Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

hora comprei um abajur e daí fiquei com a luz. Então, isso eu fiz também diversas vezes,
entendeu. Então, por exemplo, mas tudo...engraçado, por mais que eu amamente eu fico
nessa paranóica, por exemplo: ela não fica quase no peito. Você vê, ela não quis o peito.
Você põe ela assim, ela fica: (vocalizações de choro) arram, arram. Não quer, entendeu.
I: Ela só quer pra amamentar?
L: É, agora a Flávia ficava o dia inteiro no peito. Se você deixasse, ela ficava
(vocalizações) nhom, nhom, nhom, aí dormia no peito, entendeu. Aí, acordava, aí daqui a
pouquinho, de novo: “nhom, nhom, nhom”. Ela podia até mamar menos que a Catarina,
entendeu. Não sei se é a hora que ela suga, ela suga muito, entendeu.
I: Mas, isto te preocupa?
L: Me preocupa, muito. A minha vontade, é como o pediatra fala: “- você não pode ficar
fazen...pensando assim, porque senão você vai fazendo da sua vida, balança, entendeu.
Você vai ta querendo tá aqui toda semana”, então eu evito de pensar nisso, mas toda hora
me vem assim, sabe. Eu evito ir lá nele pra pesar, entendeu, porque senão eu fico naquela
neura, entendeu, de pensar: “meu Deus”, e mesmo porque, como aconteceu isso com a
Flavinha que não saía do peso do terceiro pro quarto mês e quase não engordava, e dois
médicos, né, falaram que, até o próprio De Lamare (pediatra conhecido como o médico dos
bebês, escreveu o guia A Vida dos Bebês), você vê a quantidade de gramas que a criança
tem que ganhar a cada mês não sei o quê, então isso também me preocupa, me preocupa,
porque eu fico pensando: “- meu Deus, será que ela vai ganhar peso”, não sei quê,
entendeu. Ah, aí você fica cheio de preocupaçãozinha. Agora, deixei de ser tão radical com,
relação à Catarina, como eu era com a Flávia. Por exemplo, se fosse na época da Flávia e
eu desse esse NAN, nossa, eu acho que eu ia...sabe, chorar muito, muito, muito, porque aí
eu dava, claro, não gostava nenhum ouço de dá, me sentia um pouco mal de ta dando,
entendeu, até muito mal de ta dando. Mas hoje, por exemplo, se a Flavinha tiver que ir, eu
tiver que acompanhá-la novamente no médico, o médico demorar muito, tiver que ligar
aqui pra casa: “- ah, ela ta com fome”, aí vou dá NAN, entendeu, sem grandes culpas,
entendeu, por causa disso. Agora, por exemplo, um dia eu fui à Ipanema, numa confecção
de uma amiga minha, como era uma coisa assim, uma confecção é...pra ver umas roupas
que tinham saído novas, não sei o quê, aí isso, entendeu, o fato de eu dar NAN por essa...
I: Ah, o motivo...
L: O motivo. Já aí eu já fico arrasada, arrasada, entendeu: “- não, não vai dar, não, to indo.
Não, não devia ta aqui, o que quê eu to fazendo aqui (???)”, peguei um engarrafamento na
Lagoa, sabe, cheguei em casa chorando por que: “- Meu Deus, o que quê eu fui fazer lá,
entendeu, então eu não consigo ter esse relax, entendeu. Às vezes, as pessoas falam...
I: Você dá só em último caso?
L: É, exatamente. Mas engraçado, embora em último, né, mas eu tenho hoje um pouco essa
consciência, por exemplo: o leite materno é essencial, mas é...o NAN, eu digo NAN, né,
porque é o nome mais utilizado, né, o leite de vaca não é prejudicial como alguns pediatras
são radicais nesse sentido, entendeu. Eu acho assim, até uma amiga minha, quando eu tava
nessa confusão toda, eu até procurei uma pessoa pra ficar aqui em casa pra me ajudar,
entendeu, uma outra babá que ficasse comigo e com a Catarina, aí eu liguei pra uma amiga
minha e ela falou: “Luiza, eu tenho raiva, às vezes dos pediatras, entendeu, porque o quê
ela passou, ela falou, e tava, e eles dizendo: “- não, porque não pode dar NAN, porque é um
absurdo”, não sei o que, “porque você não pode, tem que...só leite materno”. E, ela falou:
“cara, eu sofrendo ali”, entendeu. Então, quer dizer, aí, eu acho que a pessoa não pode ser
radical a esse ponto, porque eu tenho diversas amigas minhas que não amamentaram no