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Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

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M: Eu acho que na re<strong>de</strong> pública, essa situação já progrediu bastante. Mas na privada a<br />

gente vê que, as próprias maternida<strong>de</strong>s, aqui no Rio <strong>de</strong> Janeiro, maternida<strong>de</strong> chique,<br />

bacana, e eles têm um procedimento ai, que você vê, que não tem nenhuma informação.<br />

Isso, aqui, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, imagina noutro lugares, aí, pelo Brasil, é complicado. Agora,<br />

o Ministério da Saú<strong>de</strong> tem um papel que eu acho muito importante que é <strong>de</strong> preparar,<br />

capacitar, esses profissionais ligados a re<strong>de</strong> pública no Brasil inteiro, mesmo no interior,<br />

mas, ainda assim, próprio Ministério da Saú<strong>de</strong>, não tem suporte suficiente pra aten<strong>de</strong>r a<br />

<strong>de</strong>manda, ainda não dá.<br />

B: Outra coisa também foi o próprio trabalho feito pela WABA, né, na questão da semana<br />

mundial <strong>de</strong> amamentação, uma coisa que envolveu todas as secretarias municipais e<br />

estaduais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

M: Que que foi que a WABA fez?<br />

B: Não, que ela começou, a WABA começou a promover a semana Mundial <strong>de</strong><br />

Amamentação, e o Brasil foi um dos que mais...Mas nós sempre trabalhamos, tivemos<br />

envolvidas na Semana Mundial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início.<br />

I: E, como é que as Amigas vêem as mulheres que não querem amamentar?<br />

B: Olha, primeiro, a gente tem o cuidado <strong>de</strong> ver se essas mulheres realmente, ela não quer<br />

amamentar, ou ela não tem informação. Então, o que eu acho, sempre achei, a pessoa, pra<br />

optar, se amamentação, é uma opção, então, pra ela optar, ela tem que conhecer. Então, eu<br />

só posso dizer que essa mulher não quer amamentar, uma vez que eu saiba que ela teve<br />

acesso a informação e ela: “mas eu não quero”, e ela tem que ser respeitada, essa é uma<br />

opinião, é um ponto-<strong>de</strong>-vista das Amigas do Peito. A mulher, em qualquer hipótese, ela<br />

<strong>de</strong>ve ser respeitada na sua <strong>de</strong>cisão. Agora, o que não é justo, o que a gente, às vezes,<br />

coloca, Amigas do Peito, é que, o que é a gran<strong>de</strong> maioria, que todo mundo julga: “ah, que<br />

ela não quis amamentar”. Não, não é que ela não quisesse, ela não teve informação, ela não<br />

teve apoio, sobretudo, ela não teve apoio, e tá claro que ela acaba <strong>de</strong>sistindo, e, às vezes,<br />

essa <strong>de</strong>sistência passa pra ela mesma, como se ela não quisesse, mas não é a verda<strong>de</strong>. Tanto<br />

que, quantas vezes uma mulher, que você conversa com ela: “ah, não, eu acho<br />

amamentação um saco, sei lá, dá muito trabalhao”, mas, aí, ela começa a ter informação,<br />

você começa a apóia-la naquilo, ela reverte isso totalmente.<br />

M: E outra coisa: do ponto-<strong>de</strong>-vista psicológico, a mulher, ela tem dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dar o<br />

peito que é uma região <strong>de</strong> prazer, antes <strong>de</strong> qualquer coisa, é uma região <strong>de</strong> prazer. Então,<br />

tem mulheres que não conseguem mesmo fazer com que essa região seja estimulada.<br />

B: Olha, você falou uma coisa, por isso que eu te falo.<br />

M: È uma coisa muito séria. Então, você não po<strong>de</strong> chegar pra essa mulher; “não, você tem<br />

que amamentar!”, ela não vai conseguir amamentar com prazer, que é fundamental. Então,<br />

é melhor dar uma mama<strong>de</strong>ira, um copo bem dado e, <strong>de</strong> repente, junto ao peito, com<br />

carinho, com contato, do que ela dar um peito agoniado, com <strong>de</strong>sprazer, que eu não to<br />

falando <strong>de</strong> dor não, <strong>de</strong> sentir dor, é uma coisa emocional, da coisa da estrutura psíquica <strong>de</strong>la<br />

mesma,<br />

B: Mas, Marina, você falou uma coisa importantíssima. Que a gente vivencia isso no grupo.<br />

Eu acho que isso é uma das observações que as Amigas do Peito tem que ter quando ta no<br />

grupo e aten<strong>de</strong>ndo essas mulheres. Por isso, a gente não po<strong>de</strong> julgar, não po<strong>de</strong> ser dona da<br />

verda<strong>de</strong> em nada. Então, isso aí que você que falou. Eu já vivenciei isso <strong>de</strong>ntro do grupo.<br />

Uma mulher, que ela tava tendo dificulda<strong>de</strong>, que ela ia, que ela tava sendo pressionado pela<br />

família para ir ao grupo, e aí, conversa vai, conversa vem, você via que ela não lidava bem<br />

com o peito <strong>de</strong>la. Ela não, por exemplo. Aí, perguntando: “ah, não, mas eu não gosto nem

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