Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

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03.09.2014 Views

dele, no início você vai, então, eu acho que esse zelo demonstra apenas o respeito que as pessoas têm por aquela coisa, e eu acho que isso é normal. Agora, a partir do momento que você vai convivendo, você vai aprendendo, aí sim: “oba, eu já faço parte dessa família”, eu posso falar. I: Bia, eu posso falar que você é a coordenadora? B: Coordenadora do grupo I: E, você tem quantos anos? B: 49 anos, idos e vividos e bem vividos. I: Eu gostaria de agradecer pela entrevista, obrigada. QUARTA ENTREVISTA Ficha de identificação • Entrevistada: Nina, 38 anos. • Entrevistadora: Iana Sudo • Data: 10 de janeiro de 2003. • Tema: Amamentação • Início: 13h30min • Término: 14h30min. • Local: Campus do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (UFRJ), no Largo de São Francisco, Centro da cidade. • Mãe: Sim, de Clara, então com 1 ano e 11 meses. • Casada: Sim, uma vez com o pai da filha. • Profissão: Antropóloga, doutoranda do IFCS/UFRJ. • Amamentou: Exclusivamente até o quinto mês exclusivamente, depois com complemento até os 12 meses. • Clínica onde teve as filhas: particular • Parto: Cesariana. • Queria amamentar? Sim. • Presentes no local: Nina. Entrei em contato com Nina através de minha mãe, que era sua colega da faculdade. Ela havia comentado com minha mãe sobre as dificuldades que teve quando amamentou sua filha única. Minha mãe perguntou se ela poderia me fornecer a sua experiência, fato que aceitou. Marcamos a entrevista no IFCS, por ser um campus da UFRJ situado na cidade, portanto, local de fácil acesso para ambas, e onde ela estava cursando o doutorado. A entrevista foi realizada no pátio do campus, que estava vazio na ocasião. Em um momento específico da entrevista, ela se emocionou ao se lembrar de todas as dificuldades por quais

passou. Queria amamentar por achar a melhor opção para sua filha. Mesmo assim, isso gerou conflitos, pois na prática, a teoria se mostrou quase que ineficaz para resolver seus problemas. I: Iana (entrevistadora) N: Nina (entrevistada) LADO A I: Hoje são 10 de janeiro de 2003. Vou fazer entrevista com Nina. Como é seu nome? N: Nina. O que quê você quer saber? I: Você tem quantos anos? N: Eu tenho 38. I: E sua profissão? N: Eu sou antropóloga. I: Eu queria saber quantos filhos você tem? N: Uma, uma filha. I: Ela tá com quantos anos agora? N: Ela vai fazer dois anos agora, em fevereiro. I: Como é que foi a sua gravidez? N: Foi ótima. A gravidez foi ótima. Eu fiquei grávida com 35 anos, quer dizer, já uma idade, né, fora da média, né. Tive uma gravidez excelente, sem nenhum problema, com todos os cuidados e todas as orientações possíveis, né. Eu li muito, me preparei pra a amamentação. Queria amamentar. E aí, eu tomava sol, passava a toalhinha. Enfim, nada muito demais também, mas eu me preocupava com essa idéia: eu queria amamentar a Clara. I: Mas, esses conselhos, você lia, ou eram dos médicos? N: Os médicos, e eu mesmo. Quer dizer, na verdade, eu perguntava mais, porque eu já sabia, eu já tinha lido, eu já tinha uma visão: então eu falava: “não, eu quero amamentar a Clara”, eu sempre pensei assim. Então, eu acho que eu cheguei muito cabeça feita, assim, muito, muito preparada pra amamentar mesmo. E eu tive a Clara, e foi muito interessante, porque no dia que eu tive a Clara, eu fiz cesariana... I: E o parto também foi tranqüilo? N: O parto foi tranqüilo, mas eu passei mal depois. Então, eu fiquei um pouquinho grogue, eles me deram um pouquinho de sedativo, porque a Clara, ela tava solta, então tiveram que dar mais hormônio, e aí como eles me deram um pouco de hormônio demais, o que quê aconteceu: depois eu tive uma certa reação. Então, quando eu voltei da sala de parto, eu tava muito grogue, muito enjoada, e aí, logo, depois, assim, talvez, uma hora depois já trouxeram ela. E eu não tinha nem condição, assim, direito de administrar a situação. Mas, foi muito curioso, porque tava minha sogra, minha mãe, todo mundo, né. Aí, colocaram ela

passou. Queria amamentar por achar a melhor opção para sua filha. Mesmo assim, isso<br />

gerou conflitos, pois na prática, a teoria se mostrou quase que ineficaz para resolver seus<br />

problemas.<br />

I: <strong>Iana</strong> (entrevistadora)<br />

N: Nina (entrevistada)<br />

LADO A<br />

I: Hoje são 10 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2003. Vou fazer entrevista com Nina. Como é seu nome?<br />

N: Nina. O que quê você quer saber?<br />

I: Você tem quantos anos?<br />

N: Eu tenho 38.<br />

I: E sua profissão?<br />

N: Eu sou antropóloga.<br />

I: Eu queria saber quantos filhos você tem?<br />

N: Uma, uma filha.<br />

I: Ela tá com quantos anos agora?<br />

N: Ela vai fazer dois anos agora, em fevereiro.<br />

I: Como é que foi a sua gravi<strong>de</strong>z?<br />

N: Foi ótima. A gravi<strong>de</strong>z foi ótima. Eu fiquei grávida com 35 anos, quer dizer, já uma<br />

ida<strong>de</strong>, né, fora da média, né. Tive uma gravi<strong>de</strong>z excelente, sem nenhum problema, com<br />

todos os cuidados e todas as orientações possíveis, né. Eu li muito, me preparei pra a<br />

amamentação. Queria amamentar. E aí, eu tomava sol, passava a toalhinha. Enfim, nada<br />

muito <strong>de</strong>mais também, mas eu me preocupava com essa idéia: eu queria amamentar a<br />

Clara.<br />

I: Mas, esses conselhos, você lia, ou eram dos médicos?<br />

N: Os médicos, e eu mesmo. Quer dizer, na verda<strong>de</strong>, eu perguntava mais, porque eu já<br />

sabia, eu já tinha lido, eu já tinha uma visão: então eu falava: “não, eu quero amamentar a<br />

Clara”, eu sempre pensei assim. Então, eu acho que eu cheguei muito cabeça feita, assim,<br />

muito, muito preparada pra amamentar mesmo. E eu tive a Clara, e foi muito interessante,<br />

porque no dia que eu tive a Clara, eu fiz cesariana...<br />

I: E o parto também foi tranqüilo?<br />

N: O parto foi tranqüilo, mas eu passei mal <strong>de</strong>pois. Então, eu fiquei um pouquinho grogue,<br />

eles me <strong>de</strong>ram um pouquinho <strong>de</strong> sedativo, porque a Clara, ela tava solta, então tiveram que<br />

dar mais hormônio, e aí como eles me <strong>de</strong>ram um pouco <strong>de</strong> hormônio <strong>de</strong>mais, o que quê<br />

aconteceu: <strong>de</strong>pois eu tive uma certa reação. Então, quando eu voltei da sala <strong>de</strong> parto, eu<br />

tava muito grogue, muito enjoada, e aí, logo, <strong>de</strong>pois, assim, talvez, uma hora <strong>de</strong>pois já<br />

trouxeram ela. E eu não tinha nem condição, assim, direito <strong>de</strong> administrar a situação. Mas,<br />

foi muito curioso, porque tava minha sogra, minha mãe, todo mundo, né. Aí, colocaram ela

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