Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

B: Ah, vão. De querer todas as respostas feitas? Claro que vão. Todas as mães que chegam
ali vão, pra querer saber a receita de bolo. Que eu acho que isso é até normal, de todo
mundo que chega em qualquer grupo de mútua-ajuda.
M: E, de preferência, querer saber tudo numa reunião só.
B: Numa reunião, você entendeu. Então, isso, é uma coisa que a gente vai aprendendo com
o tempo. Eu vejo, que eu participe também de outros grupos, fora dessa questão de
amamentação, eu vejo que toda pessoa, qualquer grupo de mútua-ajuda, quando elas
chegam lá, elas chegam pra ter toda a resposta. Isso também é, você que tem experiência
como psicóloga, tudo, do próprio pediatra, uma mãe quando chega dentro do consultório
pediátrico, ela quer todas as respostas, que ele também não pode dar, naquele momento, às
vezes. Ele tem que observar. Pó, dentro de um consultório, numa terapia, ce pode ter a
resposta pronta praquela mulher ou pra pessoa? Em lugar nenhum, então, na realidade,
ninguém tem uma resposta pronta pra ninguém.
M: E o que é importante é o tempo marcado dos encontros, que é pra interromper, e voltar
numa outra vez.
B: Exatamente.
M: Senão, não tem fim.
B: Mas você vê que eu sempre to tendo o cuidado, assim, de colocar, no grupo, avisar o
dia, de falar: “nós não pretendemos encerrar, que não temos nem a pretensão de
resolvermos todos os seus problemas”, porque não tem mesmo, e nem pode ter.
M: E é bom também ir avisando: “olha, daqui a cinco minutos (vamos encerrar)”.
B: Vamos encerrar.
M: Pra já ir preparando.
I: E, as mães voltam? Como é que você vê?
B: Bom, eu vejo que muitas mães, a grande maioria, volta pros grupos. Ela volta pra
próxima reunião e tudo.
M: É, que às vezes, tem aquela mãe que vem de muito longe.
B: Vem de muito longe. Essas aí já dificultam mais.
M: Tem problema de passagem.
B: É, você vê que, ali no grupo da Tijuca, a gente recebe mãe de Caxias, Nilópolis, sei lá
mais aonde, pó, lugar longe pra caramba.
M: Pega ás vezes dois, três ônibus.
B: A gente tem o cuidado de anotar isso: quantas mães que vêm pela primeira vez e as que
tão repetindo. Então, você vê, no grupo da Tijuca tem sempre mãe que já freqüentam o
grupo e as mães novas. A gente tem esse cuidado de mostrar isso. Então, eu acho que isso
que é a alma também do grupo, né, essas mães que estão voltando.
I: Agora, os pais? Vocês estão com essa preocupação? O que vocês pensam em relação
aos pais?
B: A gente sempre achou que o pai é um aliado nosso. Você vê, ta aí, nesses (cartazes), 84,
nós promovemos, no Miguel Couto, antes de existir ONG Papai, ONG não-sei-que-lá-mais,
nós já promovemos o debate, a participação do pai na amamentação. Você vê, isso foi em
84,no hospital Miguel Couto, ta vendo. Então, isso, você vê, nós já estávamos falando
disso, da importância do pai, sempre tivemos, sempre acreditamos que ele tinha que ta lá
conosco, que ele tinha que participar, que é importante a participação dele. Então, você vê,
que no grupo de Amigas do Peito, depois daquela, que a gente começou pra sair pra fora, de
dentro dos apartamentos, a gente sempre convidava, tava sempre convidando, que podia
levar quem quiser, não só os pais, como as avós, comadres, esse pessoal. Que a gente