Iana Sudo MEDICALIZAÃÃO DAS MULHERES - Instituto de ...
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I: Conseguiu?<br />
J: Eu tirava porque eu tinha muito mesmo, mas você tira muito menos leite. Então, até me<br />
disseram, mas isso ele já tava com cinco meses. “ - Ah, mas com a bomba elétrica você tira<br />
rapidinho”. Eu passava (???) só, mas aí com cinco meses eu não ia mais tirar com a bomba<br />
elétrica. Mas, assim, pra ir pro mestrado, pra ir pra uma aula <strong>de</strong> três horas dava, agora pra<br />
passar o dia inteiro, eu não sei se daria não.<br />
I: E a sua conduta profissional, sua orientação: como é que era antes <strong>de</strong> você<br />
amamentar, e agora que você amamentou?<br />
J: É...<br />
I: Mudou?<br />
J: Eu sempre valorizei a amamentação e tudo, mas eu não tinha idéia das dificulda<strong>de</strong>s,<br />
apesar <strong>de</strong> você saber. Uma coisa é as pessoas se queixarem pra você, e outra coisa é você<br />
sentir. Então, assim, agora eu entendo mais as pessoas, mas assim, eu também tenho mais<br />
força pra incentivar do que eu tinha. Às vezes assim, entendia até, mas não tinha a<br />
dimensão daquilo. Achava assim ah, bom se é muito ruim pra você, então. Agora eu sei que<br />
é muito ruim, eu sei que você também po<strong>de</strong> ter uma coisa muito gratificante que é ver a<br />
criança crescendo, saudável. Até os seis meses o meu filho não teve nada, nada, nem uma<br />
gripe, nada, nada, ele foi super...assim que eu tirei do peito, ele teve uma gripe horrível, que<br />
eu tirei não, que eu diminui a amamentação. Então, a partir dos seis meses que ele começou<br />
a ter gripe, essas coisas. Antes ele não tinha nada, era super saudável, ele ganhou peso<br />
muito rápido. Então, isso eu uso até em favor da minha profissão, pra chegar e tentar<br />
convencer as pessoas e tal. Mas eu acho que cada um vai viver a sua experiência, e, além <strong>de</strong><br />
tudo assim, <strong>de</strong> falar mesmo que vai doer mesmo, que era uma coisa que eu não ressaltava<br />
muito, né que agora eu ressalto: vai doer sim! que eu acho importante você estar sabendo,<br />
né. Que às vezes a pessoa acha que vai ser aquela coisa idílica, e vai ser aquela coisa e não<br />
é, né, É da pessoa saber o que vai ser a realida<strong>de</strong>, e também aceitar melhor isso, a partir do<br />
momento que você sabe que tem, que chega uma hora que aquilo pára, que vai melhorar.<br />
Porque tem uma hora que você acha que aquilo não vai melhorar nunca, que só piora, cada<br />
dia tá mais dolorido e tal, mas no final eu acho que <strong>de</strong>u pra usar até em favor da minha<br />
profissão.<br />
I: E assim, você tem clientes que ligam pra você<br />
J: Querendo parar?<br />
I: Querendo parar...<br />
J: Tem<br />
I: Querendo alguma fórmula milagrosa?<br />
J: É, assim, pois é.<br />
I: E assim, já ligaram <strong>de</strong>pois que você...<br />
J: Já. Já aconteceu isso <strong>de</strong>pois, “- ah, mas, puxa, eu não tô agüentando, e tal, quero parar.”<br />
E aí, sabe, aí você fala: não, olha isso vai ficar um tempo assim, mas se você insistir, <strong>de</strong>pois<br />
você vai melhorar e tal. E tem pessoas que você realmente não consegue convencer mesmo,<br />
até pela história <strong>de</strong> vida das pessoas, que é muito diferente também a motivação que elas<br />
têm ou não. E também tem pessoas que, assim, que a amamentação não tem esse efeito tão<br />
bom como teve pra mim. Por exemplo, a minha irmã amamentou as filhas, mas as filhas<br />
não ganhavam peso.<br />
I: Amamentou quanto tempo, você lembra?<br />
J: A primeira, eu acho que ela amamentou três meses. Mas assim, ela tinha um problema<br />
<strong>de</strong> refluxo, então ela não ganhava peso. Não ganhava peso, e no final a pessoa fica