Iana Sudo MEDICALIZAÃÃO DAS MULHERES - Instituto de ...
Iana Sudo MEDICALIZAÃÃO DAS MULHERES - Instituto de ...
Iana Sudo MEDICALIZAÃÃO DAS MULHERES - Instituto de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
alguma coisa. A freqüência que ele tinha (<strong>de</strong> uma em uma hora) inviabilizaria qualquer<br />
outra coisa. Mas, assim, eu acho que fora isso, não é isso exatamente que fazem as pessoas<br />
pararem. Não é a falta <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo. Eu acho que é muito mais uma coisa<br />
cultural. De chegar: “- Não, a criança tá magrinha <strong>de</strong>mais”, ou então “- Não, on<strong>de</strong> já se viu<br />
não dar água, tem que dar água, como é que a criança não vai beber água?” e tem muita<br />
cobrança. Eu acho que isso é importante.<br />
I: Eu queria saber <strong>de</strong> você: você acha a amamentação natural, instintiva, o que quê<br />
você acha, pensa sobre isso?<br />
J: Eu acho que é natural e instintivo, mas acho que muita coisa nesse meio do caminho<br />
po<strong>de</strong> mudar isso. Eu acho que a mulher, não todas, mas, assim, em geral, tem a curiosida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> saber como é a amamentar, você tem o seu filho ali. Eu acho que é um instinto você<br />
botar ele pra mamar. Agora, acho também que é um instinto você repudiar isso, porque a<br />
primeira sensação é muito ruim. Pra mim, foi muito ruim. Mas <strong>de</strong>pois não, <strong>de</strong>pois vai<br />
ficando uma coisa muito legal. E, assim, e no final, essa parte <strong>de</strong>, com onze meses foi mais<br />
difícil pra mim do que pra ele, esse término. Porque eu chegava em casa, já botava ele no<br />
peito, aí eu chegava <strong>de</strong>pois (no <strong>de</strong>smame) e tinha que preparar a mama<strong>de</strong>ira, era uma coisa<br />
estranha pra mim. Eu acho que a ruptura foi...<br />
I: Foi mais difícil pra mãe do que pro filho?<br />
J: Eu acho que, e no geral é, porque eu tenho pacientes que falam isso: “- ah, não, eu tirei<br />
do peito, mas <strong>de</strong>pois eu sentia tanta falta que eu botei <strong>de</strong> novo”, aí...por isso você tem...e o<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong> até fala pra se amamentar até os dois anos. Eu achei um pouco <strong>de</strong>mais,<br />
porque eu achei que era uma <strong>de</strong>pendência muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>le comigo. E o pediatra também<br />
falou, ele, aliás é que me falou para eu parar com onze meses. Que eu falei assim: ah, não<br />
eu tava querendo levar até um ano. Ele: “- não, pára agora, pára agora”. Aí, eu parei, e eu<br />
senti um pouco isso, mas eu achei que dois anos era <strong>de</strong>mais, não via muito benefício.<br />
I: E <strong>de</strong> amamentar exclusivamente até os seis meses, também foi idéia sua?<br />
J: Foi, idéia minha. Não, assim com tudo o que eu sabia disso, que até os seis meses só<br />
precisa do peito e tal, e eu tinha isso, que eu queria fazer isso. Então, isso aí. Mas isso foi<br />
fantástico pra mim. Eu achei que teve um resultado maravilhoso, eu nunca comprei um<br />
remédio pra ele até os seis meses. Foi muito bom.<br />
I: Então valeu a pena?<br />
J: Muito.<br />
I: Tem mais alguma coisa que você gostaria <strong>de</strong> falar?<br />
J: Não. Eu acho que a agente falou praticamente tudo que a gente tinha falado.<br />
I: Então, eu gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a sua participação, garantindo o anonimato.<br />
Obrigada.