03.09.2014 Views

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

B: É. Maravilhosa. Conhece ela?<br />

M: Eu conheci o filho <strong>de</strong>la, fotógrafo.<br />

B: Fotógrafo. A Maria Helena, ela é um barato. Ela é nossa amigona do peito.<br />

M: Ela se aposentou? Não ta mais lá?<br />

B: Se aposentou? Não sei. Também um tempão que eu não vejo ela. Mas ela, nós fizemos<br />

vários trabalhos juntos, na época, nós fomos convidados pela Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (do Rio <strong>de</strong> Janeiro), <strong>de</strong> fazer um trabalho junto com o pessoal da Feira da<br />

Previdência. Aí nós começamos a nos meter em tudo. Sabe, querer fazer aquele negócio. E,<br />

foi também selecionando: quem é que fazia, quem é que não fazia, sabe, essa coisa todo.<br />

Quem queria se comprometer <strong>de</strong> fato com as Amigas do Peito. Começou, infelizmente, a<br />

surgir alguns rachas, porque já tinha um pessoal, algumas pessoas que naquela época<br />

queria, porque tava, a gente ta tendo um respaldo da opinião pública: “ah, vamos ganhar um<br />

dinheiro com isso daqui”. E a gente achava, a maioria achava, que não era pra misturar as<br />

coisas...<br />

I: No final da década <strong>de</strong> 80?<br />

B: Exato, exatamente, no final da década <strong>de</strong> 80, enten<strong>de</strong>u. Então, muitos paus quebraram<br />

entre nós, porque tinha uma turma que queria: “ah, não. Mas nós po<strong>de</strong>mos ganhar dinheiro,<br />

cobrar isso, tem...”. que eu não sei se tava errada. Hoje, eu fico vendo, <strong>de</strong> repente, não sei,<br />

sabe. Naquela época, a gente achou que não podia misturar, porque o nosso trabalho era um<br />

trabalho voluntário, era importante do jeito que tava sendo feito.<br />

M: Eu acho que naquela época era importante que fosse assim, mas <strong>de</strong>pois eu acho que<br />

vocês prolongaram muito essa história.<br />

B: Pois é, <strong>de</strong> repente foi isso. Nós não soubemos fazer uma avaliação;<br />

M: Eu acho que vocês, porque tudo tem seu momento histórico.<br />

B: Tudo tem o seu momento. Exatamente, exatamente. Hoje, a gente vê que <strong>de</strong> repente, a<br />

gente <strong>de</strong>morou muito. Mas, talvez. Foi importante naquela época, porque isso, era uma<br />

coisa bem quista também, pela gente mesmo. Nós achávamos bacana ser isso, ser<br />

voluntária. A gente achava um barato aquilo ali, né. Então, eu sei que foi assim. Aí, nós<br />

começamos então, os grupos foram reduzindo, porque muitas pessoas, muito daquelas<br />

pessoas que tavam fazendo o trabalho, muitas tiveram que voltar ao mercado <strong>de</strong> trabalho,<br />

né, pela situação econômica com tudo isso, então, isso começou então a aparecer as<br />

dificulda<strong>de</strong>s.<br />

I: E, nessa época, já tinha financiamento, parceria?<br />

B: Nada! Nos <strong>de</strong>z primeiros anos, não tivemos um tostão. Tudo foi sempre do nosso bolso.<br />

Aquela, o primeiro material que nós fizemos pra ven<strong>de</strong>r foram as camisetinhas, aquele<br />

“Movido a leite materno”, a camiseta que era das Amigas, que era antiga, que era antes<br />

daquele coração, nós tínhamos a camiseta que foi até um marido <strong>de</strong> uma que fez, né. Então,<br />

a gente tem aí ela aí como histórico, eu tenho uma em casa e tudo. Mas, essas camisetas,<br />

tudo, nós que fizemos, com o nosso bolso, dinheiro do nosso. E, dali, a gente revendia e aí<br />

começou a botar, né, esse dinheiro reverter, então, durante os <strong>de</strong>z primeiros anos, nós não<br />

tivemos dinheiro nenhum. Tinha assim, uma outra festa da Mangueira, eu sei que uma vez<br />

o Ponto Frio é ajudou, mas dando assim, imprimindo o material, <strong>de</strong>u dinheiro pra imprimir<br />

o material pra fazer umas camisetas <strong>de</strong>pois, isso já, lá em 1987, se não me engano, né. Mas<br />

,assim, pro grupo, nunca teve nada. Foi quando, então, em 90, aliás, em 1989, na Argentina,<br />

A Bibi lá,nesse grupo Ñuñu, fica conhecendo duas norueguesas que foram pra po<strong>de</strong>r<br />

financiar o projeto do Ñuñu, que era um projeto, uma casa da mãe solteira lá, que tinha, né.<br />

Então, uma das amigas do Ñuñu falou: “Bibi, vice tem que falar pra essas mulheres sobre

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!