03.09.2014 Views

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

falavam assim: “- não, minha filha, é assim mesmo, fica calma”, elas foram super gentis,<br />

mas eu acho assim, falar com essa minha amiga, falar com a ginecologista, com a pediatra<br />

não, a pediatra foi dureza, a pediatra eu chorei muito, que ela falava daquele jeito comigo,<br />

porque você quer um colo, você quer alguém que fale, enten<strong>de</strong>u, e ela foi durona comigo.<br />

Mas a ginecologista e essa minha amiga, elas foram maravilhosas, enten<strong>de</strong>u. Aquilo me<br />

ajudou, <strong>de</strong>u uma primeira ajeitada na , e eu tomei esse remédio natural mesmo que <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> uns dias começou a fazer efeito, eu comecei a ficar melhor. Aí <strong>de</strong>pois eu até parei, e eu<br />

também acho que era isso, eu olhava pra ele e falava assim: “ah, não, tenho ele aí, qualquer<br />

coisa eu tomo”, é verda<strong>de</strong>, eu também pensei nisso assim, e <strong>de</strong>pois eu acho até que era<br />

mais, assim, por apoio, eu olhava e não precisava tanto. Mas, naquela hora ali, ter essas<br />

pessoas foram importantes, se eu não tivesse, eu ia procurar alguma coisa, porque se eu não<br />

procurasse eu acho que eu caia, enten<strong>de</strong>u, eu caía, porque eu vi, eu vi que eu não tava bem,<br />

não era mais uma coisa do tipo “ah, tá nervosa”, não, naquele momento eu senti que eu tava<br />

per<strong>de</strong>ndo o controle da situação. Eu tava muito nervosa, sabe, que eu tava muito<br />

angustiada, chorando, sem dormir o pouco <strong>de</strong> tempo que eu tinha. E, conseqüentemente,<br />

você vai ficando muito exausta, e quanto mais exaustão eu sentia, mais angústia eu sentia<br />

daquilo, porque aí você já tem que tá sempre ali, e da <strong>de</strong> mamar, e você chorando e as<br />

pessoas falando: “- não chora, isso vai passar pra neném, ela vai ficar nervosa, ela não vai<br />

conseguir mamar”, e você vai ficando mais nervosa. Sabe, assim, puxa, é então eu falei:<br />

“isso é uma loucura, eu tenho que fazer alguma coisa”.<br />

I: E, hoje, você já teve que dar apoio pra alguma amiga que está passando por essa<br />

dificulda<strong>de</strong>?<br />

N: Não, mas eu adoraria. Por isso que quando a Rejane (mãe da entrevistadora) falou<br />

comigo eu falei: “ah, eu dou a entrevista”, porque eu acho isso muito importante. Eu tenho<br />

uma amiga minha que ela tá grávida, e a gente conversa muito, mas ela não tá vivendo a<br />

situação, e eu também não faço esse (???) também porque eu acho que não se justifica, que<br />

às vezes ela pergunta: “- como é que é a amamentação?”, “olha, é uma coisa muito<br />

importante, mas eu acho que você, na hora que você tiver vivendo é que nós vamos ver,<br />

porque cada caso é um caso, cada pessoa é uma pessoa, você vai ter que ver como é que vai<br />

ser a sua experiência, se você quer isso”. Eu falo muito assim, né, porque, enfim, “mas na<br />

época a gente conversa, a gente bate um papo”, porque, se quando a pessoa não tá, eu falo<br />

disso abertamente, falo mesmo, porque eu acho que tem que falar. Hoje em dia, também, eu<br />

acho, sabe, eu falo, até compro briga mesmo, às vezes, que as pessoas falam, assim, porque<br />

eu acho que tem que falar, sabe. A experiência que eu, o saldo que eu tirei disso é o<br />

seguinte: as mulheres tinham que se ajudar mais. E os homens <strong>de</strong>ssas mulheres que saibam<br />

disso, porque nessas horas, eu acho que muita gente <strong>de</strong>ve ter entrado na onda porque não<br />

encontrou alguém pra falar, e alguém dizer assim: “- aí, olha, é assim mesmo. Olha, fica, é<br />

assim mesmo, é normal”, você quer que alguém te diga essa palavra, sabe. “- Olha,<br />

acontece mesmo”. Então, hoje, assim, eu falo mesmo, se eu tiver, eu, até no início, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>sse (???) eu disso isso: “eu não fico grávida, eu nunca mais quero passar por isso!”, eu<br />

disse isso em alto e bom, pra todo mundo, pra ginecologista, a pediatra morria <strong>de</strong> rir, ela: “-<br />

Nina, todo mundo diz isso”. Eu falei “não diz não, tem gente que...”, eu falei, eu digo: “eu<br />

não quero”, ela morria <strong>de</strong> rir. Ela falava: “- ih, Nina, você esquece, daqui a pouco...”, mas<br />

eu fiz questão <strong>de</strong> não esquecer no sentindo, assim, que eu acho que é importante, assim,<br />

falar disso, conversar, sabe. Eu acho que tem gente que tira <strong>de</strong> letra, sei lá, mas eu acho que<br />

tem muitas mulheres que sofrem com isso e elas não conversam.??????? Têm mulheres que<br />

passam por experiências muito ruins, sabem, e que ficam numa <strong>de</strong>pressão, não querem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!