Iana Sudo MEDICALIZAÃÃO DAS MULHERES - Instituto de ...
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Flávia que acompanhou ela, que foi do parto indicado pelo obstetra, né, e acompanhou ela, ele não tinha muito essa visão. Tanto é que com três meses ele falou: “- vamos iniciar, a... introduzir as papinhas de fruta.” E a Flávia sempre foi...isso que eu te falei, ela era esfomeada. Ela passava o dia inteiro no peito. Mas eu não me incomodava com aquilo, porque eu achava assim, o máximo, entendeu. I: E você também não teve problemas com a Flávia? L: Não, eu não tive nenhum problema. I: A Flávia tem quantos anos? L: Tem um ano e nove meses. I: E é a sua primeira filha? L: É, é a minha primeira filha. Então, eu achava assim, o máximo, entendeu, passar o dia inteiro com ela no peito, e eu sempre fui assim, muito natural, saía, em qualquer lugar que eu tivesse, eu, sabe, eu nunca tive esse negócio. Tanto é que amigas minhas se sentiam às vezes constrangidas comigo, entendeu. Tem um marido de uma amiga minha que acha assim terrível, entendeu. E tipo assim, as duas estavam amamentando e ela ficava, a neném chorando e ela: “- ah, daqui a pouquinho eu amamento”, não sei o que. E eu não. Eu já tirava o peito, entendeu, já dava, não sei o que. Mas o pediatra começou com esse negócio “- dá NAN”. Aí eu fui protelando, protelando, e quando a Flavinha completou quatro meses, eu introduzi a papinha. I: Mas ele falou por que quê ele era a favor? L: Porque o quê que acontece: a Flávia não engordou do terceiro por quarto mês. Minto: ela engordou só que uns 300g, 400g. I: Mas cresceu? L: Cresceu, cresceu, entendeu, e engordou pouco. Considerado pouco pela estatística que eles acham. I: É, eles têm uma tabela. L: É, umas tabelas, exatamente. Aí, e nisso, no meu ouvido, né. Os familiares: “- Ah, porque essa menina ta morrendo de fome, porque essa menina...” e o que quê acontece: a Flavinha, a primeira vez que ela foi na papinha, cara, ela devorou a papinha, devorou. Então, ela começou a comer compulsivamente e as pessoas falavam: “- viu...” I: Isso com quatro meses. L: É, com quatro meses, “-...era fome, era fome!”. Mas eu continuei amamentando, entendeu. Tanto é que ela foi amamentada até os dez meses. Isso também, que quando...e o meu obstetra também dizendo: “- depois de seis meses, desnecessário esse leite, não tem mais nenhuma vantagem. Isso daí é água pra ela.” O obstetra pra mim pensavam assim, sempre pensou assim. Então, quer dizer, era muita pressão contra, entendeu, o fato de eu amamentar. Tanto é que quando eu engravidei, tanto o obstetra quanto o pediatra falaram: “- Tem que parar de amamentar. Tem que!” I: A segunda vez? L: É. “Tem que parar de amamentar!”, não é você, entendeu. Aí eu continuei amamentando, ainda, entendeu. I: E o seu marido? L: Não, e o meu marido achava também que falava assim: “- não é possível. Não precisa amamentar”, entendeu. Eu falava: “- ah, mas ela vai sentir falta do peito”, “- Não, você já deu o peito, já foi o suficiente.” Ele sempre achou que foi suficiente, entendeu. E com a Catarina, quando teve essa história toda, ele vendo o meu sofrimento, entendeu, ele falava
pra mim: “- Luiza, será que vale a pena?” porque eu chorava muito, muito, entendeu. Aquela coisa toda, então ele falava: “- será que não vale a pena você, entendeu, dá mais NAN, não vai fazer mal. Você não vê, eu fui...”, e realmente, ele nunca teve nada, nenhum problema de saúde, ele...ce vê vê ele na rua, ele tem 1m93cm, é enorme, entendeu. Os três, os irmãos dele são enormes, entendeu, saudáveis e tudo, aí ele sempre falava: “- viu, eu fui alimentado por leite de vaca.” A mesma coisa que a mãe dele falava, que fala, entendeu, que fala a mesma coisa, entendeu, tinha o mesmo discurso. Então, quer dizer, aí...aí ficava aquela pressão, entendeu e tudo. Mas eu, então dentro de mim, sempre tive