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03.09.2014 Views

I: Mas, você acha que dá para conciliar? M: Com certeza dá para conciliar sai, até mesmo, porque, agora, se sabe muito melhor como armazenar, tem mais orientação. Não disso, assim, que os bancos de leite estão preparados pra dar esse apoio, porque, o que eles tem lá, mal dá para suprir as maternidades, entendeu. O objetivo deles, no momento, está sendo atender as maternidades, aos prematuros, mas eu acho que, de repente, pode se conseguir uma ajuda, eu não sei. Já se sabe como retirar esse leite, armazenar, vai dar trabalho, mas se ela quiser mesmo, ela faz. I: Bia, então só para terminar, como é que você resumiria o trabalho das Amigas do Peito, você gostaria de falar mais alguma coisa? B:Ah, não sei. I: Qual o principal objetivo das Amigas. B: Olha, o que eu posso falar, até por mim. O que eu tenho maior orgulho, sabe, de tudo que a gente tem feito, tenho mesmo, sabe. Tenho a maior alegria de ter participado dessa história, de fazer parte dessa história, eu tenho uma gratidão enorme pelo o que as Amigas do Peito me deu nesses 22 anos. Não foi só o que eu dei pra ela, eu acho que as Amigas do Peito me deu muito mais, sabe, por quê? Porque me resgatou a minha auto-estima, me deu uma visão, assim, é, do respeito ao ser humano, a mulher, ela me fortaleceu isso, em mim mesmo, o meu direito como cidadã, como mulher, sabe. Então, o que eu vejo é, como muita alegria, de a vida ter me dado esse privilégio, de ter me proporcionado, sabe, participar de um grupo com uma história tão bonita, quanto essa das \Amigas do Peito. E vejo, hoje, 22 anos, depois, que, pode ser que daqui a algum tempo, não exista mais Amigas do Peito, não sei, mas a gente vai fazer parte dessa história e isso, sabe, ninguém vai poder tirar. Então, sabe, eu acho que isso em muito importante, sabe, é muito importante, a gente, eu ver que a gente tem um reconhecimento da opinião pública, a gente ter o reconhecimento das pessoas que estão ligadas à essa questão da amamentação no país. M: O governo, B: Pois é, do próprio o governo, não só o governo, como essas redes internacionais. Nós temos, nós podemos falar, nós somos reconhecidas por essas organizações, por essas instituições. Então, eu acho que isso é o maior prêmio de quem, há 22 anos atrás, começou a fazer parte, a escrever essa história, então, pra mim, eu resumo isso, nós, Amigas do Peito, estamos de parabéns por ter feito, de ter começado, de ter acreditado nesse potencial nosso, como mulher, como mãe, como pessoas, agentes imbuídos de uma solidariedade, de um amor, sabe, entre nós, entre os homens, os homens que eu digo assim, entre os seres humanos, né. Então, eu acho que isso valeu, valeu por isso. I: Marina, você quer falar mais alguma coisa? M: Sabe, até essa brincadeira de ficarem falando assim: “você é Amiga do Peito? É? não é? Eu tive até uma delicadeza, não sei se exagerada ou não da minha parte, por eu ter uma noção clara, pra mim, de todo esse processo delas, esse respeito que eu tenho pelo trabalho delas, né, admiração, então, pra eu senti, eu dizer assim: “eu faço parte”, quem sou eu pra fazer parte disso? De todo esse processo, de tantos anos? B: Às vezes, não. M: É uma coisa delicada. Quando eu botei o avental lá no Congresso, eu fiquei: “eu vou botar esse avental, não boto?” B: Mas aí, eu acho que aí, você ta fazendo parte das Amigas do Peito, dessa história, nesse momento, que é uma história, que você não conta ela só numa época. M: Você, saber, por exemplo, assim, quando eu chego, que eu vou representar as Amigas do Peito numa instituição, na Prefeitura: “ah, as Amigas do Peito?”, um sorriso de orelha a

