Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

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03.09.2014 Views

entra lá na internet, vê ce você acha alguma coisa.” Ele começou a pesquisa, ele, a minha mãe, entendeu, aí acharam, esse, o nome, alguma coisa relacionado a isso e o telefone. Aí que eu liguei, entendeu, e depois... I: A Catarina tava com quantos meses? L: Três, três meses. Então, quer dizer, aí eu liguei, falei com a Beatriz (coordenadora do grupo de mães da Tijuca), não sei o quê... I: Você tava com todo aquele sofrimento com o peito, tava ainda com tudo isso? L: Tudo, tudo. Não, eu tava no auge, entendeu. Quando eu fui lá eu também tava com o peito rachado também. Mas o que quê acontece: eu saí da reunião assim, é...na mesma coisa. Porque o que quê acontece, você vai pra reunião pensando que você vai sair de lá curada, entendeu, que você vai ter uma pega que não vai doer nada, entendeu. Então, você acha que vai ocorrer um milagre, entendeu. E não foi isso o que aconteceu. Aí eu cheguei em casa, assim, arrasada, falando: “- meu Deus do céu, eu não consegui uma pega”, entendeu, “- vão perdurar os meus problemas”, eu não sei o quê e continuava chorando da mesma forma, aí eu acho que até no mesmo dia, a moça, essa técnica de enfermagem veio aqui em casa, falou: “- calma, calma. Não é assim, vamos lá, você vai conseguir”. Então, é isso que eu falo, né, aí, diversas pessoas, né, do seu lado, falando, as “Amigas do Peito”, de certa forma elas falam: “- olha...” eu acho importante elas passarem isso “que muitas mães...”, entendeu, no dia que eu fui, engraçado, né, é...muitas poucas pessoas, eu não sei se é pouco divulgado, as pessoas não procuram muito, porque tinha um grupo muito pequeno, né, na reunião que eu fui, então, porque é importante você ouvir o relato de outras mães porque aquilo te incentiva, entendeu, porque quem ta lá já quer amamentar, entendeu, quem vai pra lá, procura lá é porque já tem vontade de amamentar. Então, você vai encontrar ali, pensamentos parecidos com os seus, porque quem não quer amamentar, ou ta quase com o pé, lá no NAN, entendeu, não está ali, não ta ali, entendeu. Então, quer dizer, por isso que eu acho importante as “Amigas do Peito”, por esse relato, de falar: “- não, eu já passei por isso”. Eu ter voltado lá (na reunião do dia 27 ago. 2002), entendeu e falado: “- não, olha, eu já passei por isso, entendeu, é uma fase, mas dá pra superar.” I: Mas então, você chegou em casa depois da reunião, aí você chamou essa técnica. Mas como é que você melhorou? Porque você melhorou. L: Não, agora eu já to totalmente curada. Então, por causa dessa técnica em enfermagem... I: Ela te ensina o quê? L: Ela te ensina como, entendeu, fazer isso, né, a fazer a massagem, botar o bepantol, botar a luz (do abajur), entendeu, e trazem a máquina dele, só que a máquina eu nunca usei, eu continuei tirando manualmente. Então, é mais um incentivo, entendeu. Aí o que acontece: eu conversando com ela, ela falou: “- Luiza, olha, eu vendo o seu peito, existem peitos piores do que o seu.” Por exemplo, o meu peito nunca sangrou, entendeu, embora tenha aberto, ficado um rombo, mas então ela falava: “- nossa, tem pessoas que ficam com a auréola toda...”, então, aquilo de certa forma, te conforma mais. E ela falava: “- E essas pessoas continuaram amamentando, conseguiram amamentar. Então, por que quê você, no seu caso, não vai conseguir?”, entendeu. I: Mas ela ensina como é que o bebê tem que pegar? L: Ensina, põe, põe o bebê, entendeu, fica aqui com você. Você paga pra ela, aí ela fica... I: Passa o dia? L: A sua disposição. E ela nem ficou o dia, ela ficou algumas horas só e foi super rápido, porque também eu não senti necessidade de que ela ficasse mais, entendeu. Mas aí ela te passa isso, e de certa forma o pediatra me deu uma segurança também, porque, por