isso. E com esse pediatra de agora que eu mudei, entendeu, que eu consegui essa motivação também. E, tipo assim, o meu marido sempre percebeu que isso me faz muito bem. Então, ele de certa forma depois desse negócio, ele incentiva, ele fica feliz, entendeu, de eu tá amamentando, se eu vou amamentar exclusivamente nos seios até os seis meses, entendeu. Ele incentiva o que ele acha que eu to bem, tá entendendo. I: Ele te apóia? L: Apóia, nesse caso. I: E como é que foi a sua gravidez? Primeiro a da Flavinha. L: Ah, foi ótima, ótima. E claro, no início, não, no início foi péssima porque eu enjoei muito. Vomitava assim, de ter que parar o carro, até três meses, de três a quatro meses é aí com três meses eu fiz uma viagem, com quatro meses eu fiz uma viagem que eu já tava bem, de três pra quatro meses. Mas eu enjoei bastante, no início, bastante, tanto é que eu fiquei magérrima. Eu tava até fazendo uma prova pra promotoria, né, que eu era defensora, e tipo assim, eu nem falei pra ninguém que eu estava grávida e ninguém sabia, entendeu, só assim...a minha barriga só veio aparecer bem depois mesmo, nem aparecia nem nada, mas aí foi isso, transcorreu tudo muito bem, o parto foi maravilhoso, entendeu, mas foi cesária. I: Mas mesmo assim... L: Foi, foi, foi maravilhoso. Foi assim...tranqüilíssimo, muito tranqüilo. Porque, tipo assim, o corre-corre do dia-a-dia, sabe, não me deixava também ter nenhum problema, entendeu. Por exemplo, eu dirigia até...se duvidar eu ia pra maternidade dirigindo, entendeu, é que o Júlio tava do meu lado, ele que ia dirigindo mas...aí... (a entrevista é interrompida para L ir ver a filha Catarina) I: Ah, você tava falando que podia ter ido dirigindo... L: Ah é, não, tipo assim, porque o obstetra sempre foi muito, assim, liberal nesse aspecto: “- ah, não, Luiza, pode fazer tudo, entendeu, até o dia do parto se tiver se sentindo bem”, e eu sempre me senti bem. I: Aí você teve a Flavinha, ficou de licença-maternidade, os quatro meses, como é que foi? L: Não, não, aí eu tenho quatro mais três de aleitamento, eu tenho mais 90 dias de aleitamento, são 90 dias: 30, 30, 30. Aí, e o que quê acontece: com a Flávia o que quê eu fiz: eu tive, eu só voltei a trabalhar, com a Flávia, quando ela tinha 10 meses porque... I: Então, você aproveitou bastante, que bom... L: É, agora com a Catarina eu vou voltar com seis, entendeu, porque eu não tenho férias. Eu até teria umas férias, mas aí eu não quero tirar por que o que quê acontece: às vezes tem algum percalço assim. Com a Flávia, a Flavinha teve muito problema de otite, aí eu tirei férias antes, entendeu, porque eu poderia não ter tirado, com a Catarina e tudo. E como assim, às vezes surge alguma necessidade no meio disso e tudo, aí com a Catarina eu vou voltar quando ela completar seis meses: quatro da minha amamentação e mais 30, mas só que os quatro eu tirei um mês antes pra ficar resolvendo as coisas da Flávia também
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pra mim: “- Luiza, será que vale a pena?” porque eu chorava muito, muito, enten<strong>de</strong>u.<br />
Aquela coisa toda, então ele falava: “- será que não vale a pena você, enten<strong>de</strong>u, dá mais<br />
NAN, não vai fazer mal. Você não vê, eu fui...”, e realmente, ele nunca teve nada, nenhum<br />
problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ele...ce vê vê ele na rua, ele tem 1m93cm, é enorme, enten<strong>de</strong>u. Os três,<br />
os irmãos <strong>de</strong>le são enormes, enten<strong>de</strong>u, saudáveis e tudo, aí ele sempre falava: “- viu, eu fui<br />
alimentado por leite <strong>de</strong> vaca.” A mesma coisa que a mãe <strong>de</strong>le falava, que fala, enten<strong>de</strong>u,<br />
que fala a mesma coisa, enten<strong>de</strong>u, tinha o mesmo discurso. Então, quer dizer, aí...aí ficava<br />