orelha, todo mundo, sabe: “ah”. Eu sei que não sou eu Marina é o grupo, todo um trabalho, todo um percurso. Então, pra mim, eu senti muita responsabilidade. Eu não vou chegar lá e começar a falar aquela coisa assim, porque eu sei que eu to falando, representando um grupo que tem uma história que nem eu mesma tenho uma noção exata de tudo o que aconteceu. B: Pois é, mas isso é só uma questão de tempo. M: Mas não é fácil “pegar o bonde andando”. B: Não é fácil, mas o importante é pegar e continuar com ele. De pelo menos, naquele tempo em que estiver, que seja bem vinda. Aí, eu estou com o Vinícius (de Moraes): “que seja eterno enquanto dure”. Então, é isso que a gente. M: Então, é isso que eu penso B: Pois é, senão a gente também perderia nessa história, se não houver uma continuação, se não houver pessoas que peguem esse bonde pra continuar levando M: Até porque eu me considero leite novo no grupo. B: Claro, lógico. M: Sangue novo. B: Porque essa história tem que ser continuada, tem que levar e precisa de gente que leve, que empurre esse bonde. Que nem as histórias, por exemplo, das pirâmides. Quantas pessoas construíram aquela história? Quantas fizeram, ficaram no início, mas não teve que ter outros, milhares de anos, pra poder, não sei quantos anos, lá, levou para construir, até um outro dia eu tava lendo, uma catedral, levou mais de 100 anos para construir? Então, todos fazem parte daquela história. Aqueles que começaram, os alicerces, aqueles que foram levantando as pilastras, os outros que fizeram o telhado. M: É, mas tem que saber onde vai botar o tijolinho. Não é botar o tijolinho em qualquer lugar. B: Eu sei. Mas, você daqui a 20 anos, você vai falar assim: “eu tenho orgulho de ter construído, de estar construindo a história desse grupo”. Isso é uma história. A Amiga do Peito é uma história viva, ela vive, ela está acontecendo. M: Uma coisa assim, eu fiz os cursos, e tal, você tem as informações, eu acho importante você ter também, as informações corretas, pelo menos consideradas corretas, no momento, porque a coisa muda tanto, né. B: E como isso nos facilita né. M: Isso é muito importante. Mas, participar das Amigas do Peito, é mais que isso, entendeu, é mais, é além do que ser um técnico, um agente de saúde. Eu, me sinto capacitada pra ser uma agente de saúde, eu posso dar, como eu fiz em Trancoso, o pessoal babou, foi um sucesso, foi assim, uma coisa maravilhosa, o negócio, mas, falar em nome do grupo Amigas do Peito, é outra coisa, é outra emoção, que é bacana. Não estou falando que seja ruim não, mas eu acho que tem uma diferença ali, um a mais. B: Mas, eu acho que essa insegurança que você ta sentindo, não sei se é insegurança, o que que é. Esse cuidado, esse zelo, eu acho que isso é a maior demonstração de respeito, até pela organização. Até porque isso é normal ter, no momento que você respeite qualquer organização. Então, se amanhã, você entrar, por exemplo, igual lá, nesse trabalho, que você ta fazendo em Trancoso, dentro da comunidade lá, que você ta começando até esse entrosamento, você também vai ter esse zelo, esse respeito com as pessoas, só com o tempo: “ah, não, já tô me sentindo aqui íntima do pessoal de Trancoso”, assim é as nossas relações amigas, particulares, quando você começa a freqüentar, por exemplo, uma família. Por exemplo, amanhã, você ta de paquera com um gostosão, então, vai conhecer a família

I: Mas, você acha que dá para conciliar?<br />

M: Com certeza dá para conciliar sai, até mesmo, porque, agora, se sabe muito melhor<br />

como armazenar, tem mais orientação. Não disso, assim, que os bancos <strong>de</strong> leite estão<br />

preparados pra dar esse apoio, porque, o que eles tem lá, mal dá para suprir as<br />

maternida<strong>de</strong>s, enten<strong>de</strong>u. O objetivo <strong>de</strong>les, no momento, está sendo aten<strong>de</strong>r as maternida<strong>de</strong>s,<br />

aos prematuros, mas eu acho que, <strong>de</strong> repente, po<strong>de</strong> se conseguir uma ajuda, eu não sei. Já se<br />

sabe como retirar esse leite, armazenar, vai dar trabalho, mas se ela quiser mesmo, ela faz.<br />

I: Bia, então só para terminar, como é que você resumiria o trabalho das Amigas do<br />