exemplo, eu não queria dar o NAN, de forma alguma. Quando ele viu que o meu sofrimento tava muito grande, ele falou: “- Luiza, você vai dar o NAN”, entendeu “- pelo menos uma ou duas vezes ao dia e com o aval do seu pediatra!”, entendeu. “- Isso não vai fazer mal ao seu filho.” O que acontece: até então eu tinha aquela idéia de que podia dar um..., entendeu, aquilo era horrível, então ele chegou pra mim e falou: “- você vai continuar amamentando. Você só vai dar uma coisa temporária, entendeu, é temporário”, entendeu. “- Então, vamos resolver esse teu problema pra você ficar curada e você continuar só com o peito”, entendeu. Então, o que quê acontece: eu me tranqüilizei, o fato dele ter, eu lembro que ele falou pra mim “- você está dando NAN com o aval do seu pediatra, se alguém perguntar por que quê você ta dando NAN, você pode dizer, com a autorização dele, ele autorizou você a dar.” Então isso também me fez sentir segura. Durante aquele período de uma semana, entendeu, que eu tava fazendo a cicatrização, foi importante eu intercalar de vez em quando com o NAN, entendeu, ainda que, tipo assim, eu desse um pouquinho “aí, não, ta doendo”. Aí, dá o restante do NAN, entendeu. Isso foi importante, pra mim também, eu achei que foi importante, porque aí eu parei e cicatrizou. Que a impressão que eu tinha é que nunca ía cicatrizar. Agora, eu já sei de relatos de mãe que falam assim “- eu permaneci no peito e cicatrizou mesmo assim”. Procurei um mastologista também pra sabe se era ou não mastite. I: E aí? L: Ele falou pra mim: “- não, Luiza, não é mastite. Você pode continuar amamentando e pode dar esse peito rachado pra ela, entendeu, que não vai ter problema”, entendeu. I: Mas doía muito quando você dava? L: Doía, doía, doía, doía, doía. Ele falou, aí ele me sugeriu o bico de silicone, o mastologista. Não adiantou nada e outras mães dizem que é assim, um sucesso, entendeu. Comigo não adiantou nada, nada, nada. Ela não pegava, ela ficava irritada, entendeu, era horrível, horrível. Então, quer dizer, tudo isso, sabe, foi me...me confortando. Foi uma série de fatores que somados me ajudaram a acontinuar amamentando. Que tinha vezes que eu falava: “ai, não, não vai dar mais!”. I: E depois como é que você, agora, conseguiu amamentar muito bem? L: Não, agora tá tranqüilo. A única preocupação que eu tenho é isso, de eu achar que a Catarina não mama muito, entendeu, mas ela ta engordando, entendeu. No primeiro mês que ela quase não engordou, mas do primeiro pro segundo ela engordou 1kg e meio e do segundo pro terceiro ela engordou 800g, 900g, 800g. Então, quer dizer, é o que o pediatra fala: “- você tem leite, entendeu, você tá com leite, seu leite tá alimentando ela.” Então, eu acredito nisso, entendeu, mas, às vezes, eu não acredito tanto, às vezes eu fico com medo, entendeu. I: Mas ela mama, assim, de quantas em quantas horas? L: Olha, eu nunca olhei horário, entendeu. Eu não faço assim, horário, mas eu acredito que ela mame de três em três horas, entendeu. Mas, por exemplo, dessa vez que eu tive que ir pra Barra, ela ficou quatro horas sem mamar. Eu cheguei ela já tava assim “nhom, nhom, nhom (vocalizações)”, você vê que ela tava com uma fome, sabe, nhom, nhom, eu acho que ela não tinha nem forças pra, pra chorar, entendeu. Foi a vez que eu fiquei mais tempo. Mas se eu fico tentando dar o mamar, mas com a Catarina isso não funciona bem. Com a Flávia, aqui se eu tivesse, ela já teria mamado umas três vezes, entendeu, aí me angustia mais ainda saber que a Catarina não ta mamando, você ta entendendo, que ela dá esse intervalo. I: Mas mesmo o pediatra falando que ta tudo normal? L: Não, não basta, não basta.

exemplo, eu não queria dar o NAN, <strong>de</strong> forma alguma. Quando ele viu que o meu<br />

sofrimento tava muito gran<strong>de</strong>, ele falou: “- Luiza, você vai dar o NAN”, enten<strong>de</strong>u “- pelo<br />

menos uma ou duas vezes ao dia e com o aval do seu pediatra!”, enten<strong>de</strong>u. “- Isso não vai<br />

fazer mal ao seu filho.” O que acontece: até então eu tinha aquela idéia <strong>de</strong> que podia dar<br />

um..., enten<strong>de</strong>u, aquilo era horrível, então ele chegou pra mim e falou: “- você vai continuar<br />

amamentando. Você só vai dar uma coisa temporária, enten<strong>de</strong>u, é temporário”, enten<strong>de</strong>u. “-<br />