aquela pressão, enten<strong>de</strong>u e tudo. Mas eu, então <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim, sempre tive isso. E com esse<br />
pediatra <strong>de</strong> agora que eu mu<strong>de</strong>i, enten<strong>de</strong>u, que eu consegui essa motivação também. E, tipo<br />
assim, o meu marido sempre percebeu que isso me faz muito bem. Então, ele <strong>de</strong> certa<br />
forma <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sse negócio, ele incentiva, ele fica feliz, enten<strong>de</strong>u, <strong>de</strong> eu tá amamentando,<br />
se eu vou amamentar exclusivamente nos seios até os seis meses, enten<strong>de</strong>u. Ele incentiva o<br />
que ele acha que eu to bem, tá enten<strong>de</strong>ndo.<br />
I: Ele te apóia?<br />
L: Apóia, nesse caso.<br />
I: E como é que foi a sua gravi<strong>de</strong>z? Primeiro a da Flavinha.<br />
L: Ah, foi ótima, ótima. E claro, no início, não, no início foi péssima porque eu enjoei<br />
muito. Vomitava assim, <strong>de</strong> ter que parar o carro, até três meses, <strong>de</strong> três a quatro meses é aí<br />
com três meses eu fiz uma viagem, com quatro meses eu fiz uma viagem que eu já tava<br />
bem, <strong>de</strong> três pra quatro meses. Mas eu enjoei bastante, no início, bastante, tanto é que eu<br />
fiquei magérrima. Eu tava até fazendo uma prova pra promotoria, né, que eu era <strong>de</strong>fensora,<br />
e tipo assim, eu nem falei pra ninguém que eu estava grávida e ninguém sabia, enten<strong>de</strong>u, só<br />
assim...a minha barriga só veio aparecer bem <strong>de</strong>pois mesmo, nem aparecia nem nada, mas<br />
aí foi isso, transcorreu tudo muito bem, o parto foi maravilhoso, enten<strong>de</strong>u, mas foi cesária.<br />
I: Mas mesmo assim...<br />
L: Foi, foi, foi maravilhoso. Foi assim...tranqüilíssimo, muito tranqüilo. Porque, tipo assim,<br />
o corre-corre do dia-a-dia, sabe, não me <strong>de</strong>ixava também ter nenhum problema, enten<strong>de</strong>u.<br />
Por exemplo, eu dirigia até...se duvidar eu ia pra maternida<strong>de</strong> dirigindo, enten<strong>de</strong>u, é que o<br />
Júlio tava do meu lado, ele que ia dirigindo mas...aí... (a entrevista é interrompida para L ir<br />
ver a filha Catarina)<br />
I: Ah, você tava falando que podia ter ido dirigindo...<br />
L: Ah é, não, tipo assim, porque o obstetra sempre foi muito, assim, liberal nesse aspecto:<br />
“- ah, não, Luiza, po<strong>de</strong> fazer tudo, enten<strong>de</strong>u, até o dia do parto se tiver se sentindo bem”, e<br />
eu sempre me senti bem.<br />
I: Aí você teve a Flavinha, ficou <strong>de</strong> licença-maternida<strong>de</strong>, os quatro meses, como é que<br />
foi?<br />
L: Não, não, aí eu tenho quatro mais três <strong>de</strong> aleitamento, eu tenho mais 90 dias <strong>de</strong><br />
aleitamento, são 90 dias: 30, 30, 30. Aí, e o que quê acontece: com a Flávia o que quê eu<br />
fiz: eu tive, eu só voltei a trabalhar, com a Flávia, quando ela tinha 10 meses porque...<br />
I: Então, você aproveitou bastante, que bom...<br />
L: É, agora com a Catarina eu vou voltar com seis, enten<strong>de</strong>u, porque eu não tenho férias.<br />
Eu até teria umas férias, mas aí eu não quero tirar por que o que quê acontece: às vezes tem<br />
algum percalço assim. Com a Flávia, a Flavinha teve muito problema <strong>de</strong> otite, aí eu tirei<br />
férias antes, enten<strong>de</strong>u, porque eu po<strong>de</strong>ria não ter tirado, com a Catarina e tudo. E como<br />
assim, às vezes surge alguma necessida<strong>de</strong> no meio disso e tudo, aí com a Catarina eu vou<br />
voltar quando ela completar seis meses: quatro da minha amamentação e mais 30, mas só<br />
que os quatro eu tirei um mês antes pra ficar resolvendo as coisas da Flávia também