Peito, você gostaria <strong>de</strong> falar mais alguma coisa?<br />

B:Ah, não sei.<br />

I: Qual o principal objetivo das Amigas.<br />

B: Olha, o que eu posso falar, até por mim. O que eu tenho maior orgulho, sabe, <strong>de</strong> tudo<br />

que a gente tem feito, tenho mesmo, sabe. Tenho a maior alegria <strong>de</strong> ter participado <strong>de</strong>ssa<br />

história, <strong>de</strong> fazer parte <strong>de</strong>ssa história, eu tenho uma gratidão enorme pelo o que as Amigas<br />

do Peito me <strong>de</strong>u nesses 22 anos. Não foi só o que eu <strong>de</strong>i pra ela, eu acho que as Amigas do<br />

Peito me <strong>de</strong>u muito mais, sabe, por quê? Porque me resgatou a minha auto-estima, me <strong>de</strong>u<br />

uma visão, assim, é, do respeito ao ser humano, a mulher, ela me fortaleceu isso, em mim<br />

mesmo, o meu direito como cidadã, como mulher, sabe. Então, o que eu vejo é, como muita<br />

alegria, <strong>de</strong> a vida ter me dado esse privilégio, <strong>de</strong> ter me proporcionado, sabe, participar <strong>de</strong><br />

um grupo com uma história tão bonita, quanto essa das \Amigas do Peito. E vejo, hoje, 22<br />

anos, <strong>de</strong>pois, que, po<strong>de</strong> ser que daqui a algum tempo, não exista mais Amigas do Peito, não<br />

sei, mas a gente vai fazer parte <strong>de</strong>ssa história e isso, sabe, ninguém vai po<strong>de</strong>r tirar. Então,<br />

sabe, eu acho que isso em muito importante, sabe, é muito importante, a gente, eu ver que a<br />

gente tem um reconhecimento da opinião pública, a gente ter o reconhecimento das pessoas<br />

que estão ligadas à essa questão da amamentação no país.<br />

M: O governo,<br />

B: Pois é, do próprio o governo, não só o governo, como essas re<strong>de</strong>s internacionais. Nós<br />

temos, nós po<strong>de</strong>mos falar, nós somos reconhecidas por essas organizações, por essas<br />

instituições. Então, eu acho que isso é o maior prêmio <strong>de</strong> quem, há 22 anos atrás, começou<br />

a fazer parte, a escrever essa história, então, pra mim, eu resumo isso, nós, Amigas do<br />

Peito, estamos <strong>de</strong> parabéns por ter feito, <strong>de</strong> ter começado, <strong>de</strong> ter acreditado nesse potencial<br />

nosso, como mulher, como mãe, como pessoas, agentes imbuídos <strong>de</strong> uma solidarieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

um amor, sabe, entre nós, entre os homens, os homens que eu digo assim, entre os seres<br />

humanos, né. Então, eu acho que isso valeu, valeu por isso.<br />

I: Marina, você quer falar mais alguma coisa?<br />

M: Sabe, até essa brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> ficarem falando assim: “você é Amiga do Peito? É? não é?<br />

Eu tive até uma <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, não sei se exagerada ou não da minha parte, por eu ter uma<br />

noção clara, pra mim, <strong>de</strong> todo esse processo <strong>de</strong>las, esse respeito que eu tenho pelo trabalho<br />

<strong>de</strong>las, né, admiração, então, pra eu senti, eu dizer assim: “eu faço parte”, quem sou eu pra<br />

fazer parte disso? De todo esse processo, <strong>de</strong> tantos anos?<br />

B: Às vezes, não.<br />

M: É uma coisa <strong>de</strong>licada. Quando eu botei o avental lá no Congresso, eu fiquei: “eu vou<br />

botar esse avental, não boto?”<br />

B: Mas aí, eu acho que aí, você ta fazendo parte das Amigas do Peito, <strong>de</strong>ssa história, nesse<br />

momento, que é uma história, que você não conta ela só numa época.<br />

M: Você, saber, por exemplo, assim, quando eu chego, que eu vou representar as Amigas<br />

do Peito numa instituição, na Prefeitura: “ah, as Amigas do Peito?”, um sorriso <strong>de</strong> orelha a

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