Iana Sudo MEDICALIZAÃÃO DAS MULHERES - Instituto de ...
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Isto se enquadra na análise realizada por Boltanski (1984), a respeito <strong>de</strong> a prática<br />
médica oficial, com sua observação e seus conselhos e prescrições, e a prática médica<br />
familiar não se excluírem mutuamente, mas parecerem ser essencialmente complementares.<br />
O nosso leite é bom sempre. Isso a ciência já comprovou. Tem tudo o que eu preciso.<br />
Mas tem que saber amamentar, tem que apren<strong>de</strong>r (Beatriz).<br />
Agora, <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> ser tão radical com relação à Catarina como eu era com a Flávia. Por<br />
exemplo, se fosse na época da Flávia e eu <strong>de</strong>sse esse NAN, nossa, eu acho que eu<br />
ia...sabe, chorar muito, muito, muito, porque aí eu dava, claro, não gostava nenhum<br />
pouco <strong>de</strong> dá, me sentia um pouco mal <strong>de</strong> ta dando, enten<strong>de</strong>u, até muito mal <strong>de</strong> ta<br />
dando. Mas hoje, por exemplo, se a Flávia tiver que ir, eu tiver que acompanhá-la<br />
novamente no médico, o médico <strong>de</strong>morar muito, tiver que ligar aqui pra casa: “- ah,<br />
ela (sua segunda filha) está com fome”, aí vou dá NAN, enten<strong>de</strong>u, sem gran<strong>de</strong>s<br />
culpas, enten<strong>de</strong>u, por causa disso (Luiza).<br />
Eu acho que falta conversar <strong>de</strong> uma forma mais humana. Eu acho que o quê acontece<br />
é que os médicos têm, eu acho, duas teorias, talvez, não sei se tem duas. Mas tem<br />
uma maneira <strong>de</strong> agir, que eu acho que é essa da minha pediatra, que está muito em<br />
comum, que é a seguinte: é você ir no tapa, tipo assim: “- você tem que agüentar!”;<br />
“você tem que fazer!”; “isso vai fazer bem pro teu filho, senão ele vai ficar doente!”,<br />
sabe, é uma coisa <strong>de</strong> chamar a responsabilida<strong>de</strong>, que é muito duro. Que eu acho que é<br />
importante, mas eu acho, na minha cabeça, que po<strong>de</strong>ria ser feita <strong>de</strong> uma outra<br />
maneira, talvez, eles não achem, eles achem que não, que é assim funciona, eu não sei<br />
(Nina).<br />
4.1.2.3 Relação médico - paciente<br />
O que acontece é que os médicos, em geral, eles mal<br />
sabem o nome da paciente. Sabe porque tá escrito, ele<br />
não sabe absolutamente nada. O médico tá ali, ele tem<br />
que aten<strong>de</strong>r não sei quantas pessoas, ele não está<br />
sensibilizado pra isso (para os problemas das mulheres<br />
com a amamentação) (Marina).<br />
Luz (1997) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> que há uma crise da medicina, particularmente no que<br />
diz respeito à relação médico-paciente. A autora <strong>de</strong>staca a perda ou a <strong>de</strong>terioração atual<br />
<strong>de</strong>ssa relação. Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho i<strong>de</strong>ntificam que esta crise é real e seria