Então, vamos resolver esse teu problema pra você ficar curada e você continuar só com o<br />

peito”, enten<strong>de</strong>u. Então, o que quê acontece: eu me tranqüilizei, o fato <strong>de</strong>le ter, eu lembro<br />

que ele falou pra mim “- você está dando NAN com o aval do seu pediatra, se alguém<br />

perguntar por que quê você ta dando NAN, você po<strong>de</strong> dizer, com a autorização <strong>de</strong>le, ele<br />

autorizou você a dar.” Então isso também me fez sentir segura. Durante aquele período <strong>de</strong><br />

uma semana, enten<strong>de</strong>u, que eu tava fazendo a cicatrização, foi importante eu intercalar <strong>de</strong><br />

vez em quando com o NAN, enten<strong>de</strong>u, ainda que, tipo assim, eu <strong>de</strong>sse um pouquinho “aí,<br />

não, ta doendo”. Aí, dá o restante do NAN, enten<strong>de</strong>u. Isso foi importante, pra mim também,<br />

eu achei que foi importante, porque aí eu parei e cicatrizou. Que a impressão que eu tinha é<br />

que nunca ía cicatrizar. Agora, eu já sei <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> mãe que falam assim “- eu permaneci<br />

no peito e cicatrizou mesmo assim”. Procurei um mastologista também pra sabe se era ou<br />

não mastite.<br />

I: E aí?<br />

L: Ele falou pra mim: “- não, Luiza, não é mastite. Você po<strong>de</strong> continuar amamentando e<br />

po<strong>de</strong> dar esse peito rachado pra ela, enten<strong>de</strong>u, que não vai ter problema”, enten<strong>de</strong>u.<br />

I: Mas doía muito quando você dava?<br />

L: Doía, doía, doía, doía, doía. Ele falou, aí ele me sugeriu o bico <strong>de</strong> silicone, o<br />

mastologista. Não adiantou nada e outras mães dizem que é assim, um sucesso, enten<strong>de</strong>u.<br />

Comigo não adiantou nada, nada, nada. Ela não pegava, ela ficava irritada, enten<strong>de</strong>u, era<br />

horrível, horrível. Então, quer dizer, tudo isso, sabe, foi me...me confortando. Foi uma série<br />

<strong>de</strong> fatores que somados me ajudaram a acontinuar amamentando. Que tinha vezes que eu<br />

falava: “ai, não, não vai dar mais!”.<br />

I: E <strong>de</strong>pois como é que você, agora, conseguiu amamentar muito bem?<br />

L: Não, agora tá tranqüilo. A única preocupação que eu tenho é isso, <strong>de</strong> eu achar que a<br />

Catarina não mama muito, enten<strong>de</strong>u, mas ela ta engordando, enten<strong>de</strong>u. No primeiro mês<br />

que ela quase não engordou, mas do primeiro pro segundo ela engordou 1kg e meio e do<br />

segundo pro terceiro ela engordou 800g, 900g, 800g. Então, quer dizer, é o que o pediatra<br />

fala: “- você tem leite, enten<strong>de</strong>u, você tá com leite, seu leite tá alimentando ela.” Então, eu<br />

acredito nisso, enten<strong>de</strong>u, mas, às vezes, eu não acredito tanto, às vezes eu fico com medo,<br />

enten<strong>de</strong>u.<br />

I: Mas ela mama, assim, <strong>de</strong> quantas em quantas horas?<br />

L: Olha, eu nunca olhei horário, enten<strong>de</strong>u. Eu não faço assim, horário, mas eu acredito que<br />

ela mame <strong>de</strong> três em três horas, enten<strong>de</strong>u. Mas, por exemplo, <strong>de</strong>ssa vez que eu tive que ir<br />

pra Barra, ela ficou quatro horas sem mamar. Eu cheguei ela já tava assim “nhom, nhom,<br />

nhom (vocalizações)”, você vê que ela tava com uma fome, sabe, nhom, nhom, eu acho que<br />

ela não tinha nem forças pra, pra chorar, enten<strong>de</strong>u. Foi a vez que eu fiquei mais tempo. Mas<br />

se eu fico tentando dar o mamar, mas com a Catarina isso não funciona bem. Com a Flávia,<br />

aqui se eu tivesse, ela já teria mamado umas três vezes, enten<strong>de</strong>u, aí me angustia mais ainda<br />

saber que a Catarina não ta mamando, você ta enten<strong>de</strong>ndo, que ela dá esse intervalo.<br />

I: Mas mesmo o pediatra falando que ta tudo normal?<br />

L: Não, não basta, não basta.

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