03.09.2014 Views

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mulheres <strong>de</strong> nutrir seus filhos com seu próprio leite. Para Roh<strong>de</strong>n (2001) isto <strong>de</strong>monstraria<br />

que a mulher não ocupou apenas um lugar <strong>de</strong> vítima no discurso médico, ela também<br />

soube se aproveitar <strong>de</strong>ste saber, a seu favor.<br />

Ai que, sabe, que me veio assim, aquela coisa toda da minha, sabe, é como se fosse<br />

aquela coisa da auto-estima, sabe, que tava tudo ali embaixo, ne. Da minha, do meu<br />

po<strong>de</strong>rio (Beatriz).<br />

Isso teve um peso tão gran<strong>de</strong> quando ela (Bibi Vogel) falou isso pra mim (que eu<br />

po<strong>de</strong>ria amamentar o tempo que quisesse) eu me senti a po<strong>de</strong>rosa (Beatriz).<br />

Por fim, Rocha-Coutinho (1992) propõe que a mulher <strong>de</strong>senvolveu um tipo <strong>de</strong><br />

controle “sútil e especial”, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa a partir do momento em que ela se recusaria a<br />

compartilhar algumas funções consi<strong>de</strong>radas femininas com seus maridos, mesmo que isto<br />

significasse uma sobrecarrega <strong>de</strong> afazeres. Com base nessa visão, a autora diz ainda que as<br />

mulheres teriam dificulda<strong>de</strong> em abrir mão <strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r, que não se faz presente nas suas<br />

ativida<strong>de</strong>s fora do espaço privado.<br />

Tem a coisa assim, <strong>de</strong> você tá muito junto, é um momento só seu com ele. Eu acho<br />

que é uma coisa que, assim, que ninguém mais tem. É um momento seu. Teve uma<br />

hora que ele começou a mamar e olhava assim quando amamentava, isso é muito<br />

legal, é uma coisa, é uma troca legal, também é bom (Júlia).<br />

Todas as representações analisadas, em relação à amamentação, apontam para<br />

sentidos opostos e confirmam as conclusões <strong>de</strong> Badinter (1985) <strong>de</strong> que a compulsão<br />

irresistível <strong>de</strong> se ocupar do seu bebê não se manifestaria da mesma maneira em todas as<br />

mães. Isto não torna uma mãe “anormal” ou “<strong>de</strong>snaturada”. O amor materno estaria ligado<br />

ao <strong>de</strong>sejo da maternida<strong>de</strong>, mas está ligado também à história individual <strong>de</strong> cada mulher e as<br />

influências que a socieda<strong>de</strong> faz pesar sobre elas, valorizando ou não a maternida<strong>de</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!