strong>de</strong>ndo ser instrumental como factor regulador dos preços <strong>de</strong><br />
mercado”.<br />
• “a política <strong>de</strong> aquisições aos produtores externos <strong>de</strong>ve ser baseada no princípio <strong>de</strong> que a<br />
RTP <strong>de</strong>ve adquirir os seus programas com base numa óptica estricta do interesse para as<br />
Antenas (...), não <strong>de</strong>vendo ser consi<strong>de</strong>rado como um factor <strong>de</strong>cisivo <strong>de</strong> adjudicação<br />
eventuais necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> viabilização das empresas <strong>de</strong> produção externa”.<br />
• “a criação da FO&CO e a recuperação económica e financeira da Edipim, em que o<br />
Grupo RTP está empenhado, <strong>de</strong>terminam uma estratégia <strong>de</strong> maximização da intervenção<br />
<strong>de</strong>stas produtoras na produção <strong>de</strong>stinada às grelhas <strong>de</strong> programação, que não se consegue<br />
sem melhoria do planeamento conjunto RTP/Produtoras. Esta melhoria do planeamento é<br />
condição indispensável para permitir que a Edipim e a FO&CO <strong>de</strong>senvolvam estratégias<br />
<strong>de</strong> maior especialização e <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> melh ores padrões <strong>de</strong> eficiência”.<br />
• “a intervenção das produtoras do Grupo RTP, se feita competitivamente como é objectivo,<br />
po<strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong> forma importante para a melhoria dos preços <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> certos<br />
tipos <strong>de</strong> programas, constituindo uma das respostas para a alta do preço dos conteúdos,<br />
num cenário <strong>de</strong> restrição orçamental actual e futura”.<br />
Do que se <strong>de</strong>liberou, <strong>de</strong>stacam-se os seguintes pontos:<br />
• “A Direcção <strong>de</strong> Antena e a Direcção <strong>de</strong> Emissões Internacionais <strong>de</strong>vem assegurar que a<br />
FO&CO e a Edipim são consultadas sistematicamente, quer para produção <strong>de</strong> fluxo quer<br />
<strong>de</strong> stock, sendo inquestionável a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem respeitados princípios <strong>de</strong><br />
competitivida<strong>de</strong> e concorrência, ou seja, as encomendas atribuídas serem adjudicadas a<br />
preços <strong>de</strong> mercado, em condições semelhantes <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e prazo <strong>de</strong> entrega”.<br />
• “A Direcção <strong>de</strong> Antena e a Direcção <strong>de</strong> Emissões Internacionais <strong>de</strong>vem passar a efectuar<br />
reuniões periódicas com as Direcções Operacionais da FO&CO e da Edipim, a fim <strong>de</strong>stas<br />
po<strong>de</strong>rem planear a sua activida<strong>de</strong>, com o objectivo <strong>de</strong> ser maximizada a sua participação<br />
nas grelhas <strong>de</strong> programação (...)”.<br />
Esta Deliberação, para além <strong>de</strong> confirmar as ineficiências que têm estado ligadas à produção<br />
própria, ao nível do seu planeamento e competitivida<strong>de</strong>, parece concluir que, no passado, se<br />
efectuaram aquisições <strong>de</strong> programas a produtoras externas sem que tenha existido um efectivo<br />
interesse para as Antenas dos conteúdos apresentados, ou que o foram feitas por necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> viabilização <strong>de</strong> produtoras externas.<br />
O que se constatou foi é que a prevalência que foi atribuída à aquisição <strong>de</strong> programas a<br />
produtoras externas nacionais, em alternativa à produção da própria RTP, constituía a<br />
consequência da ausência <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> programação e <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Estação para<br />
a empresa.<br />
Frequentemente, argumenta-se que a RTP está também sujeita à obrigação <strong>de</strong> apoiar o sector<br />
nacional do audiovisual, sendo corrente afirmar-se que a empresa financia cerca <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong>sta<br />
indústria.<br />